ECONOMIA DO 2º REINADO
O CAFÉ
O Segundo Reinado manteve a estrutura agrária da realidade econômica brasileira de outrora, priorizando a exportação de insumos agrícolas, dando, portanto, continuidade à tradição das elites latifundiárias.
Entretanto, o Segundo Reinado foi um período de crescimento econômico, amparado, principalmente, no produto mais importante da balança comercial brasileira da época: o café.
Tomar café havia se tornado um costume na realidade europeia do século XIX, pois dentro da lógica industrial, o café era uma bebida sinônimo de produtividade. Assim, o café brasileira contava com um amplo mercado consumidor na Europa.
Para entender a trajetória do plantio do café durante o Segundo Reinado, é importante levar em consideração que duas regiões do país se destacaram:
VALE DO PARAÍBA (1830–1870)
O primeiro ciclo do café esteve ligado à região do Médio Paraíba, no estado do Rio de Janeiro. Cidades como Vassouras, Valença, Resende e Barra do Piraí destacaram-se no processo de produção de café. Como são locais banhados pelo rio Paraíba do Sul, essa região ficou conhecida como Vale do Paraíba.
As fazendas de café deste local eram caracterizadas pelo uso de trabalho escravo e o transporte do café era realizado pelos tropeiros da região, que seguiam com o produto para as cidades de Paraty ou do Rio de Janeiro.
Sua produção extensiva estava ligada às elites latifundiárias do Império, que galgaram mais poder a partir do ano de 1850, e se tornaram os famosos “barões do café”. A partir da década de 1870, o esgotamento do solo da região enfraqueceu a produção de café, reduzindo o poder dos cafeicultores do local.

Trabalhadores saindo para a colheita de café no Vale do Paraíba, Fotografia de Marc Ferrez, do século XIX.
Reprodução/Instituto Moreira Salles
OESTE PAULISTA (1860–1930)
Com o esgotamento do solo na região do Vale do Paraíba, o plantio de café acabou se destacando em outras regiões, que apresentavam um solo muito mais produtivo do que as terras fluminenses. Novos cafeicultores surgiram, encontrando na região do Oeste Paulista um bom local para o plantio, formando assim um novo grupo de cafeicultores com uma mentalidade mais moderna e empresarial que a dos fazendeiros do Vale do Paraíba. Beneficiados pelo solo fértil da região, de origem vulcânica e rico em nutrientes (terra roxa), os produtores tiveram sucesso na realização de uma grande expansão da produção de café na região. Nas cidades de Rio Claro, Bauru, Barretos e Ribeirão Preto, o café se instalou como principal produto da economia latifundiária da região, superando a produção do Vale do Paraíba.
Entretanto, a produção do café paulista diferia da produção fluminense, pois o transporte de café era realizado pelas ferrovias, construídas em meados do século XIX para facilitar o escoamento da produção para o porto da cidade de Santos. Outro ponto importante era a mão de obra utilizada, no caso das fazendas paulistas a mão de obra era imigrante, de italianos e alemães, substituindo assim a mão de obra escravizada. E por fim, a elite cafeeira paulista vai ter maior papel na política brasileira durante o regime republicano. Muitos produtores paulistas darão seu apoio para as propostas republicanas, levando a queda do império no final do século XIX.
OUTROS PRODUTOS DA BALANÇA COMERCIAL IMPERIAL
Além do café, a economia do Segundo Reinado também contou com outros produtos. A produção de tabaco do recôncavo baiano era de suma importância para a economia, pois era dessa produção que se obtinha a moeda de troca para a compra de escravos no litoral africano.
Outro produto importante para a balança comercial era o algodão, produzido na província do Maranhão. A matéria prima atendia, naquele momento, principalmente à indústria têxtil europeia. A guerra de Secessão nos Estados Unidos (1861-1865) foi a responsável por isso, pois o conflito provocou uma grave crise na produção do algodão norte americano, estimulando assim as importações europeias do produto brasileiro.
Por fim, o açúcar é um produto que também merece destaque. Tendo sua produção iniciada durante o período colonial, o açúcar ainda se sobressaía nas exportações brasileiras e ocupava um posto de grande importância, especialmente para a elite latifundiária do nordeste brasileiro.