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Literatura brasileira: Modernismo de 30

O segundo tempo modernista marca, simultaneamente, a consolidação de algumas propostas da “fase heroica” ou “de demolição” (1922-1930) e certo recuo quanto às propostas mais radicais da “Semana” e dos seus desdobramentos. Propõe-se, passada a fase de ruptura, um modernismo moderado, com o abandono, por exemplo, do radicalismo experimentalista de Oswald e a retomada de certas linhas do passado (o Simbolismo na corrente espiritualista, as formas clássicas, a tradição lírica portuguesa e brasileira etc.).

INTRODUÇÃO

A historiografia literária convencionou como marco inicial da segunda fase do Modernismo o ano de 1930, quando Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987) publicou Alguma Poesia, e como marco final a data de 1945, quando foi lançado O Engenheiro, de Haroldo de Campos (1929 – 2003). O contexto político, econômico e social desse período é conturbado. O mundo ainda sofria a depressão econômica causada pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que agravou os problemas sociais de inúmeros países e intensificou o crescimento e a organização de forças de esquerda. Os partidos socialistas e comunistas entravam em choque com Estados cada vez mais autoritários e nacionalistas, como a Alemanha, a Itália, a Espanha e Portugal. O nazifascismo avançou, expandindo-se pela Europa até a deflagração da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a mais violenta e tecnológica das guerras até então, que terminou com as explosões atômicas em Hiroshima e Nagasáqui.

No Brasil, Getúlio Vargas subiu ao poder em 1930, iniciando um período que ficaria conhecido como a “Era Vargas” e que compreende a ditadura do Estado Novo.

O sistema literário foi afetado pela instabilidade política, pelas medidas antidemocráticas e repressoras da era Vargas, mas também se beneficiou da atmosfera de intenso debate sobre a realidade brasileira. Para Antonio Candido, o período foi de “acentuada politização dos intelectuais, devido à presença das ideologias que atuavam na Europa e influíam em todo o mundo, sobretudo o comunismo e o fascismo. A isso se liga a intensificação e a renovação dos estudos sobre o Brasil, cujo passado foi revisto à luz de novas posições técnicas, com desenvolvimento de investigações sobre o negro, as populações rurais, a imigração e o contato de culturas, – graças à aplicação das modernas correntes de sociologia e antropologia, graças também ao marxismo e à filosofia da cultura (…)”.

Na década de 1930 houve uma significativa irrupção de novos e brilhantes romancistas, com destaque para a ficção regionalista nordestina de autores como Graciliano Ramos (1892 – 1953), Jorge Amado, José Lins do Rego (1901 – 1957) e Rachel de Queiroz (1910 – 2003). Foi também uma época de desenvolvimento da indústria do livro, principalmente com o advento da Segunda Guerra e a consequente dificuldade de importações. Surgiram importantes editoras, como a de  José Olympio (1902 – 1990), que publicou os romancistas inovadores do Nordeste.

POESIA DA GERAÇÃO DE 30

A segunda fase do Modernismo foi caracterizada, no campo da poesia, pelo amadurecimento e pela ampliação das conquistas dos primeiros modernistas. No plano formal, o verso livre continuou sendo profusamente adotado, mas os poetas do período tinham liberdade para escolher formas como o soneto ou o madrigal, sem que isso significasse uma um retorno às estéticas do passado, como o Parnasianismo. A ruptura já havia sido feita, e era possível dilatar o campo de experimentações poéticas pesquisando formas, utilizando técnicas de outras escolas e épocas, reelaborando-as e conferindo a elas novos sentidos.

No plano temático, a abordagem do cotidiano continua sendo explorada, mas os poetas se voltam também para problemas sociais e históricos, além de manifestarem inquietações existenciais e religiosas que ampliam as proposições da fase anterior.

POETAS IMPORTANTES

  • Carlos Drummond de Andrade.
  • Vinícius de Moraes.
  • Murilo Mendes.
  • Cecília Meireles.
  • Jorge de Lima.

PROSA DA GERAÇÃO DE 30

ROMANCE REGIONALISTA

A literatura estava voltada para a realidade brasileira como forma de manifestar as crises sociais e inquietações da implantação do Estado Novo do governo Vargas e da Primeira Guerra Mundial. A prosa pretendia, então, ser um retrato crítico da realidade brasileira, expondo problemas sociais e políticos.

Foram elaborados, neste momento, enredos dramáticos, centrados em personagens miseráveis. Além disso, a intimidade psicológica e afetiva deles é evidenciada com frequência. Leia o trecho de Vidas Secas a seguir e entenda melhor.

“Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito.

Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era bom pensar no futuro, criar juízo. Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoço inchando. De repende estourava: 

— Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer. Quem é do chão não se trepa.

Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.”

Na obra Vidas Secas de Graciliano Ramos, acompanhamos a família de retirantes do Nordeste que tenta sobreviver em um ambiente inóspito marcado por grande desigualdade social. No trecho lido, vemos os pensamentos de Fabiano e percebemos a forma inferiorizada como ele enxerga a si próprio.

AUTORES DO ROMANCE SOCIAL DE 30

  • Graciliano Ramos.
  • Rachel de Queiroz.
  • José Lins do Rêgo.
  • Jorge Amado.

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