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Centralização e descentralização industrial

A centralização e descentralização industrial referem-se à distribuição geográfica das atividades industriais em uma região ou país. A centralização concentra a produção em poucas áreas, enquanto a descentralização busca dispersá-la em diversas localidades. Esses processos têm implicações na economia, na logística e no desenvolvimento regional.

A CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL NO SUDESTE

O processo de industrialização brasileiro teve início na região Sudeste, como herança histórica do ciclo do café. A atual concentração industrial nessa região, especialmente na Grande São Paulo, é explicada pela complementaridade industrial e pela concentração de investimentos públicos em infraestrutura industrial nos setores de energia e transportes, combinados há existência de um grande mercado consumidor e mão de obra. Além disso, a atuação estatal através de diversos planos governamentais, como o Plano de Metas, acentuou esta concentração no Sudeste, destacando novamente São Paulo. A partir desse processo industrial e, respectiva concentração, o Brasil, que não possuía um espaço geográfico nacional integrado, tendo uma estrutura de arquipélago econômico com várias áreas desarticuladas, passa a se integrar. Esta integração reflete nossa divisão inter-regional do trabalho, sendo tipicamente centro-periferia, ou seja, com a região Sudeste polarizando as demais.

A DESCENTRALIZAÇÃO INDUSTRIAL

A onda de desconcentração espacial das indústrias que já vinha sendo registrada desde a década de 1970 sofre um efeito catalisador a partir desse período, por meio da chamada Guerra Fiscal, em que cidades em vários pontos do Brasil oferecem incentivos, e até mesmo renúncias fiscais e financiamento do parque industrial de empresas, no intuito de hospedar empreendimentos. 

Atualmente, seguindo uma tendência mundial, o Brasil vem passando por um processo de descentralização industrial, chamada por alguns autores de desindustrialização, que vem ocorrendo intrarregionalmente e também entre as regiões. 

Dentro da Região Sudeste há uma tendência de saída do ABC Paulista, buscando menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo Horizonte. Estas áreas oferecem, além de incentivos fiscais, menores custos de mão de obra, transportes menos congestionados e por tratarem-se de cidades-médias, melhor qualidade de vida, o que é vital quando trata-se de tecnopolos.

Adaptado de SANTOS, Douglas. Geografia das redes: o mundo e seus lugares. São Paulo: Editora do Brasil, 2010.

A desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o crescimento de cidades-médias dotadas de boa infraestrutura e com centros formadores de mão de obra qualificada, geralmente universidades. Além disso, percebe-se um movimento de indústrias tradicionais, de uso intensivo de mão de obra, como a de calçados e vestuários para o Nordeste, atraídas, sobretudo, pela mão de obra extremamente barata. Nos últimos anos estamos verificando uma crescente descentralização da atividade industrial no país. Além da descentralização regional, destacamos a fuga de investimentos dos grandes centros industriais tradicionais.

As regiões industriais tradicionais já não atraem grandes investimentos. As principais causas são: 

  • A mão de obra é mais cara;
  • Existe maior concorrência;
  • presença de fortes sindicatos;
  • A fiscalização ambiental é mais rigorosa;
  • Os grandes terrenos são escassos e quando são encontrados custam caro;
  • O governo não concede mais incentivos fiscais para regiões com grande desenvolvimento industrial, etc.

Os novos investimentos industriais estão se dirigindo prioritariamente para as cidades médias do interior, sobretudo em função da implantação dos ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLs), sendo atraídos pelos seguintes fatores:

  • Mão de obra mais barata;
  • Menor organização sindical;
  • Os governos implantam distritos industriais, onde oferecem os terrenos com toda infraestrutura e participam em alguns casos dos investimentos para a implantação de indústrias;
  • A concessão de incentivos fiscais;
  • A menor concorrência etc.

Portanto, nos dias atuais, as cidades de médio porte, principalmente localizadas nos estados do Centro-sul são aquelas que atraem maiores investimentos no setor industrial.

Observação: A partir da metade da década de 1970, com a dispersão dos investimentos em direção ao interior do estado de São Paulo e demais regiões do Brasil, o avanço da “guerra fiscal” e o fortalecimento de alguns setores sindicais, vem ocorrendo uma significativa dispersão do parque industrial. A partir do início dos anos 1990, os índices de crescimento econômico no interior paulista revelaram-se superiores aos registrados pela metrópole e, em escala nacional, as taxas de crescimento econômico observadas no Sul, no Norte e no Centro-Oeste do país mostram-se maiores, percentualmente, que as registradas no Sudeste.

A FORMAÇÃO DOS TECNOPOLOS BRASILEIROS

Parques tecnológicos ou parques científicos ou ainda tecnopolos representam a geografia industrial da Revolução Técnico-científica, cujo fator de produção mais importante é o conhecimento. Os parques científicos em geral se desenvolvem em torno de universidades e centros de pesquisa, muitas vezes no interior do próprio campus, porque aí estão os fatores locacionais mais importantes para as indústrias que nele se instalam: produção de conhecimentos e mão de obra altamente qualificada. É comum também a existência de incubadoras de empresas nos parques tecnológicos para estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento de empresas de alta tecnologia.

Principais tecnopolos do Brasil:

  • São Carlos (SP), onde se encontram a USP e a UFSP. As pesquisas mais avançadas são realizadas no desenvolvimento de materiais supercondutores de eletricidade, (cerâmica);
  • Campinas (SP), onde se encontram a UNICAMP e a PUCCAMP. As pesquisas mais avançadas são realizadas nas áreas da informática, biotecnologia, robótica etc.
  • São José dos Campos, onde estão localizados o ITA, CTA, INPE. As pesquisas mais avançadas estão nos setores da aeronáutica e aeroespacial.
  • Rio de Janeiro, onde estão localizados a UFRJ, FIOCRUZ, IME. As pesquisas mais avançadas se desenvolvem nas áreas da engenharia e biotecnologia.

É importante salientar que um simples agrupamento de empresas e instituições de pesquisa não se transforma automaticamente num tecnopolo, são necessários vários atributos considerados fundamentais, como:

1. Pré-disposição ao intercâmbio entre os agentes envolvidos.
2. Arranjos institucionais pouco burocratizados e mais ágeis.
3. Facilidade para a difusão de cada progresso tecnológico.
4. Infraestrutura adequada.

Observação: Tecnopolo é uma expressão utilizada para referir-se a um centro de produção de alta tecnologia, baseado nas informações da indústria quaternária que inclui os setores de robótica, cibernética, informática, etc.

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