O PROBLEMA DA FOME
Os avanços biotecnológicos fazem-se notar, sobretudo no setor agropecuário. A cada ano são anunciados os resultados de novos experimentos, tais como manipulação genética para a obtenção de sementes mais produtivas e criação de novos tipos de plantas, levando a um grande aumento da produção de alimentos. Entretanto, o problema da fome permanece.
A fome permanece como um problema mundial apesar dos avanços tecnológicos, porque esses não são usados com o intuito de alimentar a população e sim de vender, comercializar no mercado mundial. As grandes áreas monocultoras predominam principalmente nos países menos desenvolvidos, esses países produzem muito mais em função do mercado externo, da exportação do que para alimentar a população local.
Áreas para o cultivo de culturas de subsistência não são reservadas em quantidade suficiente para todos. Além disso, as melhores terras para produção, ou seja, os melhores tipos de solos são reservados às monoculturas e os piores solos é que acabam restando e assim, pequenas lavouras pouco progridem quando não dão apenas prejuízo, com o seu empobrecimento rápido e a formação de ravinas e voçorocas, principalmente nos países menos desenvolvidos.
São por essas razões que ainda existem muitas pessoas a morrer de fome e subnutrida em todo o mundo, com destaque para o continente africano, grande produtor de produtos agrícolas. E há um agravante que chega a ser cruel e diverso de produtos excedentes chegam a ser queimados, servindo de adubo orgânico ou jogados nos rios para controle do preço no mercado interno e externo, mas não são distribuídos aos famintos.
A SEGURANÇA ALIMENTAR
“O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta.”
Josué de Castro, in ‘Geopolítica da fome’.
A ideia de “fome” vem a algum tempo sendo utilizado politicamente, sob a luz do conceito de “segurança alimentar”. Desde o livro Geografia da Fome de Josué de Castro, o conceito de “fome” vem sendo ressignificado, para que não haja confusão entre a “falta absoluta de recursos alimentares” e a “desnutrição”.
Para os teóricos, a “insegurança alimentar” se dá quando, além da falta de qualquer um dos mais de quarenta elementos nutritivos indispensáveis à manutenção da saúde que ocasiona morte prematura, embora não acarrete, necessariamente, a inanição por falta absoluta de alimentos, há dependência expressiva de sociedades inteiras, de agentes econômicos exógenos que definem os padrões técnicos e culturais de produção e consumo.
Além disso, a falta de valorização das tradições produtivas locais e das políticas distributivas sustentáveis reforça a dependência interna dos humores dos mercados internacionais, através das multinacionais e transnacionais, que regulam a oferta e os preços de alimentos básicos para as populações em todo o mundo.
A ALTA DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS
A ideia de um mundo famélico, à beira do colapso, assombra a humanidade desde que o economista e demógrafo inglês Thomas Robert Malthus relacionou, no século XVIII, que no futuro não haveria comida em quantidade suficiente para todos. Sua teoria não se confirmou, mas em 2008, as principais organizações internacionais como a ONU, PNAD, PNUD, OMC, BIRD, FAO e o FMI chamaram a atenção para a gravidade dos problemas decorrentes da alta dos preços dos alimentos.
A relação da produção da agropecuária onde os países mais desenvolvidos na relação do protecionismo desse setor, no subsídio dos seus produtos impõem para os países menos desenvolvidos uma dificuldade para a importação dos seus produtos e a facilidade para as exportações da agropecuária dos países mais desenvolvidos para os menos desenvolvidos, impões barreiras tarifárias e sanitárias para alguns produtos produzidos em alguns países.
O Banco Mundial previu que 120 milhões de pessoas poderão submergir na linha que separa a pobreza da miséria absoluta devido ao encarecimento da comida, dos alimentos no século XXI, podendo se agravar com a expansão da corona vírus, principalmente nos países menos desenvolvidos.
Os fatores que são apontados como responsáveis pelo aumento dos preços dos alimentos são:
- Safra: fatores climáticos levaram à quebra de safra em alguns países, fazendo com que nações produtoras impusessem restrições, subsídios agrícolas e barreiras alfandegárias à exportação de grãos.
- Subsídios: por décadas, os países mais desenvolvidos concederam subsídios à produção local de alimentos, fazendo com que os preços dos grãos se mantivessem em patamares baixos. Isso desestimulou os agricultores dos países menos desenvolvidos a investir no aumento da produção para competir no mercado internacional das bolsas de valores.
- Biocombustíveis: os programas de subsídios a biocombustíveis e o etanol também contribuem para o desequilíbrio, uma vez que direcionam a produção de grãos para esse setor que vem crescendo em todo o mundo, como forma de energia de biomassa renovável.
- Especulação: com a oscilação do valor do dólar, no mercado internacional, investidores têm buscado aplicar em outros mercados, entre eles o de commodities agrícolas, pressionando a demanda futura de alimentos.