INVASÕES FRANCESAS
FRANÇA EQUINOCIAL (1612-1615)
Essa segunda invasão francesa ao território brasileiro ocorreu durante a União Ibérica. A capitania do Maranhão foi o alvo tomado pelos franceses em 1612, onde fundam a França Equinocial com também a fundação do Forte São Luís.
Vale lembrar que a capitania do Maranhão não se desenvolveu, devido a falta de capitais para investimento na região, o que deixou a região no esquecimento.
A ocupação francesa teve como objetivo principal uma colonização permanente da região, onde os franceses faziam trocas comerciais com os índios locais, buscando a obtenção de pau-brasil. Como no caso da França Antártica, na colônia francesa havia católicos e protestantes (huguenotes) o que causava certos problemas no interior da ocupação francesa.
Essa rivalidade oriunda das diferenças religiosas foi aproveitada pelos portugueses que na liderança de Jerônimo de Albuquerque, conduziu um exército de bandeirantes e índios para enfrentar os franceses. A guerra começou em 1613, e depois de dois anos os portugueses conseguem derrotar os franceses em 1615, com a tomada do forte São Luís e a expulsão definitiva dos franceses.
Após a expulsão, os franceses irão se instalar mais ao norte na região hoje da Guiana. No século XVIII, a região vai ser garantida aos franceses com os acordos territoriais com Portugal.
CORSÁRIOS FRANCESES NO RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XVIII
Além da iniciativa de colonização permanente na América portuguesa, os franceses atuaram também com ações de corsários no litoral brasileiro. A França utilizou desta estratégia para, através de ações que visavam o lucro, causar danos nos mares a seus inimigos. Os corsários não eram piratas, pois tinham uma patente de corso, que lhes dava autorização real para agir. Tinham, portanto, o direito de ser tratados como prisioneiros de guerra, enquanto os piratas podiam ser enforcados se capturados.
As riquezas do Rio de Janeiro atraíram a cobiça de dois franceses. O primeiro foi Duclerc, no ano de 1710, que acabou sendo derrotado depois de invadir a cidade. Preso, acabou assassinado, por razão pouco esclarecida, mas não relacionada com seu ataque. O segundo foi Duguay-Trouin, que atacou no ano de 1711, e veio com uma considerável força naval. Com sua atuação conquistou a Ilha das Cobras, depois o Morro da Conceição e, de lá, buscou ocupar a cidade que, ameaçada de ser incendiada, rendeu-se. Saqueou o Rio de Janeiro e somente o deixou após receber um resgate em dinheiro.
INVASÕES HOLANDESAS
GUERRA DOS PAÍSES BAIXOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS
A região que hoje engloba o território da Holanda era uma região que concentrava os mais poderosos grupos mercantis da Europa.
O território dos comerciantes flamengos era um feudo espanhol ligado aos domínios dos Habsburgos, dinastia que comandava a Espanha. Com Carlos V, os comerciantes flamengos tinham certa autonomia, desde que pagassem seus impostos. Com a eclosão da Reforma Religiosa, os comerciantes flamengos adotaram o calvinismo, religião que favorecia as práticas burguesas.
Porém, durante o governo de Filipe II, a postura do rei católico foi de combater duramente a religião protestante em seus domínios. Isso acarretou numa ação do rei espanhol, enviando tropas para combater a autonomia religiosa na região. Para enfrentar Filipe II, os holandeses se unem formando a União de Utrecht (1581), dando início a guerra contra os espanhóis. Em 1584 criaram oficialmente as províncias unidas dos Países Baixos, formando a República da Holanda. Os holandeses conquistam sua vitória definitiva no ano de 1609, com a trégua de Doze Anos. O reconhecimento formal da independência holandesa só ocorre no ano de 1648 pela Espanha.
MOTIVOS PARA A INVASÃO HOLANDESA
Após a União de Utrecht, a Holanda começa a investir na sua atuação no Oceano Índico com a criação da Companhia das índias Orientais (1602), buscando o monopólio do comércio Oriental, e visando à conquista dos domínios luso-espanhóis na Ásia.
Em resposta a atuação holandesa e após a trégua de 12 anos, Filipe II ordena um boicote contra os comerciantes holandeses. O governo espanhol decide impedir o acesso dos holandeses, bloqueando seu acesso comercial a Portugal e as colônias da União Ibérica. Essa situação acaba prejudicando os holandeses, que possuíam inúmeras indústrias de refino (29 refinarias no norte da Holanda) de açúcar na Holanda, e dependiam do açúcar brasileiro.
Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie – W.I.C.) com atuação no Oceano Atlântico (visando a África e a América) com o objetivo de controlar o açúcar do Nordeste brasileiro e os postos de fornecimento de escravos no território africano.
As duas companhias eram empresas de corso (corsário), ou seja, pirataria com autorização do Estado para buscar riquezas para a Holanda. Como os Holandeses dominavam o refino e a distribuição do açúcar brasileiro na Europa, a atuação holandesa causou impacto na economia açucareira.
1ª INVASÃO – BAHIA (1624-1625)
A primeira invasão objetivou a tomada da capital do governo-geral. Os holandeses enviaram uma uma força naval de 26 navios, com 509 canhões e tripulados por 1.600 marinheiros e 1.700 soldados. O comando coube ao Almirante Jacob Willekens. A cidade foi tomada em 24 horas, os Holandeses tiveram uma atuação violenta na região, desagradando a população local.
Devido a violência feita pelos holandeses foi organizada uma resistência liderada pelo Bispo Dom Marcos Teixeira. Os colonos começaram a combater os holandeses num patamar de guerra religiosa (católicos e protestantes). Com o uso da tática de guerra de emboscadas, conseguiram imprimir diversas baixas aos Holandeses.
Esse movimento contabiliza alguns êxitos como a morte do governador holandês na Bahia. O auxílio de uma esquadra Luso-espanhola na expulsão dos holandeses de Salvador, a Jornada dos Vassalos, (lembrando a resistência feita pelos colonos liderados por Dom Marcos Teixeira na Bahia) possibilita a vitória dos colonos contra os Holandeses, que são expulsos da Bahia.
Mesmo com o fracasso, em 1628 os Holandeses conseguem capturar um dos maiores carregamentos de prata espanhola, oriunda do vice-reinado do Peru, o que vai financiar a 2º invasão Holandesa em Recife.
2ª INVASÃO – PERNAMBUCO (1630-1654)
Num primeiro momento, os holandeses tiveram uma atuação violenta na região. A chegada em Recife ocorre no ano de 1630, e a conquista do litoral Nordestino ocorre no ano de 1635. Os holandeses tiveram uma atuação violenta, com a tomada de terras e perseguição de católicos. Enfrentaram a resistência das “Companhias de Emboscada” (sede no Arraial de Bom Jesus – entre Olinda e Recife).
Em 1635 com o apoio de Domingos Fernandes Calabar (conhecedor e traidor dos Pernambucanos), os Holandeses conseguem acabar com as “Companhias de Emboscadas”. Domingos Fernandes Calabar ainda é capturado e morto pelos colonos em Pernambuco. A destruição da “Companhia de Emboscada” consolidou a vitória holandesa no Nordeste brasileiro. Porém, com a péssima experiência na invasão da Bahia, os holandeses sabiam que necessitavam do apoio da população local. Por isso, os holandeses vão mudar sua postura frente a administração no nordeste brasileiro.
Observação: Aproveitando-se do caos instaurado com a invasão Holandesa, muitos escravos fugiram para o Quilombo dos Palmares.
GOVERNO DE MAURÍCIO NASSAU (1637-1644)

A rua da Cruz em Recife, desenho do século XIX de L. Schlappriz
Reprodução/Acervo Iconografia/Reminiscências
No ano de 1637, chegou para administrar a região um holandês chamado Maurício de Nassau, que assumiu um papel de embaixador entre holandeses e colonos portugueses e brasileiros.
Diversas medidas são realizadas por Nassau para modificar a realidade:
- Criação da Câmara dos Escabinos, onde houve a participação de senhores de terra na administração holandesa, mesclando colonos e holandeses.
- Concede inúmeros empréstimos aos Senhores de Engenho, para conseguirem retomar o plantio de açúcar.
- Reforma na estrutura da cidade de Recife como o calçamento de ruas, também abriu canais por onde transitavam barcas.
- Devolução das terras e posses tomadas pelos Holandeses na ação de conquista.
- Tolerância Religiosa para os colonos praticarem o catolicismo sem risco de perseguição.
As diversas medidas empreendidas por Nassau facilitaram o aprendizado dos holandeses sobre a cultura do açúcar. A aproximação com os produtores de açúcar constituiu uma relação de confiança entre Nassau e os latifundiários locais.
Entretanto, a administração de Nassau era extremamente onerosa (muitos gastos) aos cofres dos Holandeses. Isso gerava crítica da companhia das Índias Ocidentais (W.I.C.) em relação ao governo de Nassau.
FIM DA UNIÃO IBÉRICA (1640)
Em 1640, os portugueses iniciaram um movimento revolucionário para dar fim ao domínio espanhol em Portugal. Dando apoio a D. João, da dinastia Bragança, os portugueses se levantam contra os espanhóis, dando início a guerra de restauração.
Com a ascensão do Duque de Bragança, que assume como D. João IV ao trono de Portugal, a influência espanhola é retirada de Portugal.
Para evitar um conflito generalizado, os portugueses conseguem um acordo de trégua de 10 anos com os holandeses. Em 1641 uma aliança de Portugal e Inglaterra foi formada, com o objetivo de auxiliar militarmente os lusos para garantir sua independência.
ANTECEDENTES PARA A SAÍDA DOS HOLANDESES
A guerra de restauração modificou as condições para a manutenção do domínio holandês. Com a trégua de dez anos entre Portugal e Holanda, os holandeses buscam reduzir gastos com a colônia Nova Holanda.
Além do processo de restauração podemos enumerar algumas motivações que levaram a saída dos Holandeses, como:
- Esperança renovada dos portugueses.
Em 1640, a restauração portuguesa é realizada, alimentando as esperanças portuguesas de retirar a influência espanhola.
- Queda no valor do açúcar.
O comércio de açúcar entra em crise, isso acaba aprofundando a dívida dos senhores de engenho com a administração Holandesa. Clima de Tensão entre os produtores de açúcar e os holandeses.
- Demissão de Maurício de Nassau.
Em 1644, a W.I.C. demite Maurício de Nassau devido os gastos com a colônia Nova Holanda. A administração da colônia foi assumida por um Conselho Supremo, constituído de três membros holandeses, que tomam a frente. Com uma atuação violenta, baseada na tomada das posses dos senhores de engenho que estavam endividados e o fim da tolerância religiosa, causando uma perseguição aos colonos ligados ao catolicismo.