Havia dois motivos para essa sobrevalorização de terrenos e imóveis. Por um lado, a rápida acumulação de capital no Japão, que era, sobretudo, o resultado de um contínuo superávit comercial, disponibilizou recursos para investimento em imóveis, elevando o preço de terrenos. Por outro, a natureza caótica não planejada da urbanização japonesa, em profundo contraste com o cuidadoso planejamento estratégico da produção e da tecnologia, motivou um mercado de imóveis selvagem.
O rápido crescimento econômico concentrou a população e as atividades em densas áreas urbanas, em um país já preocupado com a escassez de terras aproveitáveis. O preço de terrenos aumentou assustadoramente devido aos mecanismos de patronagem, política que oferecia gratificação especial a vários pequenos proprietários de terra, muitos deles na periferia rural das áreas metropolitanas. A título de exemplo, entre 1983 e 1988, os preços médios dos terrenos residenciais e comerciais subiram, respectivamente, 119,0% e 203,0% na área de Tóquio.
Em 1988 a economia japonesa passava por um ciclo infinito de oferta e demanda de ações e bens imobiliários. A festa terminou em outubro de 1990, com aumento dos juros bancários e a implantação do imposto de consumo, o conhecido shohizei que na época era de 3,0%, para normalização da superinflação. Sem empréstimo dos bancos para os investidores, o ciclo para. Agências bancárias, imobiliárias e construtoras tiveram altos prejuízos com o estouro da bolha. Assim começa uma longa história de recessão que o Japão enfrenta até hoje os seus efeitos colaterais.
Essa crise econômica no Japão provocou diversos efeitos colaterais;
- Quebra de empresas, com vários bancos, imobiliárias e construtoras tiveram calotes e cancelamento de projetos. Endividados com a bolha, muitos faliram anos após o estouro;
- Empréstimos mais difíceis, com a avaliação para empréstimo tornou-se mais rigorosa mesmo para empresas de confiança;
- Desemprego onde as empresas deixaram de contratar novos funcionários efetivos, fato que gerou a denominada era do gelo no mercado de trabalho do Japão;
- Alta nos cargos públicos o que era considerado profissão para perdedor, já que um recém-formado chegava a receber milhões por mês, os cargos públicos e concursados tornaram-se os mais desejados e concorridos entre todos.
- O denominado efeito “tequila” onde em dezembro de 1994, o México estava sem reservas internacionais e a balança comercial do país apresentava números preocupantes. Por isso, o presidente Carlos Salinas, em conjunto com o Ministério da Fazenda, tentou realizar uma manobra econômica conhecida como crawling peg, desvalorizando progressivamente a moeda na tentativa de ajustar o câmbio às variáveis de in ação e juros. Desta forma, o peso ficava atrelado ao dólar e sofreria pequenas flutuações diárias.
O que o governo mexicano não esperava era que a inflação mexicana casse tão acima dos números registrados pelos Estados Unidos. Assim, as importações ficaram muito baratas e a economia mexicana não conseguia exportar na mesma medida. O parque industrial foi detonado pelos produtos importados, melhores e mais baratos. Para cobrir o desequilíbrio comercial, o Banco Central Mexicano foi forçado a comprar grandes quantidades de dólares, o que por sua vez, exigiu que o Estado abrisse o mercado de títulos aos investidores externos.