Antes de estudar o que variação linguística, precisamos entender o que é linguagem. Por linguagem compreende-se a capacidade de se comunicar por meio de um código. Este, por sua vez, é um conjunto de sinais utilizados para passar uma determinada mensagem.
Existem, basicamente, dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal.
LINGUAGEM VERBAL
Aquela que utiliza a língua (oral ou escrita), que se manifesta por meio das palavras.
Exemplo:
“Batatinha quando nasce esparrama pelo chão. Mamãezinha quando dorme põe a mão no coração.”
LINGUAGEM NÃO VERBAL
Aquela que utiliza qualquer código que não seja a palavra: pintura, dança, música, gesto, mímica etc.


Dessa forma, a variação pode ser vista como uma manifestação da variabilidade das línguas, observada na diversidade de usos linguísticos de uma comunidade e explicada por fatores políticos, geográficos ou culturais. Sob esse ponto de vista, a variação é manifestada por um conjunto de marcas realizadas no terreno prosódico, fonológico, morfológico, sintático, léxico-semântico e discursivo. Há diversos tipos de variação linguística, destacando-se as dialetais.
As variações dialetais podem ocorrer quanto:
À IDADE
Exemplo:
DOIS BONS FILHOS
Outro dia um senhor de cinquenta anos me falava da mãe dele mais ou menos assim:
– Se há alguém que eu adoro neste mundo é minha mãezinha. Ela vai fazer 73 anos no dia 19 de maio. Está forte, graças a Deus e muito lúcida. Há 41 anos que está viúva, papai, coitado, faleceu muito moço, com uma espinha de peixe atravessada no esôfago: pois não há dia em que mãezinha não se lembre dele com um amor tão bonito, com um respeito…
Deu-se que no mesmo dia encontrei um rapaz de dezoito anos, que me contou mais ou menos assim:
– Velha bacaninha é a minha. Quando ela está meio adernada, mais pra lá do que pra cá, ela ainda me dá uma broncazinha. Bronca de mãe não pega, meu chapa. Eu manjo ela todinha: lá em casa só tem bronca quando ela encheu a cara demais. A velha toma pra valer! Ou então foi um troço em que eu não meto a cara. Que é que eu tenho com a vida da velha? Pensa que eu me manco. Quando ela tá de bronca, o titio aqui já sabe: taco-lhe três equanil. É batata. Daí a pouco ela fica macia e vai soltando o tutu… (Paulo Mendes Campos)
AO SEXO
Exemplo:
Homem: – Cara, preciso te contar o que aconteceu ontem na festa…
Mulher: – Ai, menino! Preciso te contar o que aconteceu ontem na festa…
À REGIÃO
Exemplo:
A mandioca, um presente da Amazônia, pode ser mencionada de diferentes formas dentro do território brasileiro: “aipim”, “macaxeira”, “castelinha”, “maniva” e “maniveira”.
À GERAÇÃO, ÉPOCA
Exemplo:
“Exmo. Sr. Unicamente a necessidade me sujerio a publicação deste punhado de rimas (…) Eu e minha esposa, moça igualmente enferma, desde que entramos no hospital, há quasi dois annos que, por exclusiva injustiça, estamos privados das quotas dos donativos feitos pela caridade aos que, como nós, vieram esconder seu infortúnio sob o tecto hospitalar. E nem roupa nem um lençol recebemos do estabelecimento estipendiado pela municipalidade, cujo prefeito Dr. Miguel Penteado não se dignou prestar attenção às minhas queixas. (…)”
(Firmo Anônio. Argueiros, 1924.)
Na época atual, o texto acima seria transcrito da seguinte forma:
“Exmo. Sr. Unicamente a necessidade me sugeriu a publicação deste punhado de rimas (…) Eu e minha esposa, moça igualmente enferma, desde que entramos no hospital, há quase dois anos que, por exclusiva injustiça, estamos privados das quotas dos donativos feitos pela caridade aos que, como nós, vieram esconder seu infortúnio sob o teto hospitalar. E nem roupa nem um lençol recebemos do estabelecimento estipendiado pela municipalidade, cujo prefeito Dr. Miguel Penteado não se dignou prestar atenção às minhas queixas. (…)”
AO PLANO SÓCIO-ECONÔMICO
Exemplo:
VÁRIAS IDÉIAS
Acordou cedo, gritou: “Zica maldita!”. Rapaz, o vocabulário do tranca-ruas é ziquizira. “Rapaz, num vacila de madruga, entendeu?” “Entendi, os P.M. sobe o gás. Então vamos sumariar. Quantos de nóis cê quer matar? Grota, granja, boca, biqueira, movimento, verme, milho a vida inteira. Mil grau, frenético, qual que é a urucubaca? Que cê faz se não tiver que voltar para casa? Quem te deu um sorriso hoje, pique pá alguém de longe (…) Muitos sofre, eta que sofre, mas poucos lembra. Povo gado, voto mal dado, fila quilométrica para encher prato de deputado. Picha os muro, xinga os putos, mete a boca, depois cheira dentro da goma. (…)
(Ferréz. Caros Amigos nº 89.)
NORMA CULTA x NORMA COLOQUIAL
A Norma ou Língua Culta é um tipo de variação linguística que se caracteriza por seguir as normas estabelecidas de acordo com a gramática normativa. Ela é falada e escrita em situações que exigem formalidade. Por sua vez, a Língua Coloquial é a variação linguística utilizada em situações informais. É a língua do cotidiano.
