GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)
Em resposta as ações beligerantes do Brasil contra o Uruguai, as forças paraguaias aprisionaram o navio brasileiro Marquês de Olinda em novembro de 1864, que levava o presidente de província de Mato Grosso, o coronel Frederico Carneiro de Campos. No mês seguinte, em dezembro, as forças paraguaias invadiram o território brasileiro, atacando a província de Mato Grosso. Esses dois episódios são considerados os marcos que deram início a guerra do Paraguai.
Analisando as forças envolvidas, o Paraguai era o país com o maior exército no início da guerra, com cerca de 77 mil combatentes contra 18 mil do Brasil, 6 mil da Argentina e 3 mil do Uruguai, entretanto essa superioridade era ilusória, pois a população do Paraguai era de 400 mil habitantes, enquanto as do Brasil, Argentina e Uruguai totalizavam quase 27 milhões de habitantes.
Na visão dos países da Tríplice Aliança, o objetivo de Solano Lopez era de expandir as fronteiras paraguaias na América do Sul, construindo assim o projeto de um “Paraguai Maior”, com a intenção de anexar os territórios do Brasil, da Argentina e do Uruguai para alcançar o litoral Atlântico.
No ano de 1864, o Paraguai tinha iniciado sua ofensiva contra o Brasil, com a invasão de Mato Grosso, mas seus objetivos estavam ligados também na libertação do Uruguai, que estava sendo governado pelo general Venâncio Flores. Para Solano Lopez, era imprescindível derrubar o governo Colorado e colocar novamente Anastasio Aguirre no poder. Para isso, as tropas de Solano Lopez precisavam chegar a fronteira do Uruguai. O ditador paraguaio buscou negociar sua travessia com o governador de Entre-Rios e Corriente, o general Urquiza, antigo aliado brasileiro, entretanto o general argentino não se aliou as forças paraguaias. Mesmo não obtendo apoio dos argentinos, as forças de Solano Lopez invadiram, em abril de 1865, as províncias argentinas, aprisionando qualquer embarcação que fosse encontrada pelo caminho.
As ações beligerantes de Solano Lopez contra o território argentino e brasileiro, fez com que os antigos rivais se aproximassem, e juntamente do Uruguai, formalizaram uma aliança com a assinatura no dia 1º de maio de 1865 do tratado da Tríplice Aliança, com o objetivo de combater a ameaça paraguaia. Ficou definido no tratado que o comandante das forças aliadas seria o presidente da Argentina, Bartolomeu Mitre, que comandaria as forças da Tríplice Aliança quando os combates fossem travados em solo argentino ou paraguaio. Caso os confrontos ocorressem no Brasil ou no Uruguai, teriam respectivamente como chefes militares no caso brasileiro o general Luís Osório e no caso uruguaio o general Venâncio Flores. A força naval da Tríplice Aliança ficou sob o comando do almirante Tamandaré.
Mesmo com a assinatura do tratado, da Tríplice Aliança, o avanço paraguaio não cessava, e em julho de 1865 as forças paraguaias alcançam o Rio Grande do Sul, adentrando ainda mais o território brasileiro. Para frear o avanço terrestre do Paraguai, a força naval brasileira realizou um ataque no Rio Paraná, com o objetivo de isolar as comunicações paraguaias e evitar que o exército de Solano Lopez recebesse o material bélico que tinha sido encomendado em outros países. Em junho de 1865, sob o comando do Almirante Barroso, na Batalha do Riachuelo, a força naval brasileira conseguiu destruir a marinha paraguaia, garantindo o controle da bacia do Prata para a Tríplice Aliança e isolando o Paraguai. A partir deste momento, o Paraguai iria adotar uma guerra defensiva, sendo invadido pelas forças da Tríplice Aliança. Como consequência da batalha do Riachuelo, e sem condições de manter comunicação com o restante do exército paraguaio, as forças de Solano Lopez que haviam dominado a cidade de Uruguaiana no Rio Grande do Sul acabaram se rendendo para as forças brasileiras.
No ano seguinte, em abril de 1866, as forças da Tríplice Aliança dão início a invasão do território paraguaio. No mês de Maio, a batalha do Tuiuti foi uma importante vitória para as forças da Tríplice Aliança, quando as forças de Solano Lopez atacaram de surpresa o acampamento inimigo, mas são duramente derrotados principalmente por conta da organização defensiva das forças da Tríplice Aliança.
Animados com a vitória na batalha do Tuiuti, as forças da Tríplice Aliança avançaram sobre a Fortaleza Curupaiti, que ficava na entrada do território paraguaio, sendo uma importante posição defensiva para o exército de Solano Lopez. Porém, devido a falta de coordenação na realização do ataque e a falta de conhecimento da região, em setembro de 1866 as forças da Tríplice Aliança sofreram a sua pior derrota na Guerra do Paraguai, levando a morte de cerca de 4000 soldados. Essa derrota acabou levando à estagnação do avanço da Tríplice Aliança na Guerra, que só seria retomado no ano de 1868.
Com a derrota na Batalha de Curupaiti, o Uruguai se retirou da Tríplice Aliança, devido as perdas militares que acabou sofrendo na batalha. Para reorganização das tropas da Tríplice Aliança, o futuro Duque de Caxias é nomeado como comandante das forças brasileiras no ano de 1866, com a missão de unificar a tropa que estava dividida por discórdias e intrigas. Uma de suas medidas foi despachar o almirante Tamandaré de volta para o Brasil.
No ano de 1867, o comandante Bartolomeu Mitre teve que retornar para a Argentina, pois no seu país eclodiu uma Revolução Federalista que ameaçava o seu poder e na prática isso significava o fim da Tríplice Aliança, com o Brasil enfrentando sozinho às forças paraguaias. Em julho de 1868, as ações brasileiras são retomadas com a conquista da Fortaleza Humaitá, a última fortaleza paraguaia que impedia o avanço do exército Imperial sob o território paraguaio. Nos meses seguintes, as forças brasileiras, sob o comando do futuro Duque de Caxias, obtiveram diversas vitórias. Em dezembro de 1868, o comandante Caxias vai obter uma sequência impressionante de quatro vitórias contra o exército paraguaio (Itororó no dia 6, Avaí no dia 11 e Lomas Valentinas, nos dias 21 e 27) e por isso tal fase da campanha ficou conhecida como a “Dezembrada”.

Acima, representação da Batalha do Avaí. Pintura de Pedro Américo (1872-1877).
Reprodução/Museu Nacional de Belas Artes – Iphan/Minc, Rio de Janeiro, RJ
Em janeiro de 1869, depois de uma sequência grandiosa de vitórias, o exército brasileiro ocupou a capital do Paraguai, a cidade de Assunção. A entrada do exército brasileiro na cidade foi liderada pelo genro de D. Pedro II, o conde D’Eu, já que o comandante Caxias retornou para o Brasil.
Solano Lopez fugiu da capital com cerca de 1000 homens, antes da chegada do exército brasileiro, o que levou a guerra para a região montanhosa do Paraguai. A campanha da Cordilheira prolongou a guerra por mais um ano, com as forças de Solano Lopez sendo perseguidas pelo exército brasileiro. No dia 1° de Março de 1870, o cerco brasileiro as forças paraguaias na região de Cerro-Corá acabou levando a morte do ditador Solano Lopez, que foi golpeado pelo cabo Francisco Lacerda, vulgo Chico Diabo. Com a morte de Solano Lopez, a Guerra do Paraguai chegou ao fim.
CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA
Com o fim da guerra, os envolvidos no conflito precisavam resolver as pendências diplomáticas. No caso de Brasil e Paraguai, novas fronteiras foram definidas entre os dois países. Abaixo encontra-se uma lista de consequências para os dois países:
Do lado Paraguaio:
- A população paraguaia teve perda de 60 a 69% da população (tinha 450 mil habitantes na época), demonstrando a violência da guerra;
- A economia paraguaia foi totalmente destruída, o esforço de guerra paraguaio levou a economia ao limite, acabando com toda a capacidade industrial o país;
- O país perdeu territórios para Argentina e Brasil, reduzindo o tamanho territorial do Paraguai.
- O país foi obrigado a pagar uma indenização aos países vencedores.
O Paraguai não conseguiu se recuperar do conflito, sendo obrigado a pagar uma indenização aos países vencedores.
No Brasil:
- Aumento da dívida externa brasileira, por conta dos gastos com a guerra, o que levou a um aumento da dependência cada vez maior dos empréstimos ingleses.
- Ocorreu um fortalecimento do Exército como instituição, que passou a desempenhar papel político, demonstrando simpatia pela causa republicana e posicionando-se contra a escravidão no Brasil.
- Crescimento nas escolas militares (locais de formação de oficiais) da mentalidade positivista, liderada pelo Tenente-Coronel Benjamin Constant, contrário e que era contrário aos interesses monárquicos.
As consequências da guerra do Paraguai na realidade brasileira, acabaram causando uma crise do Segundo Reinado. O império começou a ser questionado pelos militares e pelos produtores de café do Oeste Paulista, que viam a estrutura monárquica como responsável pelo atraso brasileiro frente as outras nações.