A Doutrina ficaria sendo conhecida pela sigla MAD ou Mutually Assured Destruction, traduzido para o português como “Destruição Mutuamente Garantida”.
Segundo seus defensores, a “retaliação maciça” de Dulles convidava o agressor a cancelar qualquer ação hostil, pois a resposta norte-americana tornaria um eventual enfrentamento militar excessivamente arriscado e dispendioso, devido ao emprego de armamentos nucleares. Dulles procurava, desta forma, manter pressão sobre os soviéticos e garantir a defesa da esfera de influência norte-americana.
A “retaliação maciça”, também denominada de “doutrina de represálias em grande escala”, previa a substituição de unidades militares convencionais, como as que haviam combatido na Guerra da Coreia (1950-1953), por “unidades navais, aéreas e anfíbias altamente móveis”, que dispusessem de capacidade de resposta imediata e atômica. Os críticos da “retaliação maciça” de Dulles alertavam que esta estratégia poderia desencadear uma guerra nuclear total entre os EUA e a URSS, por isso a denominação de MAD (louco, em inglês). A MAD baseava-se, portanto, na suposição de que nenhuma das duas superpotências iniciaria um conflito, devido ao risco de deflagrar uma guerra nuclear generalizada e do seu ônus decorrente. No cinema, a MAD foi retratada por Stanley Kubrick no filme Dr. Strangelove, traduzido no Brasil como Dr. Fantástico.
A “retaliação maciça” e, de modo consequente, a MAD foram abandonadas com a administração Kennedy (1961-1963). O Secretário de Defesa de Kennedy, Robert McNamara, anunciou a doutrina de riposte gradueé, isto é, a resposta flexível, em que as forças convencionais voltavam a ter importância dentro da estratégia militar norte-americana. Kennedy não abandonava a possibilidade de empregar armamentos nucleares; apenas procurava reduzir o risco de uma guerra nuclear e admitia a hipótese do envolvimento dos Estados Unidos em guerras convencionais, como, por exemplo, a que ocorreu no Vietnã (1961-1975). Kennedy queria ainda que seus aliados da Otan submetessem seus armamentos nucleares a um comando integrado, a Força Multilateral (FML), criticando duramente os programas nucleares francês e inglês.
A MAD surge em meio à corrida armamentista entre norte-americanos e soviéticos. A possibilidade de uma superpotência destruir o oponente e aliados ou mesmo de ocorrer uma guerra suicida, acabaria por promover a aproximação entre as superpotências, favorecendo o controle dos arsenais nucleares.
Em novembro de 1969, norte-americanos e soviéticos iniciam as conversações sobre armamentos nucleares, que culminaram com o Tratado de Limitação das Armas Estratégicas (SALT), de 1972. O SALT fixava os limites de mísseis intercontinentais norte-americanos e soviéticos, interrompendo o desenvolvimento de um sistema antimísseis soviético. Posteriormente, houve a extensão desse acordo, a Vladivostock, em 1975, e, em junho de 1979, o acordo SALT-II (não ratificado pelo Senado norte-americano).