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O renascimento comercial e urbano: Baixa idade média (XI – XV)

Contexto marcado pelo aumento demográfico e pela crise fundiária, que provocaram crise sobre a hegemonia da Igreja (Cisma do Oriente e Cisma do Ocidente). Período marcado pelas Cruzadas religiosas, pelo Renascimento Comercial, Urbano e pela Crise do Século XIV.

BAIXA IDADE MÉDIA (XI – XV)

As cruzadas tiveram como suas causas a necessidade de terras (nobreza) e questões religiosas (Retomada de Jerusalém, proibição de peregrinações cristãs para Jerusalém, disputa com a Igreja Católica Ortodoxa e Expansão do catolicismo = controle sobre a expansão muçulmana). Dentro da sua cronologia, tivemos:

  • Concílio de Clermont-Ferran (1095): Papa Urbano II convoca as Cruzadas.
  • 1ª Cruzada (1096-1099): não tinha participação de nenhum rei e conquistaram Jerusalém.
  • 2ª Cruzada (1147-1149): Em 1189, Jerusalém foi retomada pelo sultão muçulmano Saladino.
  • 3ª Cruzada (1189-1192), a “Cruzada dos Reis”, contou com a participação do rei inglês Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do rei Frederico Barbarruiva, do Sacro Império. Nessa cruzada, firmou-se um acordo de paz entre Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a Jerusalém.  
  • 4ª Cruzada (1202-1204), a “Cruzada Comercial”: conquista de Constantinopla por Veneza até 1261 (Império Latino do Oriente) = controle sobre o Mediterrâneo Oriental.  

Consequência principal das Cruzadas: retomada definitiva da atividade comercial.

RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO

Sobre a atividade comercial no período medieval, tivemos a Hansa Teutônica e as Feiras de Champagne, que representavam honrosas exceções ao frágil comércio medieval. Os centros urbanos, sobretudo aqueles localizados na Península Itálica, concentravam guildas, isto é, associações profissionais com diversas finalidades, e Corporações de Ofício, organizações responsáveis por trabalhos especializados, em que a única distinção relevante entre os artesãos era sua experiência como aprendiz ou mestre. Ao contrário das empresas profissionais modernas, as corporações de ofício não apresentavam distinção entre aqueles que detinham o capital e aqueles que possuem apenas sua força de trabalho.  

A urbanização medieval foi herdeira direta das Cruzadas, expedições católicas conclamadas no Concílio de Clermont pelo Papa Urbano II, em 1095, com o objetivo de expulsar os muçulmanos da Terra Santa. Apesar de as Cruzadas serem originalmente uma devoção claramente católica contra o Islã, estas expedições acabaram por provocar a retomada do comércio da Europa Ocidental com o Oriente via mar Mediterrâneo, alimentando um Renascimento Comercial/Urbano e, sobretudo, favorecendo o surgimento de uma nova classe de comerciantes especializados que chamaremos de “burguesia”.

O Renascimento comercial foi possibilitado pela 4ª Cruzada e trouxe as cidades italianas como protagonistas das atividades comerciais, com isso, produzindo o surgimento de rotas de comércio ligando o continente europeu. Quando ocorriam cruzamentos de rotas, surgiam feiras (Ex. Champanhe na França e Flandres na Bélgica). Outros fatos foram a retomada da moeda e das atividades de crédito e bancárias. Posteriormente, no século XII, surgiram HANSAS ou LIGAS: associações de comerciantes, que marcaram um comércio em grande escala (Ex. LIGA HANSEÁTICA na Alemanha – Mar do Norte). Outros elementos foram as GUILDAS, associações de mercadores (monopólio do comércio local, controle da concorrência estrangeira, regulamentação de preços), e as CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, que foram associações de artesãos (monopólio das atividades artesanais, controle da concorrência, regulamentação de preços, estabelecimento de normas de produção, controle de qualidade e assistência aos membros). Um último fator econômico foi a utilização de trabalho assalariado.

Observação: O Renascimento Urbano foi possibilitado pela retomada do comércio. Um grande símbolo foram os Burgos (fortalezas). Os habitantes dos Burgos eram os Burgueses (habitantes dos burgos – artesãos e comerciantes). Suas emancipações vieram de um movimento comunal (séc. XI – XIII), que gerou a libertação das cidades da autoridade dos senhores feudais, com isso, conquistando as CARTAS DE FRANQUIA (autonomia) oriundas de Guerras ou indenizações.

CRISE DO SÉCULO XIV

No século XIV, a Europa assistiu a uma grave crise que levaria à superação da Idade Média e do seu respectivo conjunto de características feudais, como a economia essencialmente agrária, os rígidos laços de dependência de homem para homem e, principalmente, a fragmentação do poder público. A fome, conhecida da Europa desde tempos imemoráveis, foi agravada pela Peste Negra, a qual dizimou parte considerável da população europeia sem distinguir grupo social e atingindo praticamente todo o continente. A Peste Negra contribuiu para agravar os problemas de produção de alimentos, já que os camponeses eram dizimados aos milhares, levando aos extremos de atos de religiosidade apocalíptica e novas revoltas camponesas que ameaçavam a ordem social. Somado a este quadro terrível, as guerras também cobravam seus tributos sobre a população europeia, como, por exemplo, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), que envolveu as monarquias que centralizariam os Estados Nacionais da França e Inglaterra na última grande guerra medieval. Este conflito acabaria produzindo dois grandes mitos nacionais: Joana D’Arc, heroína francesa queimada como herege pelos ingleses e canonizada pela Igreja Católica, e o rei Henrique V, eternizado como herói nacional pelo renascentista William Shakespeare.  

O primeiro elemento a atingir a Europa foi a Grande Fome (1315 – 1317) causada pela questão climática e a consequente elevação dos preços dos produtos motivada pelo crescimento inflacionário.

A Peste Negra (1347) ficou marcada pelas péssimas condições de higiene nas cidades, possibilitando a proliferação de ratos, que possibilitou a propagação da Peste Negra (Peste Bubônica, infecção bacteriana rara e grave, que é transmitida por pulgas). A doença culminou na morte de 1/3 da população europeia, com isso, esvaziando cidades, produzindo queda na produção rural e crise do poder intelectual da Igreja (por não ter apresentado uma solução para crise).

As revoltas populares também foram agentes destacados, que tiveram como agentes originários: a Peste Negra, a crise na produção de alimentos (fome) e a Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Temos, como exemplos de revoltas: Revoltas Rurais (Jacqueries, na França, em 1358 & Revolta de Watt Tyler e John Ball, na Inglaterra em 1381) e Revoltas Urbanas (Rebelião dos Jornaleiros em Flandres entre 1323 e 1328 & Revolta dos Artesãos em Florença entre 1342 e 1378).

A Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453) foi iniciada por uma vacância de poder pelo trono francês, no qual o rei inglês Eduardo III (neto do rei francês Felipe, o belo) reivindicou o direito de unificação dos tronos da Inglaterra com a França; possuía o apoio da região comercial de Flandres. Porém, a resistência francesa culminou na guerra, que até 1347, quando a Peste Negra forçou a paralização da guerra, os ingleses tiveram fortes conquistas (norte da França). Em 1356, a guerra retornou e, com fortes derrotas, a França, em 1360, viu-se forçada a assinar o Tratado de Brétigny, que oficializou as conquistas inglesas até o momento. A guerra começou a mudar quando surgiu a figura de Joana D’arc, que uniu camponeses e mudou a história da guerra. No ano de 1430, Joana D’arc foi morta na fogueira como bruxa pelos ingleses (apesar de ter sido entregue pela coroa francesa), com isso, mobilizando uma forte ação popular contra os ingleses, que culminou em 1453 em um tratado de paz; fortalecendo a coroa francesa.

As relações de comércio com o Oriente também agravaram a situação europeia no século XIV. A Europa não apresentava uma saudável relação de comércio com o Oriente, já que o comércio das especiarias, dentre as quais a pimenta tinha um papel destacado pelo seu alto valor de conservação de alimentos, estava esvaindo todo o metal precioso do Velho Mundo. A Europa não contava com minas que pudessem repor a grande quantidade de ouro e prata que a cada ano deixavam o continente em troca de produtos exóticos, provocando uma balança comercial deficitária que sangrava suas divisas. O historiador inglês Perry Anderson, em Linhagens do Estado Nacional Absolutista, identificou a crise do século XIV como o momento em que uma nobreza, temerosa pela ameaça de convulsão social, passou a apoiar o projeto de centralização política como uma “nova carapaça da aristocracia”. De fato, seria o Estado Nacional o principal agente patrocinador do ambicioso projeto de expansão marítima e comercial europeia que iria ampliar os horizontes geográficos da Europa Ocidental e, principalmente, superar a crise europeia através de uma política mercantil de colonialismo e metalismo.

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