O território brasileiro apresenta reduzida atividade geológica (dinâmica interna), e por localiza-se, predominantemente, na zona intertropical, observa-se temperaturas elevadas e chuvas, no geral, abundantes. Logo, os agentes que provocam maiores as alterações no relevo brasileiro, com exceção do ser humano, são o clima (chuvas, temperatura) e a hidrografia (rios), isto é, a dinâmica externa.
As altitudes que no geral são modestas, resultam da inexistência no Brasil dos dobramentos modernos. O nosso território não foi afetado pelos dobramentos do período Terciário (Era Cenozóica) que se verificaram na porção ocidental da placa sulamericana, onde deram origem à cordilheira dos Andes. Além disso, os escudos cristalinos do Arqueozoico são muito antigos e desgastados pelo intenso processo erosivo, que arrasou as formais mais proeminentes. Entretanto, o predomínio de baixas altitudes não significa que o relevo seja predominantemente formado por planícies. Na realidade, o relevo brasileiro é basicamente constituído de planaltos com alguns chapadões e serras, além de depressões relativas.
A diferença entre planaltos e planícies não está apenas nas suas altitudes, mas principalmente nos processos que os constituíram. As planícies são áreas relativamente planas, em que predominam processos de sedimentação (relevos em construção). Os planaltos são áreas acidentadas ou aplainadas em que predominam processos erosivos (relevos em destruição). Já as depressões são relevos aplainados, com suave inclinação e mais baixos que o entorno, em que predominam processos erosivos.
CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO
AROLDO DE AZEVEDO
Em 1949 o professor Aroldo de Azevedo (1910-1974) criou uma classificação dos compartimentos do relevo adequada a realidade geomorfológica do território brasileiro. Ao considerar as cotas altimétricas, definiu planaltos como superfícies levemente acidentadas, superiores a 200 m de altitude, e planícies como superfícies planas, inferiores a 200 m de altitude.
O autor dividiu o relevo brasileiro em oito unidades:
- Planaltos: das Guianas, Central, Atlântico e Meridional (juntos formam 59% do território brasileiro).
- Planícies: Amazônica, do Pantanal, Costeira e dos Pampas ou Gaúcha (correspondem a cerca de 41% do Brasil).
AZIZ AB´ SÁBER
O professor Ab´Sáber, em 1958, propôs em sua publicação uma alteração significativa nos critérios de definição dos compartimentos do relevo. A partir dos processos de erosão e sedimentação definiu planaltos e planícies. Planaltos, superfícies em que há o predomínio dos processos de erosão, superando os de sedimentação. Planícies, superfícies mais ou menos planas, onde os processos de sedimentação superam os de erosão, não levando em consideração as cotas altimétricas.
O autor dividiu o Brasil em dez compartimentos de relevo:
- Planaltos: das Guianas, Serras e Planaltos do Leste e Sudeste, Central, Meridional, Uruguaio Sul – Rio – Grandense, Nordestino e do Maranhão – Piauí (correspondem a 75% do território brasileiro).
- Planícies: Planícies e Terras Baixas Amazônicas, Planícies e Terras Baixas Costeiras e Planície do Pantanal (correspondem a 25%).
O Planalto Atlântico foi subdividido, de acordo com as diferenciações de estrutura geológica e de relevo, em duas porções: Planalto Nordestino e Serras e planaltos do Leste-Sudeste, além de acrescentar dois outros planaltos: o do Maranhão-Piauí e o Uruguaio Sul – Rio – Grandense.
A Planície do Pantanal foi mantida. A Planície Costeira tornou-se Planícies e Terras Baixas Costeiras. O mesmo ocorreu com a Planície Amazônica, passou a ser denominada de Planícies e Terras BaixasAmazônicas (“Planícies” – refere-se às várzeas dos rios, áreas de intensa sedimentação, e “terras baixas”, aos baixos planaltos ou platôs de estrutura sedimentar).
JURANDYR ROSS
Em 1989 o professor Ross propôs uma nova classificação baseada nos estudos anteriores, com destaque para os do professor Aziz Ab´ Sáber, além de contar com dados obtidos nos mapas e relatórios elaborados pelo Projeto Radam – Brasil. É mais complexa e detalhada que as classificações anteriores, apresenta 28 unidades geomorfológicas, com a inclusão de mais um tipo de compartimento, a depressão.
Empregou novos procedimentos baseados nas noções de Morfoestrutura – relacionada ao peso ou influência trazida pela estrutura geológica nas formas de relevo, Morfoclimática –associada a ação dos climas atuais no processo de construção das paisagens do relevo e Morfoescultura – fundamentada na influência dos climas atuais e os paleoclimas (do passado) na esculturação do relevo, com marcas impressas nas paisagens.

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OUTRAS FORMAS DO RELEVO BRASILEIRO
Escarpa: declive acentuado que aparece em bordas de planalto. Pode ser modelada pelos agentes exógenos (escarpas de erosão), ou por um movimento tectônico (escarpas de falha).

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Cuesta: forma de relevo que possui um lado com escarpa abrupta e outro com declive suave. Essa diferença de inclinação ocorre porque os agentes externos atuaram em rochas com diferentes resistências.

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Chapada: tipo de planalto cujo o topo é aplainado e as encostas são escarpadas, conhecido como planalto tabular.

Chapada Diamantina. Foto: Magdalena Paluchowska / Shutterstock.com
Inselberg: saliência encontrada em regiões de clima árido e semiárido. Sua estrutura rochosa foi mais resistente à erosão que o material que estava em seu entorno.

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