AMBIGUIDADE
A ambiguidade pode ser polissêmica ou estrutural. No primeiro caso, deve-se a possibilidade de os vocábulos apresentarem mais de um significado. No segundo caso, ela se prende a um problema de construção. Em se tratando de duplo sentido polissêmico, ele pode ser evitado por meio do esclarecimento maior do contexto ou pela substituição do vocábulo polissêmico por outro de significado equivalente. Vejamos:
Deixei a lima para você em cima da mesa! (Ferramenta ou fruta?)
Guardei as ferramentas na caixa, porém deixei a lima para você em cima da mesa.
Repare que com um contexto mais bem apurado é fácil deduzir que a palavra lima só pode estar se referindo à ferramenta.
No caso da ambiguidade estrutural, as causas são muitas e as possibilidades de eliminá-la variam conforme o problema que a origina.
CONFUSÃO ENTRE AGENTE E PACIENTE
A desestruturação da empresa prejudicou a obra. (A empresa se desestruturou ou foi desestruturada?)
MAU USO DA COORDENAÇÃO
Carlos e Patrícia vão desquitar-se. (Carlos vai desquitar-se de Patrícia ou cada um deles vai desquitar-se de seu cônjuge?)
EMPREGO EQUIVOCADO DE PRONOMES POSSESSIVOS
Carlos encontrou Patrícia e disse que sua prima estava doente. (Quem estava doente? A prima de Carlos ou a prima de Patrícia?)
EMPREGO EQUIVOCADO DE PRONOMES RELATIVOS
Conheci o professor e a coordenadora de que gosto. (Gosta de quem? Do professor ou da coordenadora?
POSICIONAMENTO EQUIVOCADO DE VOCÁBULOS
O aluno enjoado saiu da sala. (O aluno é enjoado ou estava enjoado?)
CONFUSÃO ENTRE PRONOME RELATIVO E CONJUNÇÃO INTEGRANTE
O aluno falou com o diretor que mora perto dali. (O aluno mora perto dali ou o diretor mora perto dali?)
CONFUSÃO ENTRE COMPLEMENTOS
O pai quer o casamento logo, mas a filha não quer. (A filha não quer o casamento breve, ou não quer se casar?)
EMPREGO EQUIVOCADO DE FORMAS NOMINAIS
O advogado encontrou o réu entrando na audiência. (Quem estava entrando na audiência? O réu ou o advogado?)
Repare que todas essas falhas irão acarretar perda de pontos em uma redação. Nos exercícios sugeridos, iremos solucionar essas ambiguidades.
AFIRMAÇÕES SEM SENTIDO
São aquelas afirmações incoerentes, ilógicas, inadequadas ao tema, que ficam perdidas no texto e comprometem a compreensão da mensagem. Vejamos alguns casos, meu aluno.
“Um dos grandes problemas do Brasil, seu povo votar certo. Quando um famoso jogador disse que o povo não sabia votar, foi criticado, mas o povo sabe votar sim, só que vota mal” (Redação de vestibular)
Incoerência total. O candidato, provavelmente, quis dizer que: “Um dos grandes problemas do Brasil é seu povo não saber votar corretamente.” Além disso, se o povo sabe votar, como vota sempre mal?
AUSÊNCIA DE TERMOS
Palavras, expressões e até períodos inteiros omitidos no texto. Acontece muito quando da transcrição do rascunho para o texto definitivo sema devida atenção ou quando o pensamento vai mais ligeiro que a mão. Vejamos:
“Sendo assim, temos que lutar contra a corrupção que impera em nosso país, pois não podemos carregar para sempre a fama de sermos um dos povos mais corruptos do mundo.” (Redação de vestibular)
O texto foi iniciado com um conector conclusivo, por incrível que pareça. O autor organizou o texto na cabeça, mas, na hora de redigir, redigiu apenas a parte da conclusão.
“Todos os macacos são considerados primatas bem inteligentes com uma percepção muito avançada. Os alouattas, portanto, possuem um sistema de comunicação sonora com vocalizações bem peculiares que podem ser ouvidas a quilômetros de distância.”
Se o leitor (examinador) não souber que os alouattas são macacos, pode achar que o texto ficou incoerente ou que não houve uma transição adequada entre essas ideias pouco conectadas. Dessa forma, imaginando que o examinador não seja capaz de inferir sozinho, é melhor explicitá-lo no texto.
CLICHÊS, CHAVÕES E FRASES FEITAS
São frases e expressões tradicionais, repetitivas, que surgem fatalmente nos textos poucos criativos e pouco originais. Vejamos alguns exemplos:
“Devemos nos importar mais com o próximo para um mundo melhor”.
Cuidado para não propor sugestões vagas, imprecisas e utópicas como a mencionada acima.
“Sabemos que a situação do Brasil é ruim, mas enquanto há vida, há esperança.”
Nada de relevante nesse clichê, ou seja, não acrescentou em nada na redação.
IDEIAS FRAGMENTADAS
Normalmente esse equívoco decorre de pontuação malfeita. O autor usa ponto onde deveria usar vírgula ou ponto e vírgula, deixando períodos sem verbos e sujeitos de um período totalmente perdidos em outro. Vejamos:
“Muitas pessoas têm dificuldades para escrever. Não escrever bem. Mas escrever qualquer coisa. Seja um bilhete, uma carta. Um e-mail. As pessoas até pensam bem. Mas na hora de colocar as ideias no papel é o caos.”
Com essa pontuação, fica difícil de entender o texto, entender aquilo que o autor quis dizer.
GERUNDISMO OU ENDORREIA
É um equívoco que nasceu há muito tempo por influência das empresas de atendimento telefônico. Trata-se de uma estranha locução verbal composta normalmente de três verbos: um no futuro (vou), um no infinitivo (estar) e outro no gerúndio (falando). A soma dos três cria um tempo verbal fantasma, sem sentido, que passa, acima de tudo, uma ideia de continuidade da ação como se ela se estendesse ao longo do tempo, criando a sensação de que nada será executado. Vejamos:
“Vou estar redigindo alguns assuntos pertinentes ao desemprego no país.
O ideal seria “Vou redigir” ou “Redigirei”, mas não “Vou estar redigindo”.
