SEMÂNTICA VERBAL
É importante compreender que a ideia de presente não é o momento em que se vive, ou o momento eu que se recebe a mensagem. Toda referência de tempo presente é o momento em que o texto é confeccionado, ou seja, o momento no qual o autor produz o texto. Vejamos os respectivos modos e tempos:
MODO INDICATIVO
Já sabemos que indica, em regra, um evento real, não hipotético.
PRESENTE
Indica um hábito presente. Não há necessidade efetiva de o fato estar ocorrendo. Podemos encontrar matizes semânticos distintos dentro deste tempo verbal, que irão desconstruir o raciocínio de que o presente representa o momento em que a ação acontece. Vejamos:
PRESENTE PONTUAL
Representa o momento em que a ação se desenvolve.
Exemplo: Eu estou lendo esta frase. (A leitura acontece agora).
PRESENTE HABITUAL OU FREQUENTATIVO
A essência do hábito é o intervalo entre fazer ou não determinada coisa.
Exemplo: Eu durmo bem todos os dias. (Não estou dormindo agora, mas há um intervalo entre dormir e não dormir).
PRESENTE PERMANENTE
Ocorre sem parar.
Exemplo: A Terra gira em torno do Sol. (Reparemos que a Terra não para de girar, permanece a todo instante girando).
PRETÉRITO PERFEITO
Indica um evento passado encerrado, finalizado. Pode-se usar o termo “ontem” para efetuar a sua conjugação. O pretérito perfeito também pode ser chamado de passado pontual.
Exemplo: Você leu o jornal do último sábado?
PRETÉRITO IMPERFEITO
Denota um evento habitual, costumeiro no passado. Para a sua conjugação, é interessante o uso de “antigamente”. Esse tempo pode ser chamado também de passado habitual, frequentativo ou impontual.
Exemplo: Nós nos encontrávamos diariamente.
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
Denota uma ação passada anterior a outro fato também passado. É importante frisar que, para o seu uso ser perfeito, é fundamental já haver outro elemento também com ideia de passado. Algumas bancas já usaram a denominação passado do passado para representar o pretérito mais-que-perfeito.
Exemplo: Quando eu entrei na sala, ela já desligara a televisão.
Observe que a ação de desligar a televisão é pretérita e ainda anterior a outra ação passada: a de entrar na sala.
FUTURO DO PRESENTE
Indica uma ação futura em relação ao momento em que o texto foi confeccionado ou em relação a uma condição futura. Por consequência, acabará coligado ao futuro do subjuntivo. Para a sua conjugação, pode ser utilizado “amanhã”. Este tempo é considerado, apesar de futuro, factual, e não hipotético.
Exemplo: Na próxima semana, faremos a prova.
Se você estudar, aprenderá a matéria.
FUTURO DO PRETÉRITO
Indica uma consequência futura de um fato passado. É importante compreender que, nesta situação, a referência não é o momento em que o autor confeccionou o texto. Diferentemente do futuro do presente (futuro em relação ao momento presente – momento da criação do texto), o evento é um efeito futuro de um fato que não ocorreu. Sendo assim, a consequência poderia ser certa, provável ou duvidosa, em conformidade com os elementos que o texto oferecer. Torna-se, por fim, fundamental concluir que, por este tempo representar uma consequência futura de fato passado, é natural que fique coligado ao pretérito imperfeito do subjuntivo.
Exemplo: Se você trouxesse uma cerveja, eu a beberia.
Preste atenção a esta explicação: a condição não ocorreu, portanto o efeito também não. Imagine a seguinte situação: o autor da frase gosta de todas as marcas de cerveja, portanto se o outro trouxesse a cerveja, ele com certeza beberia. Digamos que ele goste apenas de 50% das marcas, então se o outro trouxesse a cerveja, possivelmente (dúvida) o autor da frase beberia. Por fim, imaginemos que o texto indique que há a aprovação de quase todas as cervejas, portanto se o outro trouxesse a cerveja, o autor provavelmente a beberia. Destarte, torna-se fundamental o contexto para se concluir se a consequência é certa, provável ou duvidosa.
Observação: O futuro do pretérito também pode indicar uma ideia de polidez. É muito comum a resposta GOSTARIA quando alguém nos oferece algo. Este uso indica uma forma mais educada de expressão.
MODO SUBJUNTIVO
Já sabemos que indica, em geral, evento hipotético, possível, duvidoso.
PRESENTE
Fato atual expressando possibilidade, dúvida. Pode-se utilizar MARIA QUER QUE para a sua conjugação neste tempo.
Exemplo: Talvez ele venha.
PRETÉRITO IMPERFEITO
Mostra uma situação hipotética no passado que geraria um efeito futuro. É recomendável utilizar SE ONTEM para a conjugação verbal neste tempo.
Exemplo: Se ele estudasse, aprenderia a matéria.
FUTURO
Indica uma condição futura anterior a uma consequência também futura. Podem-se utilizar as estruturas SE AMANHÃ ou o consagrado QUANDO para conjugação verbal neste tempo.
Exemplo: Se ele voltar aqui, todos ficarão felizes.
MODO IMPERATIVO
Já sabemos que indica ideia de ordem (quem recebe é obrigado a cumpri-la), solicitação (quem recebe o pedido não é o beneficiado), conselho (quem recebe a sugestão é o beneficiado).
Exemplo: Por favor, pega um copo de cerveja.
Pedido, solicitação (quem pediu é o beneficiado)
Exemplo: Soldado, venha aqui!
Ordem (o soldado é obrigado a cumprir a ordem)
Exemplo: Não te atrases, que serás demitido.
Conselho, sugestão (quem recebe o conselho é o beneficiado pelo próprio conselho)