Segundo o novo dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, Comércio: “A atividade que consiste em trocar, vender ou comprar produtos, mercadorias e valores, visando um sistema de mercados do lucro de um negócio. O que é realizado por meio de permuta de produtos entre países diferentes”.

Fonte: Quino.
CÍRCULOS E LINHAS IMAGINÁRIAS
Brasil conseguiu mudar de forma significativa o seu comércio exterior, fato ocorrido nas últimas décadas, pois até os anos de 1960 o país tinha produção restrita à exportação de produtos primários, as denominadas commodities, tais como a cana de açúcar e o café, que no início do século XXI era responsável por aproximadamente 70,0% de toda exportação do país, e posteriormente outros produtos ganharam destaque, como soja, milho, cacau, algodão, fumo, madeiras, proteína animal, minério de ferro, petróleo e o manganês.
Com o aumento da produção da agropecuária no país nos últimos anos, novas fronteiras agrícolas são ocupadas com a retirada da cobertura vegetal nativa, atualmente no cerrado brasileiro e na floresta latifoliada amazônica, contribuindo com o desmatamento.

Fonte: Ministério da Agricultura – INPE – SECOM.
Desde os tempos de colônia a exportação de produtos primários tem peso na economia nacional. Já houve o tempo da cana-de-açúcar, do ouro e do café. Na década passada, a demanda por commodities aumentou muito, puxada, principalmente, pelo crescimento acelerado da China, um gigantesco mercado consumidor de matéria-prima. Isso influenciou os preços, que ficaram mais altos e favoreceu os países produtores.
O chamado “boom” das commodities começou por volta de 2004 e o Brasil soube surfar na onda do aumento de demanda e preços. As exportações para a China, por exemplo, aumentaram mais de 500,0% entre 2005 e 2011. Foi um período de bom crescimento do PIB, Produto Interno Bruto brasileiro, mesmo com a crise mundial de 2008.
PARTICIPAÇÃO DOS MAIORES COMPRADORES DE SOJA DO BRASIL EM MAIO DE 2020

PARTICIPAÇÃO DOS PAÍSES NA RECEITA DE EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DO BRASIL NO 1º SEMESTRE DE 2020

Fonte: Ministério da Economia – Governo Federal.
A diminuição nos preços das commodities começou no ano de 2011 e coincide com o início da desaceleração da economia chinesa. Como o Brasil exporta bem mais do que importa deste tipo de produto, quanto menor o preço, pior para o país. O país asiático vive um processo de transição para um novo modelo econômico que valoriza o mercado interno em detrimento da produção industrial para exportação. Com isso, passou a demandar menos commodities o que, dado o seu tamanho relativo no mercado, influenciou os preços para baixo.
A palavra inglesa “commodity” significa simplesmente mercadoria. Mas no mercado o termo se refere a produto básico, em estado bruto ou com baixo grau de transformação. São mercadorias com pouco valor agregado e quase sem diferenciação, que podem, portanto ser negociadas globalmente sob uma mesma categoria.
As Commodities podem ser vendidas como qualquer mercadoria, mas são normalmente negociadas no mercado futuro, em bolsas de valores, isto é, produtor e comprador firmam um contrato com um preço fixado hoje para a entrega e pagamento do produto em uma data futura predefinida. Assim, mesmo antes de ter colhido a soja ou matado o boi, o produtor já tem uma garantia de volume contratado e preço a receber. Quem detém o contrato no momento do vencimento é que tem o direito de receber o produto, mas isso nem sempre acontece. Os contratos são como seguros que garantem ao produtor um preço mínimo e ao comprador um preço máximo, travados no futuro. No dia da liquidação, se o preço da commodity no mercado estiver abaixo do combinado, o vendedor recebe a diferença até chegar ao preço firmado. Se estiver acima, é o comprador quem recebe. Assim, mesmo com a variação, ambos negociam o produto pelo preço preestabelecido, se protegendo de variações. No Brasil, as commodities são negociadas na BM&FBovespa, Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. O contrato é formalizado para determinada quantidade de cada produto. A soja, na BM&FBovespa, por exemplo, é negociada em lotes de 450 sacas de 60 kg, mas a quantidade, 27 toneladas de soja por contrato, não faz desse um mercado restrito a grandes consumidores dos produtos. Esses papéis, até o vencimento, são ativos que funcionam como investimentos normais. Seu preço varia de acordo com a oferta e a demanda. É comum que investidores que não têm o menor interesse no produto final, invistam em commodities. Entre as principais bolsas de commodities do mundo estão as de Chicago, Londres, Nova York, Mumbai, Shangai e Tóquio.
ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
Fonte: Ministério da Economia: SECEX – MDIC.
A SECINT, Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais é responsável pela atuação internacional do Ministério da Economia nos eixos de comércio exterior e investimentos, instituições e organismos econômico-financeiros internacionais e financiamento externo ao desenvolvimento e exportação. Quanto mais dólares chegam ao Brasil com as exportações, mais o valor da moeda americana tende a cair. A consequência disso é a valorização da moeda brasileira, o real, as empresas brasileiras que dependem de importação ganham poder de compra.
O Brasil é atualmente a vigésima sétima maior economia na relação mundial de exportação, os principais destinos dos produtos produzidos pelo país são:
- A China com 35,1 bilhões de dólares ano.
- Os Estados Unidos com 23,3 bilhões de dólares ano.
- A Argentina com 13,4 bilhões de dólares ano.
- A Holanda com 10,3 bilhões de dólares ano.
- A Alemanha com 4,86 bilhões de dólares ano.
As origens de importação do Brasil na relação da economia mundial são:
- Os Estados Unidos com 30,1 bilhões de dólares ano.
- A China com 22,0 bilhões de dólares ano.
- A Alemanha com 10,0 bilhões de dólares ano.
- A Argentina com 9,0 bilhões ano.
- A França com 4,78 bilhões de dólares ano.
COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Fonte: SECEX – MDIC.
As exportações do Brasil, em 2020, atingiram 209,921 bilhões de dólares ano e as importações, 158,926 bilhões de dólares ano. No primeiro trimestre de 2021 as exportações de produtos de alta tecnologia já cresceram 4,0% o valor passou de 1,29 bilhão de dólares ano. Hoje o Brasil é a nona maior economia global, mas ocupa a vigésima sétima posição entre os exportadores mundiais de bens, produtos e serviços.
O ano de 2020 foi marcado pelos efeitos da pandemia da COVID-19 sobre a economia e o comércio mundial, causando impactos tanto nas taxas de exportações quanto nas importações no mundo. Nesse contexto, e seguindo a tendência mundial, as exportações e importações de bens e serviços brasileiras foram afetadas diretamente.
Os diversos países no globo terrestre implantaram medidas comerciais relacionadas ao combate à pandemia. Algumas medidas foram de facilitação de comércio e redução de tarifas, mas a grande maioria consistiu em restrição de exportações, principalmente de medicamentos e equipamentos médicos e hospitalares.
A economia brasileira atualmente é diversificada e complexa, apresentando exportações de produtos industrializados e processados ou semimanufaturados como, calçados, suco de laranja, tecidos, combustíveis, bebidas, alimentos industrializados, proteína animal, caldeiras, armamentos, produtos químicos, veículos de todo tamanho e suas respectivas peças de reposição e aviões.
Os produtos industrializados e semimanufaturados, no ano de 1960, correspondiam à apenas 5,0% do total das exportações do país, em 2005 esse tipo de produção já representava 60,0% de todo comércio exterior do Brasil, que indica e evidencia os avanços econômicos provocados pela modernização do setor industrial brasileiro.

Um ponto positivo nessa recuperação e no equilíbrio da economia brasileira pode-se destacar o agronegócio, relacionado nos preços das commodities que, em 2020, teve um crescimento de 4,1% em relação a 2019. Os cinco principais setores exportadores do agronegócio brasileiro no ano de 2020 foram:
- Complexo da soja com 35,24 bilhões de dólares, e 35,0% nas exportações;
- Proteína animal com 17,16 bilhões de dólares e 17,0%, nas exportações;
- Produtos florestais com 11,41 bilhões de dólares e 11,3% nas exportações;
- Complexo sucroalcooleiro com 9,99 bilhões de dólares e 9,9% nas exportações;
- Cereais como farinhas e preparações de ração animal com 6,89 bilhões de dólares e 6,8% nas exportações.

De acordo com os dados avaliados pelo levantamento da CNI, Confederação Nacional das Indústrias o Brasil apresentou no ano de 2020 um recuo de 7,0% a 8,2% nas exportações e 10,0% nas importações. Os especialistas que realizaram o estudo atribuem à queda nas vendas externas à paralisação do mercado durante os períodos mais críticos da pandemia da COVID 19, além da queda geral do comércio internacional logo no início da crise de saúde mundial.