Em dezembro de 1955, King liderou a Montgomery Improvement Association, vanguarda do primeiro grande Movimento pelos Direitos Civis da época: o boicote aos ônibus da cidade que praticavam segregação racial. Durante a manifestação, King torna pública a sua filosofia de pacifismo, inspirado nos exemplos bíblicos, de Henry David Thoreau e Mahatma Gandhi. No ano seguinte, a Suprema Corte considera a segregação no transporte público como “inconstitucional”.

Rosa Parks logo após sua prisão
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Em 1957, foi fundada a Southern Christian Leadership Conference (SCLC), liderada por Martin Luther King, com a finalidade de atuar na defesa dos Direitos Civis norte-americanos. As manifestações pacíficas do tipo sit-ins, defendidas pelo pacifismo de King, multiplicam-se no Sul do país.
Em 1º de fevereiro de 1960, quatro estudantes negros, Ezell Blair Jr, Franklin McCain, Joseph McNeill e David Richmond, promovem um sit-in em uma lanchonete Woolworth em Greensboro, Carolina do Norte. A permanência de manifestantes negros em locais onde a segregação racial era permitida – no caso, um balcão de lanchonete – era uma maneira pacífica de atrair a atenção da opinião pública norte-americana para a questão dos Direitos Civis.
Em 19 de outubro de 1960, King foi preso na Geórgia por participar de uma destas manifestações, sendo condenado a quatro meses de trabalhos forçados. O presidente John F. Kennedy solicitou às autoridades judiciais, através do ministro Robert F. Kennedy, a soltura do líder negro, o que ocorreu em 27 de outubro, sob caução.
Em 1961, uma nova modalidade de manifestação se iniciou: foram as chamadas “viagens da liberdade”, promovidas por grupos de defesa dos Direitos Civis, que fretavam ônibus para cidades do Sul dos Estados Unidos. Quando os viajantes quiseram ir para Montgomery, o governador do Alabama os qualificou de “perturbadores da paz”, declarando que não iria garantir a segurança dos manifestantes. Foi necessária uma nova intervenção federal para garantir a ordem pública. Nesse mesmo ano, as empresas rodoviárias interestaduais foram proibidas de promover segregação em seus ônibus.
Além das manifestações públicas, os grupos de defesa dos Direitos Civis apelaram para o Judiciário para a conquista de seus interesses. Em 1956, a chamada “Declaração de Princípios Constitucionais”, manifesto assinado por 101 congressistas, declarava que seus signatários utilizariam de “todos os meios legais” para anular a decisão da Suprema Corte (Brown vs. Board of Education) de 17 de maio de 1954, que negava o princípio de “separados, mas iguais” (Plessy vs. Ferguson, 1896), mantendo a segregação racial em escolas públicas. Os parlamentares dos estados do Sul, inclusive J. William Fulbright, ratificaram a posição racista, excetuando Lyndon Johnson, do Texas, e Estes Kefauver e Albert Gore, do Tennesse.
Em 1963, na famosa Marcha sobre Washington, King proferiu seu mundialmente discurso I have a dream (Eu tenho um sonho). No ano seguinte, King foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz, considerado por ele como “um tributo internacional ao movimento pacífico pelos Direitos Civis”. Em 1965, King lidera uma marcha para registrar eleitores negros em Selma, Alabama. O movimento encontrou violenta resistência. Em protesto, centenas de demonstrações de solidariedade culminaram com uma nova marcha até a capital Montgomery.
Seus esforços deram um ímpeto vital à campanha que provocou uma legislação, garantindo aos negros os Direitos Civis nos Estados Unidos. No final dos anos 1960, a oposição de King à guerra do Vietnã e seu apoio à admissão da China nas Nações Unidas colocaram-no em conflito com o governo americano. A Guerra do Vietnã tem sua origem em 1954, quando os franceses foram expulsos da região após a batalha do Dien Bien Phu. Tal qual a Coreia, o Vietnã ficou dividido: Norte comunista e Sul capitalista. O norte, apoiado pelos chineses e soviéticos, reforçou a guerrilha Vietminh ou Vitcong, a qual ameaçava o Sul. Em 1961, o presidente Kennedy envolveu diretamente os Estados Unidos na guerra. O presidente Eisenhower já havia preconizado a “teoria do dominó”, segundo a qual, se o Vietnã do Sul caísse, Laos e Camboja, países vizinhos, também cairiam. Foi o que ocorreria após 1975, com a vitória do movimento comunista do Vietnã. Nos Estados Unidos, as cenas de violência da guerra, tanto contra soldados americanos quanto contra vietnamitas, mobilizaram a opinião pública contra a guerra, reforçando os movimentos pacifistas. King combinaria seu discurso pacifista pelos Direitos Civis com uma campanha contra a Guerra do Vietnã: criticava abertamente o desperdício de esforços e dinheiro que poderiam ser empregados no combate à pobreza e discriminação. Esta postura irritou sobremaneira o governo Lyndon B. Johnson. O surgimento de lideranças e movimentos negros não declaradamente pacifistas, como Malcom X e Black Panther, começam a contestar a liderança de King, considerada influenciada pelas lideranças brancas e extremamente moderada. Em 1968, King planeja uma nova marcha sobre Washington, denominada Poor People’s Campaign. Contudo, não viveria muito para constatar seus resultados: em 4 de abril de 1968, James Earl Ray, um franco-atirador, assassina Martin Luther King. O crime choca a nação e provoca manifestações em todo o país. King é sepultado em Atlanta, sob um monumento com as palavras finais de seu discurso de 1963. Em 2 de julho de 1964, o Congresso aprova a Lei dos Direitos Civis, destinada a eliminar a discriminação racial nos Estados Unidos. Em 1977, Martin Luther King recebe, postumamente, uma condecoração presidencial pela sua luta pela liberdade; em 1986, o Congresso estabelece feriado nacional em homenagem a King.