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Governo de Jânio Quadros (1960)

O governo de Jânio Quadros, eleito presidente em 1960, foi breve, porém controverso. Sua gestão foi marcada por decisões surpreendentes e renúncia inesperada, deixando um legado de incertezas na política brasileira durante um período de transição e turbulência.

A ELEIÇÃO DE JÂNIO QUADROS (1960)

Para realização das eleições presidenciais no ano de 1960, foram apresentadas algumas candidaturas dos partidos presentes no país. As duas candidaturas que mais se destacaram foram a de Jânio Quadros, candidato do PTN que recebeu amplo apoio da UDN, contra Henrique Lott, candidato da coligação do PSD com o PTB, e que recebeu apoio de Juscelino Kubistchek. Completava o grupo de candidatos o político paulista Ademar de Barros, que se lançava novamente na disputa eleitoral e ainda tinha esperança de se tornar presidente do Brasil com base no seu eleitorado paulista.

O desconhecido Jânio Quadros se destacou em sua campanha principalmente por uma atuação extremamente carismática no período, o candidato prometia que iria varrer a corrupção da política brasileira, sendo lembrado por usar uma vassoura em seus comícios políticos, o que simbolizava a sua ação de limpar a “sujeira” da cidade de Brasília. Com um slogan de “varre, varre vassourinha, varre, varre a bandalheira”, Jânio Quadros conseguiu agradar a população, tornando-se um político popular no período. Além do uso da vassoura, era também visto usando sapatos de modelos diferentes e com farelos de pão nos ombros, buscando se aproximar das populações mais carentes, tendo assim uma postura demagoga de se colocar como um candidato oriundo das classes populares.

Seu principal adversário, o general Henrique Lott tinha como ponto negativo o fato de ser associado ao governo de JK, que mesmo vivenciando um momento de modernização da sociedade brasileira, viu a capacidade econômica dos trabalhadores minguar, devido ao aumento da dívida externa e as grandes realizações feitas durante o governo de JK. Tal cenário possibilitou a vitória de Jânio Quadros, numa oportunidade jamais vivida pela oposição Udenista, que conseguiu quebrar a hegemonia dos partidos do PSD/PTB na presidência, herdeiros do getulismo naquela época. Mesmo com a estrondosa vitória de Jânio Quadros, o PTB ainda conseguiu vencer para o cargo de vice-presidência, com a vitória de João Goulart, o que causou certo temor entre os setores conservadores e direitistas da sociedade brasileira.

OS SETE MESES DE JÂNIO QUADROS (1961)

Jânio Quadros foi um político de carreira meteórica. Foi eleito pela primeira vez como candidato a vereador da cidade de São Paulo em 1947, depois foi eleito deputado estadual em 1950, prefeito de São Paulo em 1953, governador do Estado de São Paulo em 1954, derrotando até mesmo Ademar de Barros, e deputado federal em 1958, ou seja era um candidato de muitas vitórias eleitorais e sua vitória na candidatura à presidência em 1960 não foi nenhuma surpresa. 

Apesar de toda a sua propaganda durante a campanha, Jânio Quadros se apresentou durante o governo como um político conservador e autoritário. Tentou desde o início controlar os sindicatos, não hesitou em reprimir protestos de camponeses no nordeste, e adotou uma política de austeridade nas finanças brasileiras, o que conotou sua posição autoritária no poder.

De forma curiosa, o presidente declarou-se favorável a uma política externa independente, colocando-a em prática, porém acabou lhe custando a possibilidade de continuar no governo. Teve que enfrentar uma herança negativa devido às contas deixadas pelo governo de JK, por conta da construção da cidade de Brasília e o aumento da dívida externa pela entrada maciça de capitais estrangeiros. Para superar a crise financeira do período, Jânio implantou uma severa política de austeridade e adotou medidas impopulares em ambos os setores, tanto na realidade trabalhista quanto na empresarial, como o congelamento dos salários, a restrição de crédito ao empresariado, o corte de subsídios federais e a desvalorização do cruzeiro. Por meio de medidas tributárias, Jânio pretendia bloquear em parte a acumulação de capitais e a remessa de lucros das empresas multinacionais, ferindo também os interesses estrangeiros e da classe dominante no Brasil.

A RENÚNCIA DE JÂNIO QUADROS

A partir do momento que Jânio Quadros assumiu o poder e se distanciou da plataforma Udenista de governo, uma sistemática campanha de oposição foi desencadeada sobre o governo de Jânio Quadros. Meses depois de ter assumido a presidência, Jânio Quadros rompeu com a base da UDN, perdendo assim sua capacidade de negociação junto do Congresso. Isso acarretou longas negociações com o Legislativo para que os projetos de governo fossem aprovados.

Sua forma de governo era extremamente particular, com difíceis diálogos entre as diversas esferas do governo, e enviando “bilhetinhos”, ordens explícitas e manuscritas que eram transmitidas aos ministros e a outros membros do Executivo, quase sempre desconsiderando o Congresso e qualquer tipo de negociação.

No contexto da política exterior e da diplomacia, algumas ações do presidente provocaram a crise política no governo e a pesada campanha da UDN contra Jânio:

  • A determinação de reatar as relações com a China comunista e a União Soviética, causando diversas críticas violentas da UDN de Carlos Lacerda;
  • o envio do vice-presidente João Goulart para uma missão oficial à China comunista, causando desconforto entre o governo e os militares;
  • O presidente condenou a agressiva política norte-americana em relação à Cuba de Fidel Castro;
  • Jânio Quadros acabou agraciando Ernesto “Che” Guevara com a Grã-Cruz da ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, uma das maiores honras no território brasileiro. O revolucionário cubano foi convidado a comparecer no Brasil, sendo recebido e agraciado com a medalha por Jânio Quadros. Tal ocasião desencadeou uma enxurrada de críticas por parte da UDN.

Na foto, Jânio recebe o ministro de cuba e ex-guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, em Brasília, em 1961. Tal condecoração desencadeou uma grave crise política no país.

Reprodução/Arquivo da editora

Esses gestos acabaram custando a Jânio uma acusação de estar alinhado ao comunismo. Carlos Lacerda, então governador do Estado da Guanabara (hoje o Estado do Rio de Janeiro), acusou o presidente numa rede nacional de televisão, afirmando que Jânio estaria tramando instalar um regime comunista no Brasil, similar ao de Cuba.

No dia 25 de agosto de 1961, Jânio, pressionado por uma oposição presente até mesmo no interior dos círculos militares, renunciou com a esperança de que o povo o recolocaria no poder, e assim estabeleceria um governo forte, centrado em sua autoridade pessoal. O presidente teria acusado que “forças terríveis” seriam responsáveis por sua renúncia, se referindo possivelmente as pressões externas dos americanos e as pressões internas da UDN sob a liderança de Carlos Lacerda. A renúncia de Jânio fez com que os nacionalistas e as esquerdas se posicionassem contra a ação dos militares e da elite udenista que, alegando o perigo comunista, agiram para impedir a posse de João Goulart, visto também como uma ameaça comunista para o Brasil.

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