Segundo o novo dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, população: “substantivo feminino, é o conjunto ou o número, de habitantes de um país, região, cidade etc. É o conjunto de indivíduos da mesma espécie animal que vive em uma mesma região”.

Fonte: Quino 2003, p.117, tira 1.
O modelo de crescimento econômico desses países menos desenvolvidos, como o Brasil denominado de modelo de substituição das importações, provocou uma redução nas taxas de mortalidade, embora as taxas de natalidade continuassem elevadas, principalmente no meio rural e o aumento da expectativa da população brasileira.
O número de mulheres que começam a utilizar algum método contraceptivo ou anticoncepcional, nos dias de hoje, aumentou de 10% para 60% em todo o mundo, segundo dados do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Esses países menos desenvolvidos deixaram rapidamente de ter um modelo agrário e exportador, principalmente de produtos primários, passando rapidamente a países urbanos e industriais, incentivando as políticas oficiais de natalidade, com a criação de legislações sociais e trabalhistas de um paternalismo populista, favorecendo o êxodo rural.
A introdução das relações capitalistas e a capitalização do campo favoreceram ao êxodo rural, principalmente no Brasil nas décadas de 1960, 70 e 80, no período do denominado “Milagre Econômico Brasileiro”. Durante o regime militar após 1964, foi criado inclusive o Estatuto do Trabalhador Rural, acelerando esse movimento migratório, isto é, o êxodo rural. Favorecendo o inchaço nos grandes centros urbanos com mão de obra menos qualificada, proveniente do campo e sendo utilizada principalmente na construção civil e em algumas indústrias de bens de consumo nas cidades, que requer uma mão de obra menos qualificada, além da difusão dos meios de comunicação com a criação do mito das oportunidades de empregos nas cidades, principalmente no centro sul do país, fato que contribui para a permanência de injustas estruturas sociais e ampliação da concentração fundiária.
Com isso, favoreceu o crescimento demográfico desordenado das cidades, principalmente após esse crescimento econômico. A maioria dos empregos em geral era de uma baixa remuneração, com a perda da qualidade de vida principalmente nos centros urbanos, contribuindo para o processo de favelização, periferização e um crescimento urbano desordenado, com a expansão da macrocefalia urbana.
CRESCIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO [TÓPICO]
Até o início do século XX, o crescimento populacional brasileiro era bastante lento, devido principalmente às altas taxas de natalidade e mortalidade, principalmente infantil, além da baixa expectativa de vida da população do país. A coleta ou levantamento dos dados populacionais do território brasileiro é efetuado pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, através do recenseamento ou censo demográfico, esses dados estatísticos coletados como a população total, taxa de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, migrações etc. Essa coleta de dados é catalogada e divulgada pelo Anuário Estatístico do Brasil.
O crescimento demográfico registrado na maioria dos países menos desenvolvidos é bem mais elevado, destacando-se, neste caso, o continente africano e alguns países da América Latina, como o Brasil.
As taxas de natalidade são elevadas na maioria dos países, os fatores responsáveis são:
- deficiência no planejamento familiar;
- baixo grau educacional e de instrução das famílias, menos favorecidas;
- reduzido emprego de métodos anticoncepcionais, por homens e mulheres;
- menor participação das mulheres no mercado de trabalho;
- existem países que ainda possuem uma elevada população concentrada no meio rural.

Fonte: IBGE – PUC RJ.
Em meados do século XIX, o crescimento populacional brasileiro foi influenciado diretamente pela mão de obra escrava negra, expansão do trabalho livre e a migração europeia. A população se forma basicamente a partir de três grupos étnicos, o indígena nativo, o branco europeu e o negro africano, favorecendo uma intensa miscigenação entre esses grupos, mas com um crescimento vegetativo ou natural bastante lento.
A irregularidade na distribuição da população fica evidente quando alguns dados populacionais de regiões ou estados são analisados. A população brasileira estabelece-se de forma concentrada:
- Região Sudeste, com 80.364.410 de habitantes;
- Região Nordeste abriga 53.081.950 de habitantes;
- Região Sul acolhe cerca de 27.300.000 de habitantes;
- Região Norte, com 15.864.454 de habitantes;
- Região Centro-Oeste, com pouco mais de 14.000.000 de habitantes.
Fonte: IBGE – 2018
As regiões Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88,0% da população total do país distribuída em 36% de todo o território nacional, fato contrário à densidade demográfica das regiões Norte e Centro-Oeste.
Somente o estado de São Paulo concentra, segundo dado do IBGE de 2018, cerca de 44.250.000 de habitantes, sendo superior ao contingente populacional das regiões Centro-Oeste e Norte.
Três estados do país com o contingente populacional:
- São Paulo com 44,2 milhões de habitantes, taxa de 21,7% do total da população;
- Minas Gerais com 20,7 milhões, taxa de 10,2%, do total da população;
- Rio de Janeiro com 18,5 milhões uma taxa de 8,1%, do total da população. Esses três estados, concentrando 40,5% da população total do país.
Fonte: IBGE -2018.

Fonte: IBGE.
Após 1930, o crescimento populacional brasileiro foi influenciado pela crescente industrialização populista e intensa urbanização. Com melhorias no país no sistema de saúde, produção e importação de medicamentos, saneamento básico e ambiental urbano etc.
Com isso, ocorre rapidamente à transição da sociedade brasileira de agrária ou rural para urbano e industrial, contribuindo, por exemplo, a diminuição do analfabetismo no país, mas que não atendeu a toda sociedade brasileira, além de políticas de incentivo da natalidade dos governos municipal, estadual e federal, como o salário família, licença maternidade, escola pública gratuita, creches no local de trabalho etc.
Até as décadas de 1960-70, o crescimento populacional brasileiro era lento, devido às elevadas taxas de natalidade e mortalidade, principalmente infantil a partir desse momento ela começa a crescer rapidamente, devido principalmente a redução da mortalidade, mantendo as taxas de natalidade e fecundidade elevadas, com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, favorecendo o bônus demográfico.
O denominado bônus demográfico em síntese trata-se de um período no qual a população economicamente ativa, onde a maior concentração populacional está na faixa etária dos adultos, apto a se lançar no mercado de trabalho, supera largamente a de dependentes, composta por idosos e crianças. Segundo alguns especialistas, é uma condição populacional propícia ao desenvolvimento da economia de um país, com uma distribuição de renda e terras, de uma forma igualitariamente entre a população, com acesso ao básico à infraestrutura, saneamento básico e ambiental.
Com relação a esse processo do bônus demográfico, onde a parcela da população de adultos é maior que a jovens e idosos, esse contingente populacional, tende a produzir mais em todos os setores econômicos, já que ele está na faixa etária ativa, além de consumir diversos produtos específicos, favorecendo ao desenvolvimento econômico do país.
Segundo o IBGE, o Brasil após as décadas de 1960 e 1970, as taxas de natalidade e de fecundidade vem caindo acentuadamente no país, em relação às taxas de mortalidade. No ano 2000 o número de adultos superou o total de pessoas na faixa ativa em relação ao percentual de jovens e idosos, entrando em um estágio de transição demográfica.
A taxa de mortalidade infantil brasileira alcançou em 2016, segundo o IBGE, 15,6 por mil, ou seja, para cada 1000 crianças com até 1,0 ano de vida 15,6 morrem antes de completar 1,0 ano de idade. As principais causas da diminuição da mortalidade infantil no Brasil são:
- Melhoria das condições higiênicas e sanitárias;
- Difusão de campanhas informativas e preventivas;
- Avanço no acompanhamento pré e pós-natal;
- Campanhas de combate à subnutrição, através do aleitamento materno e distribuição de alimentos;
- Melhoria no atendimento médico-hospitalar.
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: IBGE.
Nas décadas de 1980 e 90, as taxas de crescimento populacional no país tornaram-se reduzidas, implicando em um crescimento populacional lento. A mortalidade continua diminuindo, ao mesmo tempo em que as taxas de natalidade, consequentemente de fecundidade, também diminuem, em função de aspectos como; utilização de métodos contraceptivos, a pílula anticoncepcional, desenvolvida na segunda metade do século XX, chegando rapidamente nos países menos desenvolvidos, a mulher ingressando no mercado de trabalho, principalmente para complementar a renda familiar, com a perda do poder aquisitivo salarial da família dificultando a criação dos fihos com uma dupla jornada de trabalho, o custo para a formação e educação de um filho principalmente nos grandes centros urbanos, os casamentos tardios, com uma média de idade mais elevada, com as aspirações profissionais e sociais, o culto ao corpo mais perfeito, a questão da sexualidade feminina, em alguns casos a influência direta da religiosidade, além do processo de emancipação da mulher no nosso país. Nas últimas décadas, os países menos desenvolvidos como o Brasil, vêm registrando uma desaceleração no crescimento populacional.
POPULAÇÃO (MILHÕES DE HABITANTES)

Fonte: IBGE – indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 12 fevereiro de 2012.
A evolução da redução da taxa de fecundidade no território brasileiro é uma das principais características da transição demográfica do país nos últimos anos. Essa taxa caiu de 6,2 em 1940, para 1,86 no ano de 2010, 1,70 no ano de 2018 e 1,5 em 2020. Vários fatores explicam a queda da taxa de fecundidade no Brasil, com destaque do aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, custo para a formação de um filho nos centros urbanos, os casamentos tardios, maior acesso aos métodos contraceptivos, favorecendo a adoção do planejamento familiar.
O NÚMERO DE CRIANÇAS VAI DIMINUIR E OS IDOSOS, AUMENTAR

Fonte: Infográfico retirado da matéria publicada no site da exame.brava.com.
Após a década de 2000, o país entra em um estágio de transição demográfica, deixando de ser um país com predomínio de jovens, para um predomínio de adultos e o aumento dos idosos. Atualmente a população brasileira é de aproximadamente 220.000.000 de habitantes, segundo dados do IBGE de 2018.
Com esse processo acelerado de maturidade da população brasileira, o país vem enfrentando alguns problemas sérios, principalmente na economia, como a necessidade de gerar novos empregos para absorver parte dessa mão de obra, dos adultos, o que vem contribuindo para uma expressiva parcela da sociedade desempregada e com mão de obra menos qualificada para o mercado formal, buscando o subemprego, desemprego e a informalidade.

Fonte: IBGE.
Com o aumento do número de idosos, o país vem atravessando sérios problemas, com maiores gastos públicos em aposentadorias, previdência social, saúde e lazer, além da dificuldade e recolocação dessa mão-de-obra no mercado formal de trabalho, consequentemente o governo federal aprovou recentemente a reforma da previdência social na câmara e senado federal para tentar sanear as contas dos governos federal, estadual e municipal, pois além do aumento do número dos idosos, a população brasileira está vivendo mais anos, aumentando a sua longevidade.
ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: POPULAÇÃO COM 60 OU MAIS ANOS

Fonte: IBGE – PNAD.
A população dos países da América do Sul, no seu processo de colonização da grande maioria de exploração pelas potências europeias. Os principais povos que ajudaram a formar a nação brasileira foram os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, além dos indígenas, os primitivos habitantes do país e os negros africanos, que, durante séculos, foram trazidos como mão de obra escrava, na grande maioria.
Essa construção do país durou vários séculos e teve dois aspectos principais:
- Como a unidade e formação territorial, isto é, a ocupação da terra e sua delimitação por meio de fronteiras;
- A criação de uma sociedade ou de uma nação com sua cultura, com os seus valores e hábitos atuais e instituições próprias.
Como a população brasileira, são formados por três tipos étnicos básicos com os indígenas, os primitivos habitantes do continente da América do Sul, os negros trazidos do continente africano, sendo utilizado no primeiro momento como mão de obra escrava, principalmente na agropecuária, primeiramente no cultivo da cana de açúcar e o branco europeu colonizador.
Nos séculos XIX, XX e XXI, um grupo étnico vem participando mais intensamente na formação da população de alguns países Sul-Americanos, como no território brasileiro, são os asiáticos principalmente pelos japoneses e chineses.
A miscigenação que ocorreu no território brasileiro com esses grupos étnicos deu origem à diversidade étnica ou mestiça, como:
- Branco + Preto (Negro) = Mulato;
- Índio + Preto (Negro) = Cafuzo;
- Índio + Branco = Caboclo, segundo alguns autores, também conhecido em algumas regiões do país como caiçara, mameluco, caipira ou capiau.

Fonte: www.atlasbrasil.org.br
No relatório do índice de Desenvolvimento Humano IDH, de 2008, o Brasil estava em 70º lugar, com índice de 0,807, no último levantamento divulgado em 2009, o índice de IDH no país cresceu a 0,813, mas não evitou que o país descesse ao 75º lugar. Em 2018 o IDH do país subiu 0,01 ponto, chegando ao patamar de 0,759, apesar da deficiência de acesso de uma parcela da população em relação à educação, saúde, saneamento básico, emprego etc.
Esse novo índice manteve o Brasil na 79ª posição no ranking que inclui 189 países, na América Latina, o país ocupa o 5º lugar, perdendo para Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela. O IDH brasileiro está acima da média regional da América Latina e Caribe, de 0,758.
Segundo o IDH, em relação à avaliação das regiões do Brasil, a macrorregião Sul ficou com 0,844, sudeste 0,838, centro oeste 0,826, norte 0,706 nordeste 0,608. O estado do Rio Grande do Sul é a unidade da Federação brasileira com o mais alto IDH, 0,871, depois vem São Paulo 0,850, Santa Catarina 0,842 e Rio de Janeiro 0,838. O Distrito Federal tem o seu IDH, 0,858, mas não é um estado da federação. Os estados da federação brasileira com os menores índices foram a Paraíba 0,466, Alagoas 0,500, Piauí 0,502, Ceará 0,506 e o Maranhão 0,512.
A cidade de São Caetano do Sul no estado de São Paulo tem o maior IDH do país, com 0,919, de acordo com o último levantamento nacional de 2018. Já a cidade de Manari no estado de Pernambuco é a cidade com menor índice do país com 0,467.
Com esses dados chegamos à conclusão de que o Brasil não é pobre, mas sim é um país com uma população empobrecida. Com uma intensa desigualdade social e econômica, que vem se acentuando nos últimos anos, principalmente no momento que o mundo atravessa, com a pandemia do Covid 19, acentuando essa desigualdade econômica e social, favorecendo a concentração de renda, nesse modelo capitalista neoliberal excludente.
Também está relacionado nesse contexto a questão da qualificação da mão de obra que afeta a maior parcela da população do país, que está vinculado diretamente ao acesso no sistema educacional de qualidade, a péssima distribuição de renda e terra para a produção agrícola de subsistência, além da maior parte da população está excludente em relação a infraestrutura, saneamento básico e ambiental, no território brasileiro.