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Literatura brasileira: Modernismo de 22

No módulo anterior, vimos diferentes movimentos artísticos que tomaram forma na Europa. Entre as novas correntes artísticas estavam o Futurismo, o Cubismo, o Dadaísmo, o Expressionismo, o Surrealismo. Todas elas, vindas nas malas de artistas brasileiros em visita à Europa ou divulgadas pela imprensa, influenciaram o Modernismo no Brasil.

Todos esses “ismos” que infestaram a cena literária ocidental de 1910 a 1930 foram reações contra o esgotamento e o cansaço ante o peso da tradição literária ocidental.

INTRODUÇÃO

A historiografia literária brasileira costuma dividir em três fases o Modernismo brasileiro. Os marcos cronológicos da primeira fase são o ano de 1922 (ano da Semana de Arte Moderna) e 1930 (quando Drummond publica Alguma Poesia e tem-se um novo período). No entanto, bem antes de 1922 os artistas participantes da Semana já produziam obras influenciadas pelas novas correntes europeias, que debatiam e divulgavam pela imprensa. Assim, a realização da Semana de 22 apenas reuniu e apresentou-se a um público bastante restrito – e escandalizado – alguns dos artistas paulistas e cariocas que já vinham cultivando modernas formas de expressão. Entre eles estavam os escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho e Menotti del Picchia. Graça Aranha, na época autor consagrado e membro da Academia Brasileira de Letras, usou seu prestígio para apresentar os jovens modernistas. Também participaram da Semana o músico Villa-Lobos, a pintora Anita Malfatti e o escultor Victor Brecheret, entre outros.

A SEMANA DE ARTE MODERNA

Em fevereiro de 1922, três dias de escândalo agitaram São Paulo, com a realização da Semana de Arte Moderna. Esse evento, marco inicial do modernismo, foi concebido como um antifestival, para contestar as comemorações do centenário da independência política do Brasil.

Segundo Alfredo Bosi, “a Semana foi, ao mesmo tempo, o ponto de encontro das várias tendências que desde a I Guerra vinham se firmando em São Paulo e no Rio, e a plataforma que permitiu a consolidação de grupos, a publicação de livros, revistas e manifestos, numa palavra, o seu desdobrar-se em viva realidade cultural.” A necessidade de consolidar a nova estética, de definir seus rumos, de romper com os padrões literários do passado conferiu ao Modernismo da primeira fase um alto grau de radicalismo.

CARACTERÍSTICAS DO MODERNISMO DE 22

Em oposição ao rigor gramatical e ao preciosismo linguístico parnasiano, os poetas modernistas valorizaram a incorporação de gírias e de sintaxe irregular. A nova escrita prega a aproximação da linguagem oral de vários segmentos da sociedade brasileira. Ainda no plano formal, o verso livre, a concisão e a objetividade são características marcantes do movimento.

Além disso, segundo Antonio Candido, os modernistas “passaram por cima das distinções entre os gêneros textuais, injetando poesia e insólito na narrativa em prosa, abandonando as formas poéticas regulares, misturando documento e fantasia, lógica e absurdo, recorrendo ao primitivismo do folclore e ao português deformado dos imigrantes, chegando a usar como exemplo extremo contra a linguagem oficial certas ordenações sintáticas tomadas a línguas indígenas”. Os autores do Modernismo procuraram no índio e no negro o primitivismo, os elementos primordiais da cultura brasileira que proporcionariam a reconstrução da realidade nacional, e procuraram retratar a mistura de culturas e raças existente no país. O poema Cobra-Norato, de Raul Bopp (1898 – 1984), talvez seja o mais significativo exemplo da exploração poética do primitivismo.

MANIFESTOS E REVISTAS

Seguindo a lição das Vanguardas Europeias, os manifestos e revistas foram importantes instrumentos de divulgação artístico-ideológica de grupos de escritores modernistas. 

KLAXON

A revista Klaxon – Mensário de Arte Moderna foi o primeiro periódico modernista, fruto das agitações do ano de 1921 e da grande festa que foi a Semana de Arte Moderna. Seu primeiro número circulou com data de 15 de maio de 1922; a edição dupla, de números 8 e 9, a última da revista, saiu em janeiro de 1923.

MANIFESTO PAU-BRASIL

Publicado em 1924 no jornal “O Correio da Manhã”, enfatizava a necessidade de se criar uma arte baseada nas características do povo brasileiro, com absorção crítica da modernidade europeia. Além de ter provocado discussões sobre o surgimento da consciência nacional, o Manifesto Pau-Brasil conseguiu atualizá-la; rediscutindo a realidade com uma linguagem novíssima. Tão importante para a poesia modernista, já trazia no seu bojo os germes que gerariam o antropofagismo.

Manifesto Pau-Brasil reivindicava uma linguagem natural, avesso ao bacharelismo e pedantismo, conclamava a originalidade nativa. O primitivismo como imaginação, liberdade de espírito, a junção do moderno e do arcaico brasileiro culminando com uma revolução artística nacionalista, tendo por base suas raízes primitivas. 

REVISTA DE ANTROPOFAGIA

A Revista de Antropofagia teve duas fases (ou “dentições”, segundo os antropófagos). A primeira contou com 10 números, publicados entre os meses de maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob a direção de Antônio de Alcântara Machado e a gerência de Raul Bopp. A segunda apareceu nas páginas do jornal Diário de S. Paulo; foram 16 números publicados semanalmente, de março a agosto de 1929, e seu “açougueiro” (secretário) era Geraldo Ferraz.

O movimento antropofágico surgiu como uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e como resposta ao grupo verde-amarelista, que criara a Escola da Anta.

Em sua primeira “dentição”, iniciada com o polêmico Manifesto Antropófago, assinado por Oswald de Andrade, a revista foi realmente um espelho da miscelânea ideológica em que o movimento modernista se transformara: ao lado de artigos de Oswald, Alcântara Machado, Mário de Andrade, Drummond, encontramos textos de Plínio Salgado (em defesa da língua tupi) e poesias de Guilherme de Almeida, ou seja, de típicos representantes da Escola da Anta.

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