Normalmente, meu aluno, ouvimos falar – e também falamos – sobre a importância da leitura na nossa vida, sobre a importância de cultivar o hábito de leitura entre crianças, adolescentes e jovens, sobre o papel da escola na formação de leitores ávidos, com o que concordamos prontamente.
Entretanto, segundo a autora Ingedore Villaça Koch, em meio a essa discussão, alguns apontamentos são feitos. São eles: O que é ler? Para que ler? Como ler? Sem dúvida alguma, essas perguntas podem ser respondidas de diversas formas, as quais revelarão situações e finalidades distintas.
Ao dar ênfase ao texto como um produto lógico do pensamento do autor, cabe ao leitor (examinador) senão “captar” essa representação mental, juntamente com as intenções do redator. Por essa razão, meu aluno, as nossas intenções devem ser claras, objetivas e diretas para facilitar a captação do nosso leitor.
Dessa forma, a leitura é entendida como atividade de captação das ideias do autor. O foco, nesse caso, está voltado para o autor e suas intenções, bastando ao leitor captar essas ideias.
Por outro lado, o foco pode ser dado ao texto, e não mais no autor. Nessa concepção, o texto passa a ser visto como um simples produto a ser decodificado, bastando, para isso, o leitor conhecer o código, ou seja, a língua utilizada.
A leitura, nesse caso, é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, isto é, o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do texto. Se, na concepção anterior, ao leitor cabia o reconhecimento das intenções do autor, nesta concepção, cabe-lhe o reconhecimento do código e da estrutura utilizados no texto.
É evidente que o leitor também tem seu papel fundamental na construção de sentido. É necessário haver uma interação entre autor, texto e leitor. O leitor precisa captar a intenção do autor, conhecer o código utilizado pelo autor, mas também precisa se valer do seu conhecimento vivencial ou enciclopédico, isto é, do seu conhecimento de mundo que diz respeito às suas experiências adquiridas ao longo de sua vida.
Tecnicamente, a palavra texto é originada do latim textum e significa entrelaçamento, ou seja, um texto é um entrelaçamento de ideias, por isso, um texto escrito não é apenas uma enumeração de frases e de orações e sim um conjunto de informações conectadas entre si que estabelecem a coesão e a coerência textual.
Segundo FÁVERO (1997), “O texto consiste em qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão”. Dessa forma, podemos considerar que o texto é qualquer forma de comunicação oral ou escrita, verbal ou não-verbal sempre direcionado ao leitor. Dessa forma, músicas, bulas de remédio, faixas, pinturas, charges, gestos recitais e shows são exemplos de formas diferentes de texto.
Texto verbal é aquele expresso por palavras, e o texto não-verbal é aquele expresso por imagens. Quando há uma mistura, teremos um texto misto, ou seja, verbal e não-verbal simultaneamente. É bom deixar isso bem claro, meu aluno, para que não venhamos a achar que texto é apenas aquilo que poder lido. Como já vimos, texto é tudo aquilo que pode ser analisado.
O TEXTO
Vejamos alguns exemplos de texto não verbal.
Texto 1

Texto 2

Texto 3

Repare, meu aluno, que, mesmo não havendo nada escrito, todas as imagens transmitem uma informação, ou seja, elas comunicam.
Os textos acima não apresentam frases ou orações. Eles são constituídos apenas de imagens e, ainda assim, é possível entender a mensagem de cada um deles. Analisando as figuras, verificamos que o texto 1 apresenta uma placa de sinalização utilizada, em geral, em ambientes fechados afim de indicar que é proibido fumar. Já o texto 2 indica que a justiça não é tão cega como deveria ser. O texto 3 evidencia uma crítica ao Facebook.
Texto 4
Calvim em: Pisei no cocô

Repare, meu aluno, que o texto acima é conhecido teoricamente como texto misto por ser composto simultaneamente por imagens e escrita. Ambos os recursos são fundamentais para o entendimento do significado. Observe que no primeiro quadrinho o fato de Calvim gritar pela mãe é composto por um detalhe primordial que não podemos deixar de observar: ele está com os pés do lado de fora da casa. No segundo e terceiro quadrinhos, verificamos que Calvim reflete e obedece à ordem da mãe. Por fim, notamos que só é possível depreender o significado de todo o texto somando a parte escrita da fala de Calvim com a imagem de desespero da mãe.