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Revoltas Regenciais – Balaiada e Farroupilha

As revoltas regenciais da Balaiada e Farroupilha foram levantes significativos no Brasil do século XIX. A Balaiada, no Maranhão, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, representaram anseios regionais por autonomia e justiça, desafiando o governo central durante o Período Regencial (1835-1840), em um contexto de complexidade política e social.

BALAIADA (1838-1841 – MARANHÃO)

Nessa época, a economia agrária do Maranhão atravessava grave crise. Sua principal riqueza, o algodão, vinha enfrentando queda de preço e perda de compradores no exterior devido à forte concorrência dos Estados Unidos. Quem mais sofria as consequências dos problemas econômicos na região era a população pobre da província, uma multidão formada por vaqueiros, sertanejos e escravos. Havia também muita insatisfação entre os profissionais urbanos maranhenses que formavam o chamado grupo dos “bem te vis”, designação dada, na época, aos liberais exaltados na região.

Foram os “bem te vis” que incitaram a revolta contra os grandes fazendeiros da província, conseguindo a adesão dos sertanejos pobres. E assim teve início o levante, em dezembro de 1838. Apesar da pouca organização estratégica, os rebeldes balaios conquistaram a cidade de Caxias, uma das mais importantes do Maranhão, em julho de 1839.

Os principais líderes populares da Balaiada eram o balaieiro Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o escravo Cosme Bento e o vaqueiro Raimundo Gomes. Os objetivos desses líderes populares não eram muito claros. Por isso, o poder acabou sendo entregue aos “bem te vis”, que, nesse momento, assustados com o desenrolar dos acontecimentos, já estavam mais preocupados em conter a rebelião dos sertanejos do que em apoiá-la.

Para combater a revolta dos balaios, o governo imperial enviou tropas comandadas pelo então coronel Luís Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias). Nessa altura, os “bem te vis” já haviam abandonado os sertanejos e apoiavam abertamente as tropas governamentais. O combate foi árduo e violento. A perseguição só terminou em 1841, com a vitória das forças imperiais.

FARROUPILHA (1835-1845 – RIO GRANDE DO SUL /SANTA CATARINA)

Imagem comemorativa da Nova República Farroupilha, do artista Antonio Parreiras, de 1912-1914.

Reprodução/Museu Júlio de Castilhos, Porto Alegre, RS.

A economia da região sul tinha se destacado no século XVIII pela criação de animais, principalmente a de gado, atividade que serviu para o processo de expansão territorial brasileiro. 

No início do século XIX, os criadores de gado da região começaram a despontar com a produção de charque (carne seca), tornando-se homens poderosos. Essa situação começou a se modificar durante o período regencial, quando o governo começou a reduzir as tarifas dos produtos importados, o que acabou favorecendo a entrada de carne da Argentina e do Uruguai no território brasileiro.

A concorrência dos produtores latinos prejudicou os criadores de gado no sul do Brasil. Esses latifundiários acusavam o Império brasileiro de não proteger o mercado nacional da ameaça dos produtos estrangeiros.

Por isso, os produtores começaram a pressionar o governo regencial para que esse aumentasse as tarifas da carne estrangeira. Como não foram atendidos, os latifundiários começaram a se organizar para obter uma autonomia administrativa na região. Para isso, defendiam a separação da província do Rio Grande do Sul do restante do território brasileiro.

Sob a liderança de Bento Gonçalves, em 1835 os sulistas formaram um exército e tomaram a cidade de Porto Alegre, capital da província do Rio Grande do Sul. Tal ação deu início a Farroupilha, também chamada de Guerra dos Farrapos. 

No ano seguinte, os farrapos fundaram a República Rio-Grandense ou República de Piratini. O presidente nomeado foi Bento Gonçalves. As forças regenciais foram deslocadas para a região e, ainda no ano de 1836, conseguiram derrotar Bento Gonçalves, que foi capturado, preso e enviado para uma prisão na cidade de Salvador. Sua prisão não derrotou definitivamente a Farroupilha, que continuou atuando na região sul sob a liderança de David Canabarro.

No ano de 1837, com a eclosão da Sabinada, Bento Gonçalves conseguiu escapar da prisão e retornou para a região sul, onde reassumiu a presidência da recém formada República e retomou o comando de suas tropas. Nesse mesmo ano, ocorreu o ingresso de Giuseppe Garibaldi (futuro revolucionário da Unificação Italiana) ao movimento Farroupilha.

Em 1839 a Farroupilha vivenciou o seu melhor momento, pois ocorreu a conquista da província de Santa Catarina, onde foi fundada a República Catarinense, também conhecida como República Juliana.

Os farrapos controlavam neste momento duas províncias do império, ameaçando a integridade do território brasileiro. Porém, essa expansão territorial começou a prejudicar a economia dos domínios farrapos, pois havia uma dependência econômica do mercado interno brasileiro para a venda do charque sulista. Outro problema era a base estreita da revolta, não havia uma adesão popular ao movimento, ficando o mesmo restrito à elite latifundiária, o que reduzia sua capacidade militar.

Com a ascensão de D. Pedro II, o Império ofereceu anistia aos farroupilhas. O objetivo era pacificar o país. Entretanto, os revoltosos não aceitaram a proposta, decidindo insistir na luta.

Em 1842, o Império decidiu enviar o Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, para sufocar o movimento. O coronel foi orientado a não tomar medidas de extrema violência e, por isso, atuou isolando a região, com o objetivo de prejudicar ainda mais a venda de mercadorias sulistas. 

Prejudicados pela crise econômica e pelo fechamento das vias de comunicação, os líderes da farroupilha iniciaram, a partir de 1844, conversações para fechar um acordo de paz com o governo imperial. Como resultado das conversas, em 1845 foi assinado o Tratado de Paz de Poncho Verde – garantindo os seguintes benefícios aos farroupilhas:

  • proteção aos produtos sulistas (charque)
  • oficiais do Exército Farrapo (exceto generais) se tornariam oficiais do Exército Brasileiro
  • devolução das terras que foram confiscadas pelo governo.
  • anistia do imperador aos revoltosos.
  • direito à liberdade dos escravos fugitivos que lutaram ao lado dos farroupilhas.

A assinatura deste tratado marcou o fim da Guerra dos Farrapos, revolta que durou mais de dez anos – iniciada no período regencial, alcançou o Segundo Reinado.

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