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Literatura brasileira: Pré – modernismo

O período literário conhecido como Pré-Modernismo situa-se, aproximadamente, nas duas primeiras décadas do séc. XX, precedendo o movimento modernista de 22. Na verdade, o Pré-Modernismo não corresponde a uma escola literária, mas sim a um confluir de escritores que, não correspondendo a nenhuma das estéticas de fins do século XIX, tiveram uma produção de impacto, apresentando novas vertentes estilísticas e temáticas em nossa literatura.

Trata-se de um período cronológico marcado pela fusão de diversas tendências, identificado, primeiramente, por Tristão de Ataíde (Alceu de Amoroso Lima), que cunhou a expressão para designar um conjunto de autores que, entre 1902 (Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha) e 1922 (Semana de Arte Moderna), representam a aliança ou transição entre as correntes do fim do século XIX e antecipações da modernidade.

Assim, as chamadas correntes pré-modernistas marcam-se por uma antinomia: o moderno versus o antimoderno, a renovação versus o conservadorismo, aliando tendências diversas. O aspecto conservador pode ser localizado na sobrevivência da mentalidade positivista e determinista dos realistas (naturalistas) e dos parnasianos. Além disso, não se tinha um uso tão ousado da linguagem. 

PANORAMA HISTÓRICO NACIONAL

O fim do século XIX e as duas primeiras décadas do século seguinte foram marcados por mudanças no quadro político, econômico e social do Brasil. Em 1894, tomou posse o primeiro presidente civil Prudente de Morais, que deu início a chamada República do café-com-leite. Além disso, outros fatores concorreram para essas alterações: o auge da produção agropecuária na região Sudeste; o processo crescente de urbanização de São Paulo; o desembarque de um grande número de imigrantes, sobretudo de italianos, no Centro-Sul do país; a marginalização dos antigos escravos, em grandes áreas da nação; o declínio acelerado da cultura canavieira do Nordeste, sem condições de competir com a ascensão do café paulista.

Com a hegemonia das oligarquias agrárias, os interesses políticos baseiam-se na defesa dos interesses das grandes famílias, com raízes no tempo do Império. Houve, no período, um desenvolvimento irregular do país: o litoral e as capitais progrediram; o interior manteve-se estagnado. Nos grandes centros, havia grande desigualdade social.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Os problemas sociais e políticos vividos no país foram retratados nos romances dos escritores pré-modernistas. Com isso, as antigas visões ufanistas do Brasil deixaram de fazer parte da literatura. O sertão nordestino, os subúrbios e o interior são transformados em cenário. 

No lugar da mitologia greco-romana retomada pelos parnasianos, os pré-modernistas preferiram o folclore brasileiro ou as lendas de tradição oral, como se percebe nos contos de Monteiro Lobato. Da mesma forma, apropriaram-se da linguagem oral dos centros urbanos, da frase solta do jornalismo e da fala do caipira do interior. Assim, os escritores começaram a escrever mais próximo da forma como se fala.

AUTORES E OBRAS

EUCLÍDES DA CUNHA

Sua obra Os Sertões analisa e procura compreender o fenômeno do fanatismo religioso no sertão, especialmente o caso Canudos. Apresenta visão determinista: A Terra, O Homem, A Luta (meio, raça, momento). Primeira denúncia vigorosa que se faz na cultura brasileira contra a miséria e o abandono em que vive o sertanejo.

MONTEIRO LOBATO

Sobre Monteiro Lobato, Antonio Cândido, professor da USP, afirma: “a sua obra é variada: contos, crônicas e artigos, ensaios quase panfletários, e literatura infantil. Destaca-se aqui o sentido da obra do contista de feitio regionalista. Ela está presa à experiência no interior, compreendido, sobretudo, nos limites da região que se denominaria das “cidades mortas”, onde brilhou o fausto das grandes fazendas de café do século passado [XIX]. Constitui-se assim de flagrantes bem apanhados do homem e da paisagem, embora tomados nos seus aspectos exteriores, para nos comunicar a sugestão de marasmo e indolência reinantes. E não disfarça inteiramente o propósito de denúncia de uma situação de indiferença, deplorável.”

A principal faceta de sua produção literária são os contos, de cunho regionalista, que enfocam o homem e a paisagem da região que se denominaria “das cidades mortas’”, isto é, o decadente Vale do Paraíba.

AUGUSTO DOS ANJOS

Transformado em catecismo dos pessimistas e em bíblia dos azarados e malditos, o livro Eu é de uma instigante popularidade, resistente a todos os modismos, impermeável às retaliações da crítica e aos vermes do tempo. Foi o poeta mais original de nossa literatura, no período que vai de Cruz e Sousa aos modernistas.

As leituras precoces de Darwin, Haeckel, Lamarck, Schopenhauer e outros, feitas na biblioteca de seu pai, fundamentaram a postura existencial do poeta, a adesão ao Evolucionismo de Darwin e Spencer e a angústia funda, letal, ante a fatalidade que arrasta toda a carne para a decomposição.

Fundem-se a visão cósmica e o desespero radical, produzindo uma poesia violenta e nova em língua portuguesa. Combinou inovações arrojadas com elementos provindos do Parnasianismo e do Simbolismo.

LIMA BARRETO

Definida pelo próprio Lima Barreto como “militante”, sua produção literária está quase inteiramente voltada para a investigação das desigualdades sociais, da hipocrisia e da falsidade dos homens em suas relações dentro dessa sociedade. Em muitas obras, como no seu célebre romance Triste Fim de Policarpo Quaresma e no conto O Homem que Sabia Javanês, o método escolhido por Lima Barreto para tratar desses temas é o da ironia, do humor e do sarcasmo.

Lima Barreto declara diversas vezes não aprovar nenhum tipo de preciosismo na escrita literária. Critica seu contemporâneo Coelho Neto afirmando que “não posso compreender que a literatura consista no culto ao dicionário” e declarando que a beleza literária “não é um caráter extrínseco da obra, mas intrínseco, perante o qual aquele pouco vale. É a substância da obra, não são suas aparências” – declarações, sobretudo esta última, que indicam como eram indissociáveis a estética buscada e a ética preconizada pelo autor, que procura despir tanto a literatura quanto a sociedade de suas falsas aparências. Dessa postura, cria-se uma literatura marcada pelo coloquialismo, por um vocabulário pouco rebuscado e pela expressão direta – o que não significa desleixo ou pouca preocupação formal, mas a adequação do modo de expressão àquilo que se deseja demonstrar.

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