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Redação: Gramática

Não é apenas a falta de coesão e coerência de ideias que compromete a qualidade de uma redação. Problemas gramaticais, além de agravar esse quadro, denunciam a falta de conhecimento de quem escreve em relação à própria, atrapalhando a comunicação e dificultando, para o autor, o exercício da escrita. A falta do domínio gramatical é um dos principais entraves na hora de escrever. No entanto, o objetivo deste módulo não é ensinar gramática, mas mostrar alguns aspectos relevante para o ato da escrita.

ORTOGRAFIA – CASOS ESPECIAIS

ABAIXO / A BAIXO

Abaixo: Interjeição.

Exemplo: Abaixo o presidente!

Advérbio (embaixo, em categoria inferior, depois).

Exemplo: Abaixo de Deus, as mães.

A baixo: contrário a “de alto”.

Exemplo: Rasgou os lençóis de alto a baixo.

ACERCA DE / CERCA DE / A CERCA DE / HÁ CERCA DE

Acerca de: a respeito de.

Exemplo: Falamos acerca do filme.

Cerca de: durante, aproximadamente. 

Exemplo: Falamos cerca de dez minutos.

A cerca de: ideia de distância.

Exemplo: Fiquei a cerca de 15 metros da porta.

Há cerca de: existe aproximadamente, aproximadamente no passado.

Exemplo: Há cerca de cem pessoas no estádio.

ACIMA / A CIMA

Acima: anterior, em grau de categoria superior. 

Exemplo: De dezoito anos acima.

Em graduação superior.

Exemplo: Muito acima do general.

De preferência, em lugar superior, em cima.

Exemplo: Buscamos, acima de tudo, a paz.

De cima (interjeição).

Exemplo: Acima coração!

A cima: contrário a “de baixo”.

Exemplo: Costurou a saia de baixo a cima.

AFIM / A FIM DE

Afim: semelhança, parentesco, afinidade.

Exemplo: São duas mães afins.

A fim de: com o propósito de, com o objetivo de, com a finalidade de.

Exemplo: Estudou a fim de passar no concurso.

AFORA / A FORA

Afora: o mesmo que “fora”, à exceção de, exceto.

Exemplo: Todos farão o concurso, afora eles.

A fora: com a ideia de “para fora”.

Exemplo: Pela rua a fora.

AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A

Ao encontro de: a favor de, encontrar-se, concordar.

Exemplo: Nós não discutimos, visto que minhas ideias foram ao encontro das dele.

De encontro a

Exemplo: Meu carro foi de encontro a um poste.

APARTE / À PARTE

Aparte: verbo = separar.

Exemplo: Não aparte as provas.

Substantivo: interrupção.

Exemplo: O padre recebeu um aparte.

À parte: locução adverbial = de lado.

Exemplo: O resultado será mostrado à parte.

CONQUANTO / COM QUANTO

Conquanto: embora; mesmo que.

Exemplo: Conquanto João estivesse cansado, ainda saiu de casa.

Com quanto: com que quantitativo.

Exemplo: Com quanto dinheiro eles saíram de casa?

CONTUDO / COM TUDO

Contudo: entretanto, porém.

Exemplo: Maria estava cansada, contudo foi ao teatro.

Com tudo: preposição + pronome = total.

Exemplo: Ela saiu de casa com tudo.

DANTES / DE ANTES

Dantes: advérbio = antigamente.

Exemplo: Dantes se comia melhor.

De antes: preposição + advérbio = em tempo anterior.

Exemplo: Os problemas já vêm de antes de você chegar.

DEBAIXO / DE BAIXO

Debaixo: em situação inferior.

Exemplo: Tomara que não caia quando alguém estiver debaixo.

Na dependência, em decadência.

Exemplo: Ficamos debaixo e tivemos que nos render.

Sob

Exemplo: Jaz agora debaixo da terra.

No tempo de; por ocasião de.

Exemplo: O sucesso dessas músicas caiu debaixo desse cantor.

Em situação inferior a.

Exemplo: Escondam-se debaixo da escada.

De baixo: a parte inferior.

Exemplo: Comprei roupa de baixo.

Contrário a “a cima”.

Exemplo: Examinamos de baixo a cima.

DEMAIS / DE MAIS

Demais: pronome indefinido = outros.

Exemplo: Chame os demais candidatos.

Advérbio de intensidade = excessivamente. 

Exemplo: A mulher fala demais.

Palavra continuativa = além disso.

Exemplo: Demais quem trabalha aqui é ela.

De mais: locução adjetiva = muito.

Exemplo: Comi doce de mais.

DESAPERCEBIDO / DESPERCEBIDO

Desapercebido: desavisado.

Exemplo: Eu fui ao local errado por estar desapercebido.

Despercebido: sem ser notado, sem perceber a presença. 

Exemplo: Passei despercebido pela frente do prédio.

DETRÁS / DE TRÁS

Detrás: pela retaguarda.

Exemplo: Um atleta não pode cometer uma falta por detrás.

De trás: atrás.

Exemplo: Esse som vem lá de trás.

DEVAGAR / DE VAGAR

Devagar: lentamente; sem pressa.

Exemplo: Devagar se vai ao longe.

De vagar: de descanso.

Exemplo: Escrevo nos momentos de vagar.

EM VEZ DE / AO INVÉS DE 

Em vez de: em lugar de.

Exemplo: Em vez de fazer Direito, fez Letras.

Ao invés de: ao contrário de.

Exemplo: Ao invés de descansar, pôs-se a trabalhar a madrugada inteira.

ENFIM / EM FIM

Enfim: afinal, finalmente.

Exemplo: Enfim todos chegaram.

Em fim: no fim.

Exemplo: Eles estão em fim de carreira.

ENQUANTO / EM QUANTO

Enquanto: conjunção = ao mesmo tempo que, em concomitância com.

Exemplo: “Enquanto jantava, falei em voz baixa a Casimiro Lopes.“ (Graciliano Ramos)

Em quanto: preposição + pronome = qual, por quanto.

Exemplo: Em quanto tempo se faz a viagem de Rio a São Pedro? 

MALGRADO / MAU GRADO

Malgrado: embora, ainda que (se não estiver seguido de preposição).

Exemplo: Malgrado João quase não tenha estudado, fez excelente teste.

Mau grado: contra a vontade.

Exemplo: Paulo cuida do filho de mau grado.

Apesar de (se estiver seguido de preposição)

Exemplo: Mau grado ao tempo, sairei.

NENHUM / NEM UM

Nenhum: ninguém, nada.

Exemplo: Nenhum tem razão naquele discurso.

Nem um: um só que fosse.

Exemplo: Não bebemos nem uma cerveja.

PORVENTURA / POR VENTURA

Porventura: por acaso.

Exemplo: Se porventura não chover, irei à praia.

Por ventura: por sorte.

Exemplo: Como não estudei, só passarei por ventura.

PORQUANTO / POR QUANTO

Porquanto: conjunção = visto que.

Exemplo: Apresso-me, porquanto o tempo voa.

Por quanto: designa quantidade, preço.

Exemplo: Por quanto venderam o carro?

PORTANTO / POR TANTO

Portanto: então, logo.

Exemplo: Eles se preparam à beça para o concurso, portanto passarão.

Por tanto: por muita quantidade.

Exemplo: “Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.” (Milton Nascimento).

CONCORDÂNCIA

Haver

No sentido de EXISTIR ou de TEMPO DECORRIDO, é impessoal, portanto só poderá ocorrer na terceira pessoa do singular.

Exemplo:

 muitos alunos em sala. Deve haver soluções. Ele já chegou há muitos dias. 

O verbo EXISTIR, mesmo sendo sinônimo de HAVER, é pessoal, contendo sujeito sendo obrigado a concordar com ele. 

Exemplo:

Existem problemas a serem resolvidos. Devem existir soluções. Hão de existir soluções.

É importante relembrar que o termo “soluções” na frase “Deve haver soluções” funciona como objeto direto; já na frase “Devem existir soluções”, funciona como sujeito.

Fazer

No sentido de TEMPO DECORRIDO ou METEOROLÓGICO, é impessoal, só podendo ocorrer na terceira pessoa do singular. 

Exemplo:

Faz vinte anos que não o vejo. Vai fazer quatro semanas que iniciamos o trabalho. Tudo nos leva a crer que nos próximos anos fará invernos muito frios.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Nunca se pode começar uma oração por pronomes oblíquos.

“Me come, me cospe, me beija…” (Raul Seixas). (Errado)

Esta frase está errada, de acordo com o rigor gramatical, pois ela está se iniciando por pronome oblíquo. O certo seria:

“Come-me, cospe-me, beija-me…”.

Os pronomes oblíquos são atraídos por conjunções subordinativas, advérbios, pronomes interrogativos, relativos e indefinidos, expressões exclamativas (Deus os ajude!) e preposição EM com verbo no gerúndio.

Ela sempre ajudou-te. (Errado)

Esta frase está errada, pois o pronome oblíquo deveria vir antes do verbo uma vez que o advérbio SEMPRE o está atraindo.

Alguém nos viu.

Já neste exemplo, “ALGUÉM” é pronome indefinido, por conseguinte atrai o pronome oblíquo, não admitindo outro posicionamento para o pronome.

Outros exemplos:

Em se tratando de político, nunca poderemos confiar neles.

Quem te viu lá?

Não viajei, pois me cansei muito no dia anterior.

CRASE

Se substituirmos o substantivo feminino por um substantivo masculino e o termo que preceder este substantivo alterar-se de A para AO , fica clara a ocorrência da crase.

Exemplos:

Entregamos a folha a diretora.

Entregamos o material ao diretor.

Percebemos que antes do primeiro substantivo (folha-material) só há o artigo, pois passamos de A para O, então não devendo haver crase neste caso. No entanto, antes do segundo substantivo (diretora-diretor), o termo passou de A para AO, o que caracteriza a existência tanto da preposição quanto do artigo, consequentemente formalizando a crase. Portanto, a frase correta seria:

“Entregamos a carta à professora”.

Pode haver também a utilização do acento grave, quando se junta a preposição A aos pronomes demonstrativos AQUILO, AQUELE, AQUELES, AQUELA e AQUELAS.

A dica para discernir se há crase ou não antes destes pronomes demonstrativos é substituí-los por outros pronomes demonstrativos (isto, este, estes, esta, estas, isso, esse, esses, essa, essas). Caso apareça a preposição A, revela-se a necessidade da crase; caso contrário, a crase não existirá.

Exemplo:

Eu me referi aquilo. (Eu me referi a isso)

Na substituição, apareceu a preposição, Logo, há a crase. O certo é: “Eu me referi àquilo”.

Vendi aqueles biscoitos. (Vendi estes biscoitos)

Na substituição não apareceu a preposição. Então não há a crase e a frase já está correta.

Aquele lugar eu não vou. (A este lugar não vou) 

Na substituição apareceu a preposição. Portanto, há a crase. O certo é: “Àquele lugar eu não vou”.

Aquele livro eu não li. (Este livro eu não li)

Na substituição não apareceu a preposição, portanto não há a crase e a frase já está correta.

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