Com a Revolução Industrial inglesa denominada de clássica, favoreceu a concentração da população nas cidades, isto é, se intensificou a concentração urbana. A necessidade de mão-deobra nesse novo modelo produtivo e a crescente industrialização desenvolveu o processo de urbanização. Inferimos que enquanto a atividade agrícola ocupava grandes extensões de terras em todo o mundo, a atividade industrial desde o seu início se concentrou em algumas regiões do espaço geográfico mundial e posteriormente nos países menos desenvolvidos, como o Brasil.

Fonte: Cena do filme Tempos modernos de Charles Chaplin.
A concentração geográfica das diversas indústrias está relacionada diretamente com a atração entre elas, pois se instalam em regiões que oferecem condições favoráveis, os fatores locacionais, favorecendo a denominada concentração industrial ou economia de aglomeração. Atualmente em todas as regiões do mundo capitalista está ocorrendo um processo gradual de desconcentração industrial ou deseconomia de aglomeração, além da substituição de algumas matérias primas e matrizes energéticas.
O processo de industrialização se desenvolveu de maneira extremamente desigual pelo mundo, pois é um processo que prioriza lugares que oferecem condições favoráveis a reprodução de produtos, denominados de fatores locacionais, que deram origem posteriormente às grandes metrópoles e mais recentemente às megalópoles. Alguns fatores são importantes para a instalação de uma determinada indústria em uma região, como, por exemplo; matérias-primas, disponibilidade de fontes de energias, mão-deobra qualificada e barata, infraestrutura, logística de transportes, armazenagem, saneamento básico, saneamento ambiental, rede de telecomunicações, centros de pesquisas, incentivos fiscais, leis ambientais menos rígidas, formação dos sindicatos não organizados, abundância de água, proximidade com o mercado consumidor, proximidade dos portos, esses fatores dependem do tipo de indústria e/ou montadora, no processo produtivo.
PROCESSOS HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO INDUSTRIAL MUNDIAL
Uma determinada estrutura econômica, social e política não aparecem de uma hora para outra. Para que surja uma nova estrutura produtiva é preciso que a velha tenha deixado de corresponder às necessidades e interesses das pessoas ou das classes sociais que a constituem. Há sempre em curso um processo de formação de um novo sistema e declínio do anterior, como o modo de produção feudal que começou a declinar, na transição para a idade moderna e foi sendo substituído gradativamente pelo pré-capitalismo, em seguida, a transição para o capitalismo comercial, posteriormente pelo capitalismo industrial, financeiro e atualmente o monopolista, predominando os monopólios e oligopólios.
Essa transição, durante a Idade Moderna, gerou elementos caracterizadores de novas relações sociais de produção capitalista, que promoveu uma acumulação primitiva de capital e liberação de mão de obra. Esse período foi denominado de mercantilista.

Fonte: The Economist. Londres, v. 350, n.8107, 20 fev. 1999. Survey. Adaptado de MAGNOLI, Demétrio & ARAÚJO, Regina. “Projeto de ensino de geografia: natureza, tecnologia, sociedades, geografia geral.” São Paulo: Moderna, 2000 – As Ondas do Economista Joseph Schumpeter.
Através da expansão marítima e comercial dos séculos XIV, XIV e XVI, parte do continente europeu expandiu o seu comércio para uma escala mundial, subordinando outras regiões aos seus interesses mercantis, dando origem ao processo inicial de europeização do mundo. Esse novo processo produtivo predominou até aproximadamente meados do século XVIII e início do XIX basicamente no continente europeu. Posteriormente se utilizou o termo globalização da economia mundial, que se intensificou mundialmente após a segunda guerra mundial, com o desenvolvimento científico e tecnológico, relacionada com o período da denominada guerra fria, no mundo bipolar, marcada pela corrida armamentista e aeroespacial.
O comércio europeu tinha se ampliado enormemente, exigindo a criação de novos produtos e mercadorias. A revolução industrial inglesa, longe de se apresentar como um fenômeno técnico e mecânico significaram uma transformação na ciência, com máquinas, produção, ideias e novos valores sociais modernos. Esse novo modo de produção foi resultante do desenvolvimento das forças produtivas do modo de produção capitalista e do princípio da especialização na divisão internacional do trabalho e da produção, consequentemente acentuou a divisão social do trabalho e da produção.
Foi no Reino Unido que ocorreu a primeira revolução industrial clássica tendo como fatores motivadores a acumulação de grandes riquezas, capitais, disponibilidade de matérias-primas, fontes de energias, avanços tecnológicos para época etc. Os camponeses foram gradativamente migrando, devido às condições no campo, deslocando-se para as cidades, sendo absorvidos principalmente na indústria têxtil, iniciando a formação do que seria naquela época o proletariado urbano.
A sociedade europeia, e posteriormente mundial, deixou de ser fundamentalmente rural para se transformar em urbana e industrial. Com o desenvolvimento urbano, ocorreu o crescimento da população europeia, favorecendo a redução das taxas de mortalidade, principalmente a infantil, com as elevadas taxas de natalidade e o aumento da expectativa de vida.
Houve uma íntima correlação entre a localização das primeiras indústrias britânicas com as jazidas de carvão, assim como os portos, localizadas no maior centro industrial do Reino Unido, na região metropolitana de Londres. Com isso, algumas mudanças passariam a acontecer, tais como a longa jornada de trabalho que o operário deveria enfrentar passaria a ter como características básicas a uniformidade, a regularidade e a continuidade na produção. Assim como o processo produtivo passaria a requerer a divisão social do trabalho, ferramentas especializadas, sistema de transportes e uma nova relação de comercializar os produtos, para a época.

Fonte: Atlas Histórico escolar – Fiandeira mecânica na Inglaterra, em 1764 – James Hargreaves
A revolução industrial inglesa clássica, longe de se apresentar como um fenômeno técnico significou uma transformação na ciência, nas ideias e nos valores da sociedade europeia da época. Essa nova relação de produção é um processo histórico do desenvolvimento das forças produtivas e do princípio da especialização na divisão do trabalho. Ocorrendo a acumulação de grandes riquezas e capitais, disponibilidade de matéria-prima, energia e avanços técnicos.
No artesanato, o trabalho manual feito pelo artesão, nesse caso, um único artesão ou com os seus familiares.
Na manufatura, assim como no artesanato, predomina o trabalho manual. Embora ocorra o emprego de máquinas fiandeiras simples no processo produtivo, diferencia-se do artesanato, pois já começa a ocorrer divisão nas etapas de produção e o início do trabalho assalariado.
A maquinofatura, que tem início na segunda metade do século XVIII, através da invenção da máquina a vapor, desenvolvida entre 1765 pelo britânico James Watt, impulsiona o processo de industrialização e marca o surgimento da indústria moderna.
Além do desenvolvimento da máquina a vapor utilizando a lenha e posteriormente o carvão mineral em 1765, outros processos importantes modificou radicalmente a sociedade da época e a produção, alterando profundamente o cotidiano das cidades e da produção industrial como:
- O motor a vapor por Thomas Newcomem em 1698;
- A máquina a vapor por James Watt em 1765;
- O tear Mecânico por Edmund Cartright em 1780;
- A embarcação a vapor por Robert Fulton em 1803;
- A locomotiva a vapor por George Stephenson em 1825.

Fonte: Produção de rádios na Inglaterra.
O crescimento industrial e o desenvolvimento econômico implicam necessariamente o aparecimento ou incremento de novas atividades industriais, isso gera uma cadeia de unidades produtivas interligadas, impondo um determinado processo de produção espacial.
A localização industrial evolui ao longo do processo histórico, exigindo novas formas de pensar o processo produtivo. A introdução de novas e modernas tecnologias na produção industrial, com novas máquinas e equipamentos, além da utilização da robótica, a automação, favoreceram o desemprego de uma parcela da população com mão de obra menos qualificada. Com o crescimento da indústria se expandem cada vez mais as aglomerações urbanas. Para entender o processo de industrialização mundial temos que dividir em três fases bem distintas:
- A primeira revolução industrial clássica, no início do século XVIII que ocorreu primeiramente no Reino Unido, depois se expandindo pela Europa;
- A segunda revolução industrial ou modelo fordista, no ano de 1909 que ocorreu primeiramente nos Estados Unidos, depois se expandindo para o mundo, inclusive os países menos desenvolvidos,
- A terceira revolução industrial, modelo Toyotista ou revolução técnico-científico-informacional, no ano de 1960 que ocorreu primeiramente no Japão, depois se expandindo para todos os países do mundo.