
(Fonte: http://brenohistoriador.blogspot.com/2014/12/a-queda-da-uniao-sovietica-no-natal-de.html)
A linha de sucessão do poder na União Soviética foi inaugurada por Vladimir Lênin com a revolução de outubro de 1917. Depois da morte de Lênin, em 1924, Stálin e Trotsky disputaram a sucessão, sendo Stálin o novo líder soviético até 1953, ano de sua morte. Kruschev, stalinista ucraniano, substituiria o “Grande Irmão”, até ser deposto pelo Politburo em 1964, quando Leonid Brejnev assumiria. Com a morte de Brejnev, dois idosos comunistas ortodoxos preencheram o mais importante posto político do mundo comunista. Yuri Andropov e Chernenko, juntos, governaram a União Soviética por menos de cinco anos, pois ambos faleceram no exercício da função. O Politburo, o Parlamento comunista, decidiu-se então por um jovem político chamado Mikhail Gorbatchev, que, em março de 1985, assumiu a cadeira que foi de Lênin, o pai fundador da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Já em 1986, durante o XXVII Congresso do Partido Comunista da União Soviética, Gorbatchev faria o anúncio de um conjunto de reformas que dariam o impulso final que faltava para o colapso político da URSS. A perestroika, reestruturação econômica, e a glasnost, foram anunciadas com pouco alarde, contudo, promoveriam uma revolução no Leste Europeu como não se via desde os movimentos nacionalistas e liberais do século XIX. O poderio da Rússia soviética, construído por mais de setenta anos, começava a ruir pelas próprias contradições do sistema socialista soviético que, ironicamente, Marx não previu.
O primeiro problema que os soviéticos enfrentavam era o atraso tecnológico, no qual estavam ficando perigosamente para trás em relação aos Estados Unidos. Em março de 1983, o presidente norte-americano Ronald Reagan anunciara o sistema strategic defense iniative, apelidado pela imprensa como “projeto Guerra nas Estrelas”, que consistia em um investimento orçado em trilhões de dólares para o desenvolvimento e construção de um escudo antimísseis a partir da equipagem de satélites artificiais com feixes de laser que pudessem destruir projéteis lançados contra o território americano. O recado de Reagan era claro: os Estados Unidos estavam alcançando um nível de desenvolvimento tecnológico que acabaria com o elemento de dissuasão da Guerra Fria, ou seja, o risco de suicídio nuclear. Os Estados Unidos, portanto, poderiam desfechar um ataque nuclear contra a União Soviética, pois teriam condições de repelir o contra-ataque. Ademais, o recado estendia-se no âmbito econômico: se os soviéticos ousassem competir ainda no plano tecnológico e bélico, teriam que comprometer suas já debilitadas finanças. A União Soviética perdia a corrida tecnológica e a III Revolução Industrial.
Em abril de 1986, um acidente nuclear na usina de Chernobyl, localizada na república soviética da Ucrânia, deixava em evidência a fragilidade do sistema tecnológico soviético. Além disso, as reformas de Gorbatchev mostravam-se necessárias por conta de outros graves problemas. As nacionalidades subordinadas ao poder moscovita clamavam por maior liberdade dentro da União Soviética. A URSS era, na realidade, um Estado multinacional, no qual os russos desempenhavam um papel de vanguarda por conta de sua grandiosidade territorial e demográfica. Outros Estados, contudo, compunham a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas: Ucrânia, Bielorrússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Azerbaijão, Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão. Ademais, o péssimo padrão de qualidade dos bens de consumo duráveis na União Soviética gerava um contraste intolerável. A URSS era um dos países de preponderância da corrida aeroespacial, contudo, o soviético comum era obrigado a conviver com racionamentos diários de produtos cotidianos e consumir bens de péssima qualidade, como, por exemplo, o automóvel Lada. Uma minoria privilegiada, denominada em russo de nomenklatura, entretanto, gozava de privilégios dentro do Estado soviético. A nomenklatura era a burocracia estatal da União Soviética que obtinha, por exemplo, acesso aos bens de consumo do ocidente, proibitivos dentro do mundo comunista.