Estude grátis

Mundo na Guerra Fria: A aventura soviética no Afeganistão

A história do colapso da União Soviética deve ser contada a partir da década de 1970, quando o país dava pequenas mostras de que o regime político e econômico não ia bem. Após sufocar os movimentos liberais de 1956, na Hungria e 1968, na Tchecoslováquia, os soviéticos envolveram-se na aventura militar do Afeganistão em 1979.

Em 17 de julho de 1973, um golpe de estado, fomentado por militares comunistas, destituiu o rei Shah Zaher. O chefe do novo governo republicano, Mohammed Daud, porém, começa a demonstrar uma linha de política externa independente, afastando-se da União Soviética. Daud acaba sendo derrubado em 27 de abril de 1978, na chamada “revolução de Saur”. A República Democrática do Afeganistão, dirigida por Nur-Mohammed Taraki, é reconhecida imediatamente pelo governo soviético de Leonid Brejnev, sucessor de Kruschev no Kremlin.  

A administração Taraki inicia uma série de medidas proibitivas que levariam o país ao colapso social definitivo. O islamismo é considerado ilegal, e o Alcorão é queimado em praça pública. A guerra civil começa.  

A União Soviética presta auxílio ao governo comunista afegão, utilizando caças Migs para bombardear cidades dominadas pelos rebeldes muçulmanos Mujahedin. A situação piora quando o Khalq e o Partcham disputam o poder. Taraki é assassinado, sendo substituído por Hafizullah Amin. Um comando soviético executa Amin, colocando o títere Babrak Karmal na Presidência do país. Em 27 de dezembro de 1979, atendendo a uma solicitação de Karmal, Brejnev desencadeia a operação Borrasca 333. A invasão soviética ao Afeganistão, que perduraria até 1989, começara.  

O motivo que levou a uma intervenção militar de Moscou não foi apenas a tradicional política de expansão russa para o mar, que o historiador Eric J. Hobsbawn vai alcunhar como teoria de “atlas escolar”. A manutenção de um regime favorável ao Kremlin era imprescindível. Seria extremamente perigoso para a superpotência perder o controle do governo comunista no Afeganistão. A queda de Karmal poderia excitar um “nacionalismo islâmico” nas repúblicas soviéticas da Ásia Central.

A resistência dos afegãos era composta por cerca de sete grupos sunitas, guarnecidos pelo Paquistão, e oito grupos xiitas, incentivados pelo Irã. Contudo, não foram apenas os gritos de “Allah o Akbar! (“Deus é grande!”) que decidiram a vitória islâmica contra os soviéticos. A Guerra Fria fez com que os Estados Unidos da América a auxiliassem em oposição ao regime comunista de Cabul. Os mísseis antiaéreos portáteis Stinger, de fabricação norte-americana, nas mãos do Mujahedin, começaram a abater helicópteros Mi-24 da União Soviética.  

O diretor da CIA, William Casey, desenvolveu a guerra de infiltração: dez mil volumes do Alcorão, em idioma uzbeque, foram enviados para a região. O Kremlin, temendo que soldados soviéticos das repúblicas islâmicas pudessem se sensibilizar com o conflito, substitui estes grupamentos militares por contingentes da Rússia, Ucrânia e repúblicas bálticas.  

O presidente americano Jimmy Carter protesta formalmente contra a invasão soviética, boicotando os Jogos Olímpicos de Moscou (1980). Cerca de 30 países não comparecem aos Jogos, ratificando a posição norte-americana. A Grã-Bretanha e a França, aliadas dos Estados Unidos, entretanto, enviam delegações para a URSS.  

O saldo da guerra do Afeganistão é desastroso para o Kremlin. No campo diplomático, o ataque é condenado mundialmente, aliando temporariamente inimigos irreconciliáveis, como Arábia Saudita, China, Estados Unidos, Irã e Paquistão. As estatísticas não são mais animadoras para os soviéticos: mais de 13 mil militares do Exército Vermelho morrem durante a ocupação. A economia do país, já debilitada pela corrida armamentista contra os Estados Unidos, acelera seu processo de falência. O secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbatchev, cumpre o acordo de paz de Genebra, retirando, em 15 de fevereiro de 1989, a última guarnição militar soviética estacionada no Afeganistão: a 201ª divisão de reconhecimento, comandada pelo tenente-coronel Boris Gromov. O governo comunista afegão de Mohammed Najibullah é abandonado à própria sorte, até a vitória dos rebeldes muçulmanos em 1992.

O Afeganistão, arrasado por quase 30 anos de guerras, é o retrato da miséria. Um saldo de mais de dois milhões de mortos, ausência de atividades econômicas e milhares de refugiados nos países vizinhos. Com a queda de Najibullah, o islã, vilipendiado pelo materialismo histórico de Moscou, triunfa. As rivalidades entre os grupos muçulmanos, entretanto, estenderam a guerra pela década de 1990. A milícia talibã conquista Cabul em 27 de setembro de 1996, passando a impor seu radicalismo religioso. A “Idade Média” do Crescente proíbe mulheres de frequentar escolas e destrói imagens milenares sob a pecha da idolatria.

CURSO EEAR 2023

ESA 2022

de R$ 838,80 por R$ 478,80 em até 12x de:

R$ 39,90/MÊS

SOBRE O CURSO:

SOBRE O CURSO:

SOBRE O CURSO:

Precisando
de ajuda?

Olá ProAluno!
Em que posso te ajudar?