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A Revolução Francesa: Diretório (1794-1799)

A fase do Diretório marca o retorno da alta burguesia francesa ao poder e o retrocesso em termos de avanços sociais obtidos no período anterior. Os girondinos voltariam a enfrentar, contudo, um dos maiores desafios existentes desde o momento em que a Assembleia Nacional foi proclamada em 1789: conjugar um governo moderado que acabasse com a possibilidade de retorno da aristocracia ao poder e, ao mesmo tempo, evitar a ascensão de classes populares ou de radicais de esquerda que mobilizassem os sans-culottes em uma nova experiência jacobina.

As primeiras medidas do Diretório dizem respeito à reestruturação da forma de governo na França. O novo regime político seria composto por um Legislativo de tipo bicameral, com a existência de uma Câmara de Deputados e de um Senado. O Executivo seria formado por cinco membros, indicados pelo Legislativo, que formariam um Diretório. A evidente descentralização indicava uma grande preocupação em evitar um novo governo de tendência ditatorial, como o ocorrido com os jacobinos devido à concentração de poderes nas mãos de Robespierre no Comitê de Salvação Pública. Uma nova Constituição seria votada, a terceira do período revolucionário, em 1795, que consagraria o retorno do voto censitário, alijando, desta forma, a participação das classes populares do processo decisório.  

(Fonte: https://historiaybiografias.com/ilustracion3/)

O Diretório se preocupou também em eliminar os traços deixados pelo período radical jacobino em termos de estrutura de poder: os Comitês e o Tribunal revolucionário foram abolidos, assim como o próprio Clube Jacobino foi jogado na ilegalidade. A Lei dos Máximos foi revogada e o governo tomou, ainda, medidas no sentido de reprimir manifestações populares. A escravidão foi restabelecida nas colônias apesar de a Revolução Haitiana ser irreversível. O radicalismo jacobino engoliu os próprios filhos e favoreceu o retorno ao status quo da primeira fase revolucionária. Apesar de o novo regime demonstrar uma irascível vontade de reconstruir a nação a partir de uma base moderada burguesa, a fragilidade do governo revelou-se pelas reações aristocráticas e populares que ameaçaram a ordem estabelecida no Nove de Termidor. O Diretório começa a sofrer pressões que colocaram a alta burguesia girondina em situação delicada. A despeito das vitórias militares no exterior contra as coligações europeias, havia a suspeita de que grupos aristocráticos estariam articulando movimentos contrarrevolucionários pelo retorno da família Bourbon ao poder, deixando o governo em alerta. A proteção militar que o Exército representava contra as ameaças conservadoras e populares seriam uma tendência crescente na história política francesa contemporânea, de Napoleão a De Gaulle: a intromissão dos generais em assuntos da esfera civil.  

Dentre os vários movimentos contra o Diretório, podemos destacar a “Conspiração dos Iguais”, arquitetada em 1796, por Graco Babeuf, e que suscitava muitas das realizações populares dos Jacobinos na fase anterior. O general corso Napoleão Bonaparte, que já havia socorrido o Diretório contra um movimento contrarrevolucionário de inspiração monarquista, mais uma vez evitou o golpe de Estado através de sua ação militar direta contra os conspiradores.

A instabilidade do governo, que aparentemente poderia ruir a qualquer momento por conta de uma intervenção aristocrática ou popular, favoreceu a ambição pessoal do general Napoleão Bonaparte, o qual realizaria seu próprio golpe de Estado contra o Diretório, fechando-o e iniciando um processo que conduziria o governo da França a uma nova ditadura. O período napoleônico, entretanto, apesar de ser tão autoritário como o “despotismo da liberdade” dos jacobinos, não esteve compromissado com as classes populares. O governo napoleônico, ao contrário, caracterizaria-se por um acordo tácito com os setores burgueses existentes, ao proteger a propriedade privada e evitar a ascensão do radicalismo jacobino ou das classes populares ao poder.

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