A ELEIÇÃO DE DEODORO NO ANO DE 1891
Após a aprovação da Assembleia Constituinte, ficou estabelecido que seria realizado um pleito eleitoral de maneira indireta entre os integrantes do Congresso Nacional para a definição do primeiro presidente do Brasil. Porém, o quadro político era de disputa entre os militares positivistas e os republicanos históricos, o que gerou uma divisão entre as vertentes republicanas.

Charge de Pereira Neto, de 1891, apresentação a eleição do Marechal Deodoro para presidência e do Marechal Floriano para a vice-presidência. Charge publicada na revista Illustrada.
No dia 25 de fevereiro de 1891, com a pressão dos militares, o resultado do pleito eleitoral indireto deu a presidência para Marechal Deodoro da Fonseca, que venceu o candidato civil Presente de Morais. Na disputa pela vice-presidência houve também uma vitória dos militares, com a eleição de Marechal Floriano, que derrotou Eduardo Wandenkolk. Tal resultado desagradou de maneira severa os republicanos históricos, que decidiram se posicionar contra o governo de Deodoro.
OS SETE MESES DE DEODORO NO PODER
Com as tensões entre os militares e os membros da oligarquia civil, o Congresso era dominado pelos republicanos históricos (civis), que não concordavam com o posicionamento autoritário do presidente Deodoro. Por isso, Deodoro teve muita dificuldade em governar o Brasil e acabou ficando isolado no poder, não conseguindo aprovar nenhum projeto no seu primeiro ano de governo. A principal oposição vinha do partido Republicano Paulista (PRP), que já almejava um governo mais descentralizado e que pregasse os princípios do federalismo. Como o Estado de São Paulo era o principal exportador de café do país, os paulistas exerciam grande influência e poder no Congresso Nacional, causando inúmeras dificuldades ao governo de Marechal Deodoro.
Devido a essas dificuldades para governar e seu consequente isolamento do poder, o presidente Deodoro tomou uma atitude autoritária. No dia 03 de novembro de 1891 ele ordenou a dissolução do Congresso e proclamou o estado de sítio no Brasil, numa ação que buscou dar poderes emergenciais ao presidente e que suspendeu temporariamente as funções do legislativo e do judiciário. A iniciativa de Deodoro era clara, aumentar seu poder de forma que pudesse assim governar o país. E para isso, o presidente tentou também reformar alguns pontos da Constituição de 1891 para que esta lhe garantisse mais poder.
Entretanto um grupo de oposição, formada por civis e militares oriundos da Marinha, levaram ao fracasso da tentativa de Deodoro em ampliar os próprios poderes. Sob o comando do Contra-Almirante Custódio de Melo, a esquadra brasileira posicionada na baía de Guanabara ameaçou bombardear a cidade do Rio de Janeiro, capital federal, caso Deodoro não renunciasse ao poder. Com essa ameaça e para evitar um desgaste da República recém fundada, Deodoro decidiu deixar o poder, que foi assumido pelo vice-presidente eleito, o Marechal Floriano.