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Caso alemão – da Repúlica de Weimar (1919-1933) à ascensão do nazismo

Entre julho e agosto de 1918, a contraofensiva comandada pelo general francês Ferdinand Foch em Marne e Aisne, conjugada ao ataque a Amiens, determina a inviabilidade de continuidade da Primeira Guerra Mundial para a Alemanha: as tropas germânicas se retiram para a linha Siegfried. Em 14 de agosto de 1918, o Alto Comando alemão, reunido no Quartel General de Spa, reconhece a inutilidade de prosseguir o conflito. No mês seguinte, Hindenburg e Ludendorff propõem um armistício imediato.

A frustração pela derrota na guerra, a crise econômica dela decorrente, a influência da ideologia marxista e o exemplo da vitória dos sovietes na Rússia detonam uma série de levantes populares na Alemanha: rebelião da esquadra em Wilhelmshaven (outubro); sublevação da base naval de Kiel; formação de conselhos revolucionários de trabalhadores e soldados em Hamburgo, Hannover, Stuttgart e Munique (liderado pelo socialista revolucionário Kurt Eisner); proclamação da República na Baviera (novembro). A Revolução chega até Berlim. O kaiser Guilherme II abdica em 9 de novembro e segue para o exílio na Holanda, colocando fim ao período da dinastia Hohenzollern no poder.  

Phillipp Scheidemann e Karl Liebknecht, separadamente, proclamam a República na Alemanha. Scheidemann, representante moderado do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), quer evitar a radicalização do processo político; Liebknecht, ao contrário, declara uma República socialista em Berlim.  

O SPD, juntamente ao Zentrum (partido católico de centro), representava o mais importante partido político da República de Weimar (1919-33). O SPD foi formado a partir do Congresso de Gotha (1875), unindo o discurso democrático e socialista de Lassalle, e a teoria revolucionária marxista de August Bebel e Karl Liebknecht. Durante o Congresso de Erfurt (1891), o partido acolhe o marxismo ortodoxo. Entretanto, alguns membros, como Karl Kautsky e Eduard Bernstein, condenam esta tendência: o primeiro, por considerar precoce uma revolução; o outro, por defender uma visão idealista e reformista.  

Antes da Primeira Guerra Mundial, o SPD já era o maior partido do Reichstag. Em 1914, ele aceita a “União Sagrada”, isto é, apoia o nacionalismo alemão no conflito europeu. Rosa Luxemburgo, em um artigo que assinou como Junius, criticou o patriotismo da social-democracia como contrário à causa trabalhadora. Esta posição do SPD favorece a criação de duas correntes dissidentes: o Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD) e a Liga dos Espartaquistas (Spartakusbund). Os partidários do SPD passam a ser denominados de “majoritários”.

Os espartaquistas, liderados por Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, são oriundos de um grupo radical dos “independentes”. O nome se refere ao periódico clandestino Spartacus (também o nome do líder da revolta escrava em Roma no ano de 71 a.C.). Os espartaquistas se retiram do USPD após a convocação de eleições para a Assembleia Nacional. Posteriormente, em 30 de dezembro de 1918, a Liga Espartaquista daria origem ao Partido Comunista da Alemanha (KPD).

Friedrich Ebert, presidente do Partido Social-Democrata da Alemanha, assume como chanceler, apoiado pelo general Wilhelm Gröner, sucessor do general Erich von Ludendorff. O novo governo é integrado por três socialistas majoritários e três independentes. O radicalismo de esquerda se agrupa em torno da Liga Espartaquista, que propõe a ditadura do proletariado. Ebert e os militares fazem um acordo para aniquilar os espartaquistas ligados a Liebknecht.  

A Alemanha assina o armistício de Rethondes (11 de novembro): o novo governo é autorizado a manter 5.000 metralhadoras com vistas a reprimir qualquer tentativa revolucionária. Em 15 de novembro, é assinado o acordo Stinnes-Legien, que prevê o reconhecimento da representatividade dos sindicatos e de vantagens sociais, que tinha por objetivo enfraquecer o discurso revolucionário espartaquista.  

Entre 16 e 21 de dezembro de 1918, ocorre o Congresso dos Conselhos de Operários e de Soldados (Berlim). São eleitos 489 delegados, dos quais 289 social-democratas, 90 independentes e apenas 10 espartaquistas. A proposta de criação de uma Assembleia Nacional é aprovada pela maioria de 344 deputados. Os espartaquistas não aceitam a proposta de uma Assembleia Nacional e fundam o Partido Comunista da Alemanha (KPD), advogando a luta revolucionária e elegendo um Comitê Diretor (Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo). A repressão do governo aos espartaquistas provoca a demissão dos socialistas independentes (28 de dezembro), garantindo um gabinete exclusivamente composto por majoritários e presidido por Scheidemann.  

Em janeiro, ocorre a chamada “Semana Vermelha”: greves gerais insurrecionais organizadas pelos comunistas ameaçam o governo. O movimento iniciado em Berlim se estende a Baviera, Hamburgo, Munique, Saxônia, Sarre e Bremen (onde uma República soviética é proclamada). A repressão é composta por forças do Exército e de voluntários monárquicos, liderados pelo social-democrata Gustav Noske.  

Em 15 de janeiro de 1919, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo são assassinados por Freikorps (brigadas paramilitares). Seus cadáveres são abandonados nos esgotos de Berlim, simbolizando o fim do movimento espartaquista na Alemanha. O perigo comunista na Alemanha, consubstanciado no levante espartaquista, contudo, não seria o único elemento que favoreceria a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha. Em 1922, pelo Tratado de Rapallo, as relações entre a Alemanha e a União Soviética, os dois excluídos das relações internacionais, são normalizadas.  

Em 1923, tropas francesas e belgas promovem a ocupação do vale do Ruhr para exigir da Alemanha o pagamento de indenizações de guerra previstas no Tratado de Versalhes. Naquele mesmo ano, Hitler, austríaco de nascimento, tentaria, sem sucesso, um golpe de Estado e acabaria sendo preso. O Judiciário, rigoroso com os comunistas, foi brando para com Hitler, que seria condenado a uma pena leve e aproveitaria o tempo de reclusão para escrever Mein Kampf, a obra máxima da doutrina nazista.  

Fonte: https://ichef.bbci.co.uk/news/1024/branded_portuguese/16BBC/production/_91761139_553-1.jpg

Em 1925, o governo social-democrata da Alemanha assina o Tratado de Locarno, considerado uma grande traição nacional, pois reconhecia as fronteiras impostas pelo Tratado de Versalhes, quando a Alemanha perdia cerca de um oitavo do seu território. Em 1925, finalmente a Alemanha é admitida na Liga das Nações. Dois anos depois, americanos e franceses idealizam o fim das guerras pelo Pacto Kellog-Briand. Os programas econômicos que previam a retomada do desenvolvimento da economia alemã, Dawes (1924) e Young (1929), são repentinamente suspensos por conta da crise econômica de 1929. A Alemanha sofre com uma hiperinflação que concederia ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha (NSDAP) vantagem nas eleições de 1932. Em janeiro de 1933, Hitler se tornaria chanceler da Alemanha de modo democrático. Pouco tempo depois, em fevereiro, um episódio conhecido como “incêndio do Reichstag”, o prédio do Parlamento, serviria de pretexto para Hitler impor a ditadura. O incêndio foi atribuído a um complô comunista e Hitler receberia poderes especiais para impor seu novo estilo de governo. Era o início do III Reich e o falecimento da efêmera experiência democrática da República de Weimar.

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