Os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes) atuam basicamente como complementos verbais. Em relação aos verbos, esses pronomes podem assumir três posições:
PRÓCLISE: Quando o pronome estiver antes do verbo.
Exemplo: Não te darei um beijo.
ÊNCLISE: Quando o pronome estiver depois do verbo.
Exemplo: Dê-me um beijo.
MESÓCLISE: Quando o pronome estiver no meio no verbo.
Exemplo: Dar-te-ei um beijo.
A próclise é considerada obrigatória:
- Com palavras ou expressões de sentido negativo, como, não, nem, nunca, jamais, etc.
Exemplo: Não te falarei nada.
- Com advérbios:
Exemplo: Depois nos encontraremos.
- Com pronomes relativos:
Exemplo: É o carro que te recomendaram.
- Com pronomes indefinidos:
Exemplo: Alguém me disse isso.
- Com conjunções subordinativas:
Exemplo: Casei com ti, porque te amo.
Observação: Ressalte-se que o único obstáculo para um pronome oblíquo posicionar-se antes de verbo é se estiver iniciando oração. Preste atenção aos exemplos a seguir:
Exemplo: “E quando ele punha-se a contar histórias de castidade…” (Raul Pompéia).
- O pronome pessoal reto “ELE” não atrai o pronome oblíquo “se”, no entanto não há nada que obste esse posicionamento. Poderia também localizar-se antes do verbo, ou seja, também estaria correto “ele se punha”.
Exemplo: “Pernambuco! Um dia eu vi-te” (Castro Alves).
- Também a construção poderia se dar assim: “Um dia eu te vi”.
Exemplo: Alguém nos viu.
- Já neste exemplo, “ALGUÉM” é pronome indefinido, por conseguinte atrai o pronome oblíquo, não admitindo outro posicionamento para o pronome.
Outros exemplos:
Em se tratando de político, nunca poderemos confiar neles.
Quem te viu lá?
Não viajei, pois me cansei muito no dia anterior.
MESÓCLISE: A mesóclise é usada somente com o futuro do presente e com o futuro do pretérito do indicativo nos casos em que não há condição de se efetuar a próclise:
Exemplo: Falar-te-ei sobre isso amanhã.
ÊNCLISE: A ênclise é considerada obrigatória:
Com o imperativo afirmativo:
Exemplo: Marcão, dê-me o material.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS
AUXILIAR + INFINITIVO
(C) Vou-te falar… ________________________________________
(C) Vou te falar… ________________________________________
(C) Vou falar-te… ________________________________________
AUXILIAR + GERÚNDIO
(C) Vou-te falando… ______________________________________
(C) Vou te falando… ______________________________________
(C) Vou falando-te… ______________________________________
AUXILIAR + PARTICÍPIO
(C) Tenho-te falado… _____________________________________
(C) Tenho te falado… _____________________________________
(E) Tenho falado-te… _____________________________________
ATENÇÃO
(C) Não te vou falar… _____________________________________
(E) Não vou-te falar … ____________________________________
(C) Não vou te falar… _____________________________________
(C) Não vou falar-te… ____________________________________
Ou seja, a tradição gramatical orienta que, estando o último verbo no infinitivo ou gerúndio, o pronome tanto poderá aparecer antes como depois da locução.
Exemplo:
Não te posso ver daqui. / Não posso ver-te daqui.
Não te estou vendo. / Não estou vendo-te.
Observação: Neste caso, mesmo que haja termo atraindo o pronome oblíquo, a gramática não faz qualquer oposição ao uso do pronome após a locução verbal. Contudo, o uso do dia a dia gera uma situação peculiar. O único lugar onde não deveria estar o pronome é o que todos usam, ou seja, entre os verbos. Por isso, os gramáticos mais modernos já aceitam tal posicionamento com duas ressalvas:
- Se houver termo que atraia o pronome oblíquo, este não poderá estar ligado ao primeiro verbo com hífen.
Exemplos:
Não estou te vendo daqui. (certo)
Não estou-te vendo daqui. (errado)
Ele está nos vendo daqui. (certo)
Ele está-nos vendo daqui. (certo)
- Quando o último verbo se encontrar no particípio, o pronome deverá vir antes ou no meio da locução; porém nunca associado a ele por meio de ênclise.
Exemplo:
Ele nos tem visto diariamente. / Ele tem-nos visto diariamente.
- Nunca se pode começar uma oração por pronomes oblíquos.
Exemplo:
“Me come, me cospe, me beija…” (Raul Seixas).
Esta frase está errada, pois ela está se iniciando por pronome oblíquo. O certo seria: “Come-me, cospe-me, beija-me…”.
É óbvio que o autor aí fez valer a licença poética. Certamente o texto não teria o mesmo valor se o rigor gramatical fosse obedecido. Inclusive é interessante lembrar que até já há autores compreendendo que o uso do pronome oblíquo átono poderia iniciar orações, já que, no Brasil, o pronome átono não é tão átono. No entanto, o que vale ainda é a forma tradicional.
- O verbo no infinitivo admite a colocação de pronome átono ao seu fim, mesmo havendo termo que o atraia.
Exemplo:
Não encontrar-te amanhã será triste. (CORRETO)
Vale a pena relembrar o seguinte:
Como substituir corretamente os objetos pelos respectivos pronomes oblíquos átonos (POA)? Vamos a uma tabelinha:

Usaremos lo, la, los e las apenas para Verbos Transitivos Diretos terminados em –r, -s ou –z. Essas letras finais irão sumir, e os pronomes oblíquos átonos substituirão os respectivos objetos diretos, respeitando o gênero e o número. Veja:
Cantar a música. → Cantá-la.
Pus o caderno aqui. → Pu-lo aqui.
Fiz as canções. → Fi-las.
Usaremos no, na, nos e nas apenas para Verbos Transitivos Diretos terminados em – ~ (til) ou -m. Agora, nada sairá do verbo, apenas iremos acrescenta o pronome oblíquo átono, respeitando o gênero e o número. Veja:
Cantaram a música. → Cantaram-na.
Põe o livro aqui. → Põe-no aqui.
Quando não há essas terminações específicas, as substituições são feitas diretamente. Veja:
Cantei a música. → Cantei-a.
Faço materiais. → Faço-os.
Obedeci ao policial. → Obedeci-lhes.