Ao conseguirem a independência, os países africanos tiveram de se moldar às fronteiras definidas pelos colonizadores, praticamente em linhas retas. Estas, por um lado, separavam de modo artificial grupos humanos pertencentes às mesmas tribos, falando os mesmos dialetos e praticantes dos mesmos costumes e submetia-os, por outro lado, à influência de valores europeus.
Em muitos desses novos países, após a independência, houve inevitáveis revoltas separatistas, conflitos e golpes de estado que terminaram por instaurar ditaduras. Em grande parte dos casos, a independência política não foi total, pois geralmente os novos países mantiveram laços econômicos com as antigas metrópoles e, durante a denominada guerra fria, alguns se ligaram às grandes potências, os Estados Unidos e extinta União Soviética, em busca de assistência militar e econômica.
De tudo isso resulta a existência de muitos focos de conflitos no continente. Em alguns casos, trata-se de lutas de caráter político, com os grupos que pretendem conquistar o poder se confrontam com os que detêm o domínio da região. Em outros, o motivo principal é o separatismo, originado pela artificialidade das fronteiras coloniais herdadas.
“Os africanos não são forçosamente o povo mais maltratado, mas é com certeza o mais humilhado da história moderna”.
Ali Mazrui.
