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Agropecuária brasileira – Parte 2

A agropecuária brasileira desempenha um papel fundamental na economia do país. Caracterizada por uma grande diversidade de culturas e criações, é uma das principais fontes de exportação e emprego. A sua evolução e desafios refletem a dinâmica da agricultura e pecuária no Brasil, com impactos ambientais e sociais significativos.

A PENETRAÇÃO DO CAPITALISMO NO CAMPO

Ocorreu a partir da década de 1950, quando os países desenvolvidos intensificaram o processo de industrialização da agricultura no mundo subdesenvolvido como parte da estratégia de revigoramento do sistema capitalista em âmbito mundial. O processo tinha por objetivo aumentar a produção e a produtividade da agricultura nos países do Terceiro Mundo, promovendo o uso de máquinas e tratores, fertilizantes, equipamentos de irrigação, defensivos agrícolas, sementes selecionadas e alteradas geneticamente. Esse período ficou conhecido como REVOLUÇÃO VERDE.

Observação: A Revolução Verde foi um conjunto de medidas voltadas ao aumento da produção agrícola nos países pobres, destacando-se a modernização das práticas agrícolas (utilização de adubos químicos, inseticidas, herbicidas, sementes melhoradas) e a mecanização do preparo do solo, do cultivo e da colheita.

Esse modelo de produção proporcionou aumento de produtividade por área cultivada e crescimento da produção de alimentos, mas isso ficou restrito às grandes propriedades que possuíam terras planas que pudessem ser mecanizadas e capacidade de investimento para a compra das máquinas e insumos. Em muitos países essa modernização da produção, e a consequente substituição dos trabalhadores por máquinas, provocou êxodo-rural e colaborou para o aumento dos índices de pobreza.

A MODERNIZAÇÃO DAS TÉCNICAS AGRÍCOLAS: mecanização, irrigação, seleção de sementes, biotecnologia etc. – aumenta a produtividade e reduz a necessidade de mão de obra atuando diretamente na produção. Em contrapartida, são gerados empregos em atividades secundárias e terciárias: operadores de máquinas, motoristas, vendedores, administradores, trabalhadores das áreas de limpeza, alimentação, segurança etc. Além disso, vem aumentando bastante a densidade de atividades ligadas ao turismo, ao lazer, à prática de esportes, aos transportes, à energia, entre outros.

MODOS DE EXPLORAÇÃO DA TERRA

Exploração Direta: ocorre quando o proprietário, mantendo ou não empregados, encarrega-se diretamente do trabalho com a terra. Nas grandes propriedades, é comum haver um administrador ou capataz para cuidar da fazenda e dos empregados. Nas pequenas propriedades, os trabalhos são geralmente realizados pelo proprietário e sua família.

Exploração Indireta: é aquela realizada por terceiros ou não proprietários. As principais modalidades são:

  • PARCERIA – o proprietário empresta a terra a terceiros em troca de parte da produção. Conforme o combinado, essa parte pode ser, por exemplo, a metade (sistema de meação) ou a terça parte.
  • ARRENDAMENTO – a terra é alugada a terceiros, mediante pagamento em dinheiro, em produção e até mesmo em prestação de serviços.
  • OCUPAÇÃO – a terra é ocupada e explorada sem pagamento, com ou sem o consentimento do proprietário.

AS RELAÇÕES DE TRABALHO NO CAMPO BRASILEIRO

TRABALHO FAMILIAR: caracterizado pelo predomínio de mão de obra familiar em pequenas e médias propriedades, está presente em pelo menos 80% dos estabelecimentos agrícolas do país. Na AGRICULTURA FAMILIAR todas as decisões relativas a administração, investimentos e sobre o que e como produzir são tomadas pelos membros de uma família. Nesse tipo de agricultura predomina o trabalho realizado pelos membros da família e, às vezes, de mão de obra contratada.

TRABALHO ASSALARIADO: empregados em fazendas e agroindústrias representam apenas 10% da mão de obra agrícola. São trabalhadores que possuem registro em carteira e recebem, portanto, pelo menos um salário mínimo mensalmente, além do direito a férias, 13° salário, FGTS, descanso semanal remunerado e aposentadoria. Na AGRICULTURA PATRONAL predomina a utilização de mão de obra contratada (assalariada) e desvinculada do proprietário da terra, em caráter permanente ou temporário.

Grau de formalização das relações de trabalho entre os empregados do grupamento agrícola

Fonte: PNAD 2008 Elaboração: Disoc/Ipea

O trabalho temporário cresceu muito no país a partir de 1964, após a criação do ESTATUTO DO TRABALHADOR RURAL (implantado em 1964), sendo o boia-fria o principal personagem.

Os boias-frias (peão, volante ou corumbá) são representados por trabalhadores rurais sem terra que residem nas periferias das pequenas e médias cidades do interior, em acampamentos de trabalhadores rurais sem terra e ainda por pequenos proprietários de terras que vendem a sua força de trabalho para complementar a renda familiar. Eles são contratados por um agente intermediário denominado “gato”, não possuem carteira de trabalho assinada, portanto, não são assegurados os seus direitos trabalhistas, tais como férias proporcionais, 13º salário, FGTS etc. Trabalham em longas jornadas diárias, recebendo de acordo com o trabalho executado. Eles são contratados para trabalhos temporários, principalmente na época da colheita.

PRINCIPAIS PROBLEMAS DA AGRICULTURA BRASILEIRA

O Brasil possui um dos maiores espaços de terras cultiváveis do planeta, porém ainda estamos longe de sermos o celeiro do mundo. Inúmeros problemas afetam a agricultura brasileira, com destaque para:

  • subaproveitamento do espaço agrário nacional;
  • a baixa produtividade na maioria das propriedades rurais, resultante do emprego de técnicas arcaicas;
  • o baixo nível técnico do agricultor brasileiro;
  • o emprego de técnicas incorretas de manejo de solo, o que contribui para o aumento da erosão e a perda de milhares de hectares de terras férteis todos os anos;
  • o grande desperdício, que atinge mais de 15% da produção nacional;
  • políticas protecionistas praticadas por diversos países importadores;
  • as deficiências de infraestrutura nos setores de energia elétrica, transporte e armazenagem;
  • baixa disponibilidade de crédito e financiamentos.

O AGRONEGÓCIO NO BRASIL

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina e de frango. Lideramos a produção mundial de café, somos um dos maiores produtores mundiais de soja, concentrado de laranja, cana-de-açúcar. O grande crescimento do chamado agronegócio já incomoda outros grandes produtores mundiais, inclusive os EUA, que já se sente ameaçado pelo rápido crescimento da agropecuária empresarial no país.

O agronegócio tem uma grande participação nas exportações brasileiras, contribuindo muito para o crescimento do superávit comercial verificado nos últimos anos. 

O Brasil apresenta um saldo positivo no agronegócio e este, por sua vez, tem sido a alavanca de desenvolvimento de inúmeras regiões do país.

A região Centro-Sul responde por boa parte da agricultura empresarial deste país, sendo hoje a região Centro-Oeste o grande celeiro da Nação, destacando-se como grande produtora de grãos (a soja é o mais importante) e como a mais importante região de criação do país.

O agronegócio está vinculado aos chamados complexos agroindustriais, que correspondem a articulação da agropecuária com as chamadas indústrias para a agricultura, tais como: produtoras de máquinas, fertilizantes, sementes, equipamentos de irrigação, defensivos agrícolas, vacinas para o gado etc. Os complexos agroindustriais também estão relacionados às indústrias que beneficiam os produtos agropecuários (óleos vegetais, carne, açúcar, algodão, laranja etc). O complexo agroindustrial brasileiro é dominado por empresas multinacionais, que já na década de 1970 exerciam o controle dessas atividades no país.

Observação: Os COMPLEXOS AGROINDÚSTRIAIS são unidades de produção onde as atividades agrícolas e industriais estão integradas na mesma propriedade, como uma usina que planta e produz açúcar e álcool. Já os AGRONEGÓCIOS são todas as atividades envolvidas na produção, comercialização, administração, processamento, armazenagem e outros ramos que fazem parte da cadeia produtiva, necessários para que um produto agrícola chegue ao mercado consumidor.

Fonte: Ministério da Agricultura. “Da porteira para Dentro”; valores deflacionados pelo IGP-DI da FGV de julho de 2013 e baseados em provisões da safra da IBGE.

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