MORFEMA
Caracteriza o menor elemento significativo formador de um vocábulo. Ao se decompor uma palavra, podemos encontrar os seguintes elementos mórficos:
Radical: também conhecido como morfema lexical, é o único morfema essencial para a formação das palavras. A partir do radical, novas palavras são formadas. Vejamos:
PEDRA – PEDREIRO – PEDREIRA – PEDRADA – PEDREGULHO
FERRO – FERRADURA – FERREIRO – FERRUGEM – FERROLHO
TERRA – TERRAÇO – TERREMOTO – TERRAPLANAGEM – TERREIRO
Vogal Temática: é a vogal que se faz presente, em muitas palavras, imediatamente após o radical. Quando estão presentes em nomes, chamamos de vogal temática nominal; quando presentes em verbos, chamamos de vogal temática verbal. Vejamos alguns casos:
DENTE
VACA
CADEIRA
LIVRO
AMAR
VENDER
PARTIR
PÔR (POER)
Observação: As palavras que apresentam um radical comum são chamadas de cognatas.
Em regra, a vogal temática nominal vai existir quando a vogal final do vocábulo não se destina a marcar distinção de gênero (masculino/feminino). Isso ficou evidenciado nos exemplos acima: vaca, dente, cadeira (não existe “cadeiro” em oposição à cadeira, por exemplo). Quando, porém, a vogal final se presta a estabelecer gênero (masculino/feminino), temos a desinência de gênero. O vocábulo menino se opõe ao vocábulo menina, evidenciando um gênero distinto. Sendo assim, nesses casos, teremos, como regra geral, desinências de gênero. Entretanto, gramáticos há de indiscutível envergadura (Mattoso Câmara Jr., Manoel P. Ribeiro, J. C. Azeredo, C. P. Luft, L. A. Sacconi, Evanildo Bechara, Rocha Lima etc.) que irão dizer que o “o” de menino não é desinência de gênero, e sim uma vogal temática. Como assim? Vamos entender o pensamento dessas celebridades gramaticais. Eles defendem que existem palavras que não terminam em “o” e, ainda assim, marcam o gênero masculino do vocábulo. Vejamos, por exemplo, a palavra mestra, ela serve para indicar o feminino; contudo, o seu masculino não é “mestro”, e sim mestre. Então, nesse caso, quem serviu para evidenciar o masculino foi o “e”, e não o “o”. Dessa forma, podemos concluir que não há uma terminação específica para o masculino (o tal do “o”), permitindo, assim, que as celebridades gramaticais a que me referi a pouco alegam não existir na Língua Portuguesa desinência de gênero masculino, existindo apenas a desinência de gênero feminino “a”. Entretanto, até essa forma foge à regra, pois existem várias palavras na Língua Portuguesa que marcam o feminino sem o “a”: atriz, avó, mulher, etc. Não se esqueça de que essa visão é acadêmica, e, se alguma banca quiser explorar tal assunto em prova, a resposta dela vai depender do posicionamento de algum gramático. É bom saber que essa divergência existe, pois, com esse conhecimento e com as assertivas, podemos chegar mais rapidamente à resposta.
Observação: A soma do radical com a vogal temática dá origem ao TEMA (RD + VT). Todavia, existem alguns nomes que são atemáticos, pois terminam em consoantes. São eles: mar, ar, mal, etc. Na verdade, a vogal temática desses vocábulos só aparece quando colocados no plural: mares, ares, males, etc.
Desinências: também chamadas de morfemas flexionais, dividem-se em nominais e verbais. As nominais marcam o gênero (masculino/feminino) e o número (singular/plural); as verbais marcam o tempo, o modo, o número e a pessoa (DMT e DNP).
MENINOS – MENINAS
GATOS – GATAS
PATOS – PATAS
Observação: Quando uma palavra se encontra no singular, fala-se que a noção de singular está indicada por morfema zero, em oposição à presença do morfema pluralizador.
CANTAVAS → CANT (RD) / A (VOGAL TEMÁTICA) / VA (DMT) / S (DNP)
Na série amo, amas, ama, esta última apresenta morfema zero de pessoa (3ªpessoa do singular), já que a 1ª e 2ª pessoas do singular estão marcadas pelos morfemas número-pessoais –o (am-o) e –s (ama-s).
Afixos: também chamados de morfemas derivacionais, dividem-se em prefixos e sufixos. Estes são colocados depois do radical, e aqueles são colocados antes do radical.
FELIZ → INFELIZ (colocação de um prefixo)
FELIZ → FELIZMENTE (colocação de um sufixo)
LEAL → DESLEAL (colocação de um prefixo)
LEAL → LEALDADE (colocação de um sufixo)
Elementos de Ligação: são vogais e consoantes que, desprovidas de significação, são usadas na formação de um vocábulo a fim de facilitar-lhe a pronúncia.
PAULADA → PAU + L + ADA
CHALEIRA → CHA + L + EIRA
REIZINHO → REI + Z + INHO
CAFETEIRA → CAFÉ + T + EIRA
PEDREGULHO → PEDRE + G + ULHO
LANÍGERO → LAN + Í + GERO
FRUTÍFERO → FRUT + Í + FERO
CARNÍVORO → CARN + Í + VORO
GASÔMETRO → GAS + Ô + METRO
ALOMORFIA
É uma mudança, uma variação, uma alteração em algum morfema para que a palavra seja pronunciada de forma agradável aos nossos ouvidos. Normalmente isso ocorre nos morfemas lexicais (radicais). Vejamos alguns casos:
FAZER → FAZ (RADICAL)
Conjugação do verbo FAZER no presente do indicativo:
Eu faço
Tu fazes
Ele faz
Nós fazemos
Vós fazeis
Eles fazem
Repare que a primeira pessoa do singular (faço) ficou com uma estrutura diferente das demais. Ou seja, o radical passou a ser FAÇ, em vez de FAZ. Isso se deu pelo fato de a pronúncia FAZO não ser agradável. Com isso, houve uma variação no radical (alomorfia) a fim de produzir um som agradável. O mesmo acontece em: fez; fizera; farei; feito. Ficou claro!?