A nova física superava os conceitos aristotélicos de “senso comum” de um Universo centrado em uma Terra estática, em repouso; o silogismo aristotélico (“Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Logo, Sócrates é mortal.”) começava a perder força. A Ciência passaria a privilegiar a observação da natureza e do movimento.
O ano de 1543 é considerado simbolicamente o ano do nascimento da Ciência moderna. Nesse ano, foram publicados dois livros que alterariam irremediavelmente os conceitos da natureza até então compreendidos pelo homem: sobre a revolução das esferas celestes, do clérigo polonês Nicolau Copérnico, e sobre a estrutura do corpo humano, do flamengo André Vasalius. O primeiro inaugurou um novo conceito em Ciência: a dinâmica; o segundo estabeleceu a observação anatômica e introduziu os conceitos de Fisiologia na Medicina.
No início do século XVII, o italiano Galileu Galilei ganhou a fama de inventor do telescópio, poderoso instrumento de observação dos astros, além de deslocar o Sol para o centro do sistema universal, retirando a prerrogativa do sistema geocêntrico medieval. Nascia, enfim, o heliocentrismo. Johannes Kepler seguiria Galileu, ao desenvolver a noção de órbitas elípticas, derrubando os conceitos de um Universo em que os astros desenvolveriam órbitas circulares perfeitas. Em 1687, Isaac Newton publicou Principia, na qual sintetizava os fundamentos de força e movimento empregados até hoje na Física. A Revolução Científica do século XVII seria uma espécie de preâmbulo das ciências astronômicas e físicas para um novo período de florescimento da Filosofia Política do século XVIII: o Iluminismo.
Além da Revolução Científica, os eventos ocorridos na Inglaterra no século XVII influenciaram as concepções filosóficas que seriam responsáveis pelo movimento iluminista. O movimento social responsável pelo fim do Absolutismo inglês e suas repercussões ecoaram pela Europa. Houve grande interesse da intelectualidade pelo primeiro governo de caráter liberal do Velho Continente. Nesse sentido, a interpretação de John Locke acerca dos eventos do setecentos ganhou grande relevo. Em Dois Tratados sobre o Governo Civil, Locke analisou a sociedade liberal inglesa como oriunda de um contrato entre governante e governados. A análise de viés contratualista não era novidade; pensadores como Thomas Hobbes já a tinham proposto. No entanto, a novidade de Locke veio por conta de suas categorias e consequências. Ao contrário de Hobbes, que pensava em termos de “súditos e soberano”, Locke colocava o contrato tendo como pactuantes “governantes e governados”. Além disso, o pensador inglês do século XVII formatava o contrato em bases liberais, com prevalência do poder dos governados: a função dos governantes era atendê-los e, caso isso não ocorresse, cabia aos governados romper o contrato e conduzir novo governante. As ideias de Locke serviram de base para a construção do pensamento liberal do Século das Luzes.

(Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/precursores-do-iluminismo.htm)
O Iluminismo pode ser conceituado como um movimento filosófico liberal do século XVIII tipicamente francês. Os filósofos iluministas se consideravam preceptores da liberdade do gênero humano contra uma sociedade ainda mergulhada no conservadorismo do Antigo Regime europeu. Os conceitos de Estado Nacional absolutista de direito divino, sociedade aristocrática de privilégios e intervencionismo estatal mercantilista sofreriam um processo de degradação irreversível pelos autores das luzes. É preciso ressaltar que o Iluminismo não era um movimento homogêneo, já que encontramos os mais diversos agentes sociais entre os pensadores iluministas, dentre os quais burgueses, padres, nobres e novos ricos. A crítica ao Antigo Regime era o ponto fundamental que unia os escritos de autores tão diferentes como Jean Jacques Rousseau, Voltaire e o Barão de Montesquieu. O Iluminismo não era um movimento burguês em sua composição social, mas em suas ideias e princípios liberais.