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A região geoeconômica – Amazônia

A Amazônia, além de sua riqueza ambiental, é uma região de enorme potencial geoeconômico. Suas reservas minerais, biodiversidade e papel no ciclo hidrológico não só impactam o Brasil, mas também têm relevância global, desafiando a busca por um equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.

Segundo o novo dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda.

Região: É uma vasta extensão de um terreno ou território de uma área, país ou continente, que se distingue das demais por suas características físicas, administrativas, econômicas ou políticas. Podendo ser também um território caracterizado por um alto percentual de flora e fauna, apresentando uma vegetação e animais semelhantes no aspecto endêmico”. 

Fonte: Quino – Tira da Mafalda

A REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL

Desde 1940 várias divisões regionais foram feitas pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, diverso foram os critérios utilizados até hoje, como o de regiões naturais, homogêneas e geoeconômicas.

Antes de abordamos efetivamente essa maneira de regionalizar o território nacional, que é justamente a divisão regional oficial do Brasil realizada IBGE, é interessante ressaltar que os primeiros indícios de divisão regional do Brasil estiveram pautados na ideia de região natural, onde se encontra um enfoque maior nos aspectos naturais de cada região, deixando de lado em grande parte outros aspectos vitais como forma de análise, além de não levar em consideração as inter-relações entre o homem e o meio ambiente, e os seus inúmeros processos de transformação do espaço geográfico.

Fonte: Atlas Geográfico Escolar – MEC – IBGE.

Não sendo interessante utilizarmos uma divisão regional apoiada na ideia de região natural, que impossibilita uma análise mais completa sem a percepção do homem como agente de transformação do espaço geográfico, com a construção de paisagens artificializadas ou segunda natureza humanizada.

Chegando posteriormente ao conceito de região geográfica onde se evidenciaria a ação transformadora do homem sobre determinado ambiente, ou ação antrópica, dando forma a uma análise mais completa da realidade geográfica, o que possibilitou a divisão oficial do Brasil em regiões levando-se em consideração as características naturais de forma mais marcante, mas também os aspectos humanos e econômicos do território nacional.

Sendo expressa nas Cinco Macrorregiões, regionalização essa desenvolvida pelo IBGE, onde se verificam o estabelecimento das divisas estaduais como zonas limítrofes de cada região, a partir de critérios político e administrativo. Instituído com a Constituição Federal de 1988, a divisão regional brasileira assumiu a configuração atual:

  • Região Norte;
  • Região Nordeste;
  • Região Sudeste;
  • Região Sul;
  • Região Centro-oeste.
     

A primeira divisão regional do Brasil considerou aspectos naturais. A atual divisão baseia-se num critério político-administrativo, respeitando os limites municipais e estaduais. Nos dias de hoje, há a sugestão de uma divisão regional simples, porém bastante expressiva. É aquela não relacionada do estado, e sim a natureza da atividade geoeconômica predominante em cada área ou região. Neste caso o país é dividido atualmente em três macrorregiões:

  • Macrorregião da Amazônia;
  • Macrorregião do Nordeste;
  • Macrorregião do Centro-Sul.
     

Embora sejam bastante extensas e, portanto, abranjam várias regiões específicas, cada uma delas pode ser identificada, no conjunto, por características decorrentes das próprias regiões específicas.

A Amazônia representa a região que vem sofrendo um processo de ocupação recente e muito criticado, já que não está havendo um respeito às suas condições naturais. Práticas como a mineração, pecuária e a expansão da fronteira agrícola, estão acelerando o desmatamento, poluição e contaminação dos rios e solos, trazendo prejuízos que possivelmente não serão recuperados, além de diversos conflitos pela posse da terra de forma violenta, envolvendo diversos agentes sociais, como posseiros, grileiros, indígenas, madeireiros etc.

Outra regionalização sugerida pelo geógrafo Milton Santos, pretende registrar a “difusão diferencial do meio técnicocientífico-informacional”.

A nova divisão regional proposta atualmente está relaciona a Região Concentrada caracteriza-se pela densidade do sistema de relações que intensifica os fluxos de mercadorias, capitais e informações. Seu núcleo é a metrópole paulista, que desempenha funções de metrópole nacional e global e reforça o comando sobre o território nacional. A soldagem do sul ao sudeste brasileiro reflete a descentralização industrial ou deseconomia de aglomeração recente, a implantação e desenvolvimento de uma infraestrutura técnica e científica que a sustenta.

O Centro-Oeste emerge como área de ocupação periférica, fundada na especialização e qualificação da agropecuária, principalmente pela produção agrícola de soja, milho e algodão, na modernização subordinada às necessidades das empresas que têm sede na Região Concentrada, principalmente na capital federal.

O Nordeste brasileiro define-se pelo peso da herança colonial, é uma área de povoamento antigo, onde a constituição do meio mecanizado e capitalizado se deu de forma pontual e pouco densa na monocultura da cana de açúcar. A rugosidade do espaço geográfico retarda os fluxos migratórios. A instalação das infraestruturas e redes informacionais realiza-se de modo descontínuo, sobre um quadro socioespacial engessado.

A Região Amazônica caracteriza-se pela rarefação demográfica e baixa densidade técnica, com destaque para Zona Franca de Manaus. Os sistemas informacionais aparecem como formas externas, representadas, por exemplo, pelos satélites e radares do Sivam, monitorando principalmente a ocupação desordenada dessa região, como as queimadas, o extrativismo vegetal, mineral etc.

Os grandes projetos estruturam enclaves, isolados num meio não mecânico. O estado do Maranhão, conectado ao Projeto dos Polos de Alumínio, de Alcoa, Alunorte e Albras para a exportação pelo porto de Itaqui ou Ponta da Madeira, poderia ser incluído na Amazônia, mas misteriosamente preferiram conservá-lo no Nordeste.

Fonte: Atlas Geográfico Escolar – MEC – IBGE.

A REGIÃO GEOECONÔMICA – AMAZÔNIA

A macrorregião norte brasileira formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Roraima, Amapá e Tocantins, tornaram-se estados, após o ano de 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, os estados de Roraima e Amapá eram territórios federais já existentes e definidos na época, enquanto Tocantins se formou a partir do desmembramento do estado de Goiás, pois às suas características geoeconômicas é compatível com a região norte, sendo a maior região geoeconômica em extensão territorial do país.

A recente ocupação dessa região é retratada por inúmeros conflitos pela posse da terra, como no Sul do estado do Pará, na área denominada do Bico do Papagaio, além dos diversos conflitos nos estados de Rondônia e Amazonas. Em grande parte, o que predomina nessa região são conflitos entre posseiros, grileiros, madeireiras, garimpeiros, índios, mineradores e latifundiários. Essa macrorregião é marcada por ter baixos indicadores econômicos e sociais, grande parte da população não tem um acesso adequado ao saneamento básico, como água encanada e esgoto sanitário.

A região Norte do Brasil tem como Bioma típico da região a Floresta Latifoliada pluvial Amazônica, ocupando mais de 90,0% do território dessa macrorregião e abrangendo mais de 60,0% do território nacional, identificada pela sua enorme biodiversidade denominada Amazônia Legal, com densidade de vegetação heterogênea com folhagem latifoliada hidrófila, higrófila e a sua perenidade, com formações complexas como os campos alagados da ilha de Marajó e manchas de cerrado nos estados de Tocantins e Rondônia.

Características resultantes das condições climáticas da região, marcada pelo clima equatorial e tropical quente e úmido, de baixa latitude, elevadas temperaturas e pouca amplitude térmica anual, com maior incidência dos raios solares perpendicularmente.

Fonte: Atlas Geográfico Escolar – MEC – IBGE.

Formado predominantemente por planaltos e depressões. As planícies representam um percentual pequeno da região, restringindo-se às áreas de igapó e as várzeas dos rios amazônicos.

Em termos naturais é caracterizada por um relevo dominado ao norte pelo Planalto das Guianas, com as formações erodidas pelo passado geológico, com os pontos culminantes do país, o Pico da Neblina com 3.014 metros de altitude e o Pico 31 de março, com 2.992 metros de altitude, ao sul dessa região tem formações do Planalto Central Brasileiro, intensamente fragmentada, falhada e fraturada, denominada de chapadas do Brasil central.

Predomina o clima com temperaturas médias anuais superiores a 25ºC e mais de 80,0%, favorecendo a umidade relativa no ar atmosférico, devido à intensa evapotranspiração. Não havendo praticamente estação seca, influenciada diretamente com a latitude baixa, devido à proximidade da linha do Equador Terrestre, com uma baixa amplitude térmica anual, com elevados índices pluviométricos, onde de uma maneira geral, os índices pluviométricos ocorrem o ano inteiro, superior a 2.000 milímetros anuais, em algumas áreas específicas no interior da floresta alcançando 4.000 milímetros de chuvas.

Fonte: Atlas Geográfico Escolar.

No inverno, a porção territorial oeste dessa macrorregião, pode sofrer a ação da mPa, massa Polar atlântica, provocando o processo denominado de friagem, com a queda brusca das temperaturas médias, na porção oeste do estado do Amazonas, Acre e Rondônia.

A floresta latifoliada pluvial densa, perene e heterogênea ocupa 90,0% da macrorregião norte do país. A bacia sedimentar amazônica é a maior bacia hidrográfica em volume de água do mundo. Formada por duas bacias hidrográficas, a Amazônica e a do Tocantins-Araguaia apresenta a maior rede hidrográfica do mundo, composta de uma grande quantidade de rios extensos e caudalosos. O rio Amazonas e seus afluentes correspondem a aproximadamente 20,0% da água doce do nosso planeta.

A Floresta Latifoliada Pluvial Amazônica, com o predomínio da vegetação heterogênea e perenifólia, com três estratos ou andares de vegetação, designados conforme a proximidade dos rios:

  • a mata de igapó, que significa mata alagada;
  • a mata de várzea ou caaigapó, que se encontra periodicamente alagada, nos períodos de cheias e vazantes;
  • a mata de tezo, terra firma ou caaetê, uma mata que dificilmente será alagada, pois está localizada nas partes mais elevadas dos planaltos Guiano e Central Brasileiro.

Fonte: Atlas Geográfico Escolar – Biomas Brasileiros: MEC – IBGE.

Os solos dessa região são marcados pela grande dependência do aporte orgânico, os galhos, troncos, frutos, folhas que caem das árvores e animais mortos entrando em decomposição rapidamente, devida principalmente a umidade relativa do ar atmosférico, favorecendo as chuvas intensas, entrando em decomposição rápida, fertilizando grande parte desse solo. Conhecida também como serapilheira, por serem em geral pobres, devido a sua pequena quantidade de nutrientes, recursos minerais e arenito.

São solos superficiais, pouco profundos, com um grau de acidez elevado, consequentemente, com um ph baixo, em algumas regiões podendo ser corrigido, com o método de calagem.

Proporcionadas pela intensidade do processo de lixiviação e posteriormente erosão, que é o processo de remoção ou lavagem superficial dos nutrientes mais solúveis contidos no solo e sedimentos, como consequência tem-se o seu processo de empobrecimento muito rápido, influenciado pelo elevado índice pluviométrico em torno de 2.000 a 4.000 mm de médias anuais.

A OCUPAÇÃO DA REGIÃO

No final do século XIX e início do século XX, a região conheceu um surto de povoamento com a produção do denominado ciclo da borracha, da seringueira, com o nome científico de Hevea brasiliensis, utilizado principalmente para a indústria automobilística e eletrodoméstica da época, favorecendo o impulso de ocupação dessa região, com um contingente de migrantes na sua maioria do nordeste brasileiro.

Com a construção da estrada de ferro Madeira Mamoré em 1912, contribuiu com a formação da cidade de Porto Velho atual capita do estado de Rondônia. Com o cultivo de seringueiras no curso do rio Tapajós pela companhia do empresário Henry Ford de 1928 até 1934 surgiu cidades como a Fordilândia e Belterra.

Posteriormente, nos anos de 1950 e 1960, foram construídos dois grandes eixos rodoviários, a Belém – Brasília e a Cuiabá-Porto Velho-Rio Branco, interligando a rodovia Transamazônica um grande projeto do regime militar, com o propósito de ligar essa região a outras regiões do país, com o discurso de integração nacional, isto é, integrar essa região ao território brasileiro, para não entregar ao capitalismo estrangeiro. A ligação direta do sertão semiárido ao norte úmido, no processo de colonização.

Fonte: Almanaque Abril.com.br.

Em 1953, o então presidente da República Getúlio Vargas criou a SPVEA, Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Em 14 de setembro de 1966 o então ministro Roberto de Oliveira Campos e João Gonçalves de Souza, encaminhou ao presidente da república na época Castelo Branco, o projeto de lei votado pelo Congresso Nacional de número 5.173 de 27 de outubro de 1966, no período do regime militar, extinguindo a SPVEA e criando a SUDAM, Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, com o intuito de dinamizar a situação da região, no dia 27 de outubro de 1966 o presidente Castelo Branco sancionou a lei de número 5.174 dispondo a concessão de incentivos fiscais em favor dessa região.

A SUDAM foi extinta em maio de 2001, no final do então governo do presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Recriada em 21 de agosto de 2003, no início do governo do então presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, no seu primeiro mandato eleito em 2002, com o nome de ADA, Agência de Desenvolvimento da Amazônia. No ano de 2007 o então presidente Lula criou a denominada nova SUDAM, por uma lei complementar de número 124, no dia 03 de janeiro de 2007, substituindo a ADA, com o decreto de número 6.218 de 04 de outubro de 2007, a SUDAM passou a ser uma autarquia federal, vinculada diretamente ao Ministério da Integração Nacional.

A SUFRAMA, Superintendência da Zona Franca de Manaus, foi criada pelo projeto do então deputado federal Francisco Pereira da Silva, pela lei de número 3.173 de 06 de junho de 1957, com a denominação de Porto Livre, 10 anos depois por intermédio de um decreto-lei do governo federal de número 288, de 28 de fevereiro de 1967, ampliou essa legislação e reformulou o modelo, estabelecendo incentivos fiscais por 30 anos para implantação de um polo industrial, sancionado no ano seguinte em 1968, tem a sua área limitada à região de Manaus.

Foi instituído, assim, o atual modelo de desenvolvimento, que engloba uma área física de 10,0 mil km², tendo como centro a cidade de Manaus está assentado no projeto de Incentivos fiscal estadual e federal, instituídos com objetivo de reduzir desvantagens locacionais e propiciar condições do processo de desenvolvimento da área, uma grande zona econômica de montagem de eletrodomésticos, eletrônicos, motocicletas, bicicletas etc.

Atualmente na zona franca de Manaus, tem mais de 500 indústrias, conhecida também como PIM, Polo Industrial de Manaus, como a Coca-Cola, LG, Samsung, Harley-Davidson e a Honda, gerando mais 80,0 mil empregos diretos e faturaram em 2019, mais de RS 105 bilhões.

O extrativismo vegetal, nessa região foi à principal atividade econômica, com destaque para o denominado ciclo da borracha sendo o seu auge em 1879 a 1912, passando pelo período de anexação do Acre ao território brasileiro com o Tratado de Petrópolis em 1903. Houve uma modificação da característica da agropecuária antes voltada para a subsistência com a produção de alimentos, e atualmente identificada para fins comerciais com as culturas de exportações, como a soja e o milho, além da especulação da terra com a pecuária.

O que permite a identificação da estrutura fundiária brasileira mostrando-se excludente e concentrada, nas mãos de grandes proprietários rurais ou empresas rurais detentoras de um amplo volume de capital, e representados pelas culturas de exportações, com a expansão da fronteira agropecuária, em detrimento dos pequenos proprietários e da produção de alimentos para subsistência.

A mineração se estabelece como grande importância econômica, com o seu maior representante no Projeto Grande Carajás no estado do Pará, na extração da maior reserva de minério de ferro superficial do mundo, bastante explorada, segundo alguns autores, na fase final de exploração dessa lavra.

Fonte: coladaweb.com – IBGE – Calha Norte.

Outros recursos minerais são encontrados nessa região como:

  • bauxita, do Projeto Trombetas e a Serra de Oriximiná no estado do Pará, no município de Oriximiná é a segunda concentração urbana do estado do Pará, da antiga mina do Saracá, a empresa responsável pela exploração dessa jazida é a Empresa de Mineração Rio do Norte, composta pela Companhia Vale do Rio Doce, um consórcio de empresas transnacionais e nacionais. A grande maioria da produção tem como destino a exportação;
  • manganês, na serra do Navio na porção ao norte do estado do Amapá, e no estado de Roraima, • ouro na serra pelada no Pará, no vale do rio Madeira em Rondônia, no vale do rio Branco em Roraima, e no rio Araguaia no Tocantins;
  • diamantes na Chapada dos Parecis;
  • cassiterita no estado de Rondônia, um mineral bastante valioso de onde é extraído o alumínio, e é utilizado para a confecção de joias.
     

No extrativismo vegetal, com a extração da madeira de Mogno e Cedro, considerada nobre, além da castanha do estado do Pará, o açaí com um mercado em expansão.

Projetos de proteção e vigilância do território como forma de manutenção da soberania nacional, como o Projeto Calha Norte, a maior reserva mineralógica de Nióbio do planeta, um Projeto de Segurança da Amazônia Legal brasileira, fazendo fronteira com outros países da América do Sul, situado na região denominada pelos militares como cabeça do cachorro.

Fonte: coladaweb.com – IBGE – Calha Norte.

A  castanha-do-pará  é o produto responsável pelo maior fluxo de exportação no estado do Pará. Bem característica da região, essa castanha é exportada por todo mundo, principalmente para o Japão e Estados Unidos. Essa espécie é encontrada com maior recorrência na cidade de Marabá, no estado do Pará. Atualmente a produção do açaí vem se destacando no mercado nacional e internacional.

Nos governos militares nas décadas de 1960 e 1970, prevaleceu à ideia de integrar a região ao restante do país com a abertura de grandes rodovias, como a Transamazônica, com o intuito de ligar a floresta amazônica úmida ao sertão semiárido. Devido à extensa rede hidrográfica o transporte predominante na região amazônica é o modal hidroviário fluvial, de barcos, navios e balsas, para transportar mercadorias e passageiros, a empresa que controla grande parte dos principais portos é a ENASA, Empresa de Navegação Amazônia S.A, de transporte fluvial de passageiros, que foi recentemente privatizada, com destaque para os portos de Manaus, Belém, Porto Velho, Óbidos e Santarém, devido à dificuldade de fiscalização desse sistema de transporte na região, os acidentes são constantes.

Além disso, a ocupação seria feita pelas agrovilas, pequenos núcleos de povoamento através de cultivos de subsistência, estabelecidas ao longo dessas rodovias de integração nacional. Atualmente algumas dessas agrovilas são denominadas de cidades fantasmas ou bolsões de miséria e pobreza.

Uma série de projetos minerais, de extração florestal e agropecuária seria desenvolvida nessa região com incentivos governamentais. As consequências dessas iniciativas foram à formação de grandes latifúndios, invasões de terras indígenas e focos de lutas envolvendo latifundiários, índios, posseiros, garimpeiros e empresas madeireiras.

A EXPLORAÇÃO MINERAL NA REGIÂO

As grandes riquezas minerais da Amazônia também são motivos de preocupações, devido aos impactos ambientais que a exploração pode provocar uma degradação pelo exagerado processo de internacionalização que a região passou a ter. Durante certo tempo, os principais minérios explorados eram a cassiterita, localizada no município de Ariquemes no estado de Rondônia, explorada no garimpo Bom Futuro, o estanho, no estado de Rondônia e sul do Amazonas, e o manganês, no norte dos estados do Amapá e Roraima.

Hoje, o maior destaque da exploração mineral fica por conta da reserva mineralógica de Carajás, no sudeste do estado do Pará, que é uma das maiores províncias de minério de ferro superficial do planeta. Para explorar os minérios existentes, a Companhia Vale do Rio Doce, hoje privatizada, criou o Programa Grande Carajás, com maciços investimentos externos, principalmente capital japonês, que inclui a hidrelétrica de Tucuruí, uma ferrovia, a estrada de ferro Carajás, ligando a região de extração mineral no estado do Pará ao porto de Itaqui ou Ponta da Madeira, em São Luís, no estado do Maranhão.

Atualmente essa ferrovia também está sendo utilizada para exportar a soja, produzida no bioma do cerrado, pelo rio trombetas e amazonas, interligando a essa ferrovia formando um grande modal, favorecendo a redução de custo e a logística de exportação.

Ainda no estado do Pará existem grandes reservas de bauxita, no vale do rio Trombetas para a produção de alumínio na cidade de Oriximiná.

Estas reservas atraíram grupos internacionais, multinacionais e transnacionais, interessados na exploração, e para que o processo fosse viabilizado foram construídas as hidrelétricas de Tucuruí e Balbina, dois grandes impactos ambientais nessa região, alagando uma área imensa de floresta nativa, atualmente em estágio de conclusão da construção das hidrelétricas de Belo Monte e Samuel. Nessa região o destaque também foi à febre do ouro em Serra Pelada, outro grande impacto ambiental, com diversos conflitos pela posse da terra.

A extração de caulin, no rio Jari no estado do Amapá e no município de São Domingos do Capim no Pará. O quartzo nos municípios de Araguaí, Araguacema e Cristalândia no estado de Tocantins, o salgema nas grandes bacias sedimentares, principalmente nos estados do Pará e Amazonas, de onde são retirados trilhões de toneladas desse produto por ano.

A exploração de petróleo nessa macrorregião ocorre no vale do rio Juruá no estado do Amazonas, na bacia dos rios Negro e Solimões, no denominado golfão amazônico no Pará. O gás natural é explorado na ilha de Marajó no estado do Pará e no vale do Juruá, no maciço do Urucum no estado do Amazonas.

OUTRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS

O extrativismo vegetal, que era a atividade econômica mais importante, até por volta de 1970, hoje é uma atividade de importância cada vez menor, diante do crescimento da agropecuária, da mineração e da industrialização. A extração vegetal de produtos como látex, açaí, madeiras e castanha ainda absorve boa parte da população nativa. A atividade industrial é feita por empresas estrangeiras montadoras de produtos como motocicletas, computadores, automóveis, televisores, geladeiras e outros bens montados na Zona Franca de Manaus.

O polêmico Projeto Jari idealizado pelo grande empresário e milionário norte americano Daniel Keith Ludwig, no ano de 1960, com o apoio direto da segurança do regime militar brasileiro, para um grande projeto que ocuparia uma extensão territorial de aproximadamente 2,5 milhões de hectares de vegetação nativa, basicamente na divisa dos estados do Pará e Amapá, como a construção de uma fábrica para a produção de papel e celulose.

Ele mandou construir uma fábrica de celulose na cidade de Kobe no Japão, em duas barcaças flutuantes, onde parte dela foi trazida via marítima da bacia do oceano Pacífico até a região Amazônica, que provocou um grande desmatamento na região, com o propósito futuro de reflorestamento, para plantar eucaliptos, o que basicamente não aconteceu. Além da construção de uma usina flutuante para gerar energia para esse projeto com capacidade de gerar 55 megawatts de energia, alimenta por óleo derivado de petróleo ou madeira, extração de caulim, cultivo de arroz, ferrovias, rodovias e o porto de Munguba, para escoar parte da produção.

Depois de diversos problemas esse projeto foi adquirido por um grupo de empresários brasileiros no ano de 1981, atualmente esse projeto é controlado pelo empresário Sérgio Amoroso, está em negociações com investidores para vender uma parte ou totalidade de seu negócio, que acumula dívidas de R$ 1,2 bilhão.

Esse projeto mudou de mãos algumas vezes antes de ser adquirida por Sérgio Amoroso, que era dono do grupo Orsa, no início dos anos 2000. O empresário comprou a empresa por um valor simbólico e assumiu as dívidas, que à época já eram de US$ 400 milhões.

Fonte: Atlas Geográfico MEC – IBGE

A PREOCUPAÇÃO COM A VIGILÂNCIA NA REGIÃO

Durante o governo do regime militar havia uma grande preocupação com as fronteiras do extremo norte do país. Havia o temor de invasões por parte dos países vizinhos, a influência cubana e a guerra entre mineradores, garimpeiros, traficantes de drogas e índios. Daí, o governo criou o Projeto Calha Norte, que procurava efetivar a presença militar ao longo da fronteira com a Colômbia, Suriname, Guiana Francesa, República da Guiana e Venezuela, esse projeto foi consolidado no governo do presidente José Sarney.

O aumento da produção de drogas nos países vizinhos e o escoamento realizado, em parte, pelo território brasileiro, principalmente pela Amazônia Legal, exigiram uma ação enérgica das nossas autoridades, que criaram o, Sistema de Vigilância da Amazônia, Sivam com o objetivo de melhorar o combate a crimes como tráfico de drogas, contrabando, biopirataria e devastação do meio ambiente na região, com o monitoramento por satélites artificiais atualmente utilizando drones.

O projeto RADAM, Radar da Amazônia foi criado no ano de 1969, com o objetivo de efetuar o levantamento topográfico e cartográfico da macrorregião norte, com os mapeamentos do solo, subsolo, hidrografia e a vegetação dessa área, utilizando radares geoestacionários. Com o sucesso desse projeto se utilizou posteriormente essa técnica para mapear todo o território nacional.

Esse mapeamento foi utilizado posteriormente pelo geógrafo e professor da Universidade de São Paulo, Jurandir L.S. Ross, na década de 1990, tendo como base na classificação do professor Azis N. Ab’Saber, além dos mapas elaborados pelo projeto denominado de RADAM Brasil.

AS QUESTÕRS AMBIENTAIS NA REGIÃO

As atividades econômicas desenvolvidas na macrorregião amazônica não levaram em consideração a riqueza ecológica da floresta pluvial nativa em pé. Quase todas as atividades eram voltadas para a exportação e, desta forma, dois graves problemas ambientais se destacam em relação aos demais:

  • desmatamento com a expansão da fronteira agropecuária;
  • a exploração madeireira são as principais causas que levaram a Amazônia perder em torno de 20,0% da cobertura florestal da região nos últimos anos. 
     

Apesar da riqueza dessa biodiversidade da macrorregião norte, ela sofre com a falta de infraestrutura de saneamento básico e energética, dificultando a expansão e desenvolvimento industrial e urbano.

A construção de represas de grande porte, como as que foram construídas, principalmente na hidrelétrica de Balbina, no rio Uatumã, no estado do Amazonas, um dos afluentes do rio amazonas, gerando pouca energia e criando uma imensa represa que inundou uma parte da floresta amazônica, destruindo parte desse bioma, e ainda provocam a expulsão de pequenos proprietários e de indígenas de suas terras, representando um forte impacto na cobertura vegetal nativa da região, tanto na forma de desmatamentos como de alagamentos.

Tem também a construção da hidrelétrica de Tucuruí, a principal usina, localizada no rio Tocantins um dos principais rios da bacia hidrográfica amazônica. Atualmente novos projetos de geração de energia através de hidrelétricas estão quase concluídos como as hidrelétricas de Belo Monte no rio Xingú, com frequentes paralisações de protestos da sociedade, com a participação de ambientalistas e indígenas, com um custo que já ultrapassou os R$ 30,0 bilhões, uma obra inicialmente orçada em R$ 19,6 bilhões, está ainda em fase de conclusão.

A hidrelétrica de Samuel, no rio Jamari, um afluente do rio Madeira no estado de Rondônia, na bacia hidrográfica amazônica, na cachoeira denominada de Samuel. Começou a ser construída em 1982, era para ficarem pronta quatro anos depois, mas foi inaugurada quatorze anos depois. A hidrelétrica de Samuel, no estado de Rondônia, com um custo total de 836,0 milhões de dólares, só consegue dar suporte energético a parte oeste dessa região, essa obra contribuiu com a formação dos bolsões de pobreza na capital Porto Velho, nesse estado também foram construídas as hidrelétricas de Jirau, com um custo de R$ 19,0 bilhões e Santo Antônio, com um custo de quase R$ 20,0 bilhões. Mesmo com todos esses projetos, nessa região tem aproximadamente 260 usinas termelétricas em operação, utilizando o óleo diesel para a geração de energia, para todos os estados da macrorregião norte.

Com a expansão da fronteira agrícola, atrelada ao crescimento do seu arco de desmatamento ou do fogo, na região geográfica de transição entre o cerrado e a floresta amazônica, diversos impactos ambientais vem ocorrendo nessa macrorregião norte. Os estados do Pará e Rondônia apresentam os maiores índices de desmatamento, na região do município de Jalapão no estado de Tocantins, existe uma mancha de arenização.

Na macrorregião norte, foi descoberto recentemente um grande aquífero denominado de Alter do Chão, abrangendo partes dos estados do Amazonas, Pará e Amapá, embora ainda não fosse totalmente mapeado, em uma região de grande parte mata nativa, com baixa densidade demográfica. A utilização dessa água confinada depende de uma maior eficiência de modal de transporte e amenizar os impactos ambientais.

AQUÍFERO ALTER DO CHÃO – ÁREA ESTIMADA

Fonte: Mundo Educação – IBGE.

ASPECTOS POPULACIONAIS DA REGIÃO

A população total da macrorregião norte, segundo dados do IBGE, estimativa de 2019 é de aproximadamente 18.430.980 de habitantes, em uma área de 3.869.637,9 milhões de quilômetros quadrados, a maior das cinco macrorregiões do país, ocupando aproximadamente 45,0% do território nacional, respondendo por cerca de 8,0% do total populacional do país, a sua densidade demográfica é de aproximadamente 3,50 habitantes por Km², com características de vazio demográfico territorial.

A grande parte dessa população vivendo nas margens dos rios, devido ao grau de dificuldade dos deslocamentos no interior da floresta pluvial amazônica e a deficiência de um transporte modal rodoviário e ferroviário, com isso o sistema modal hidroviário é a melhor alternativa, sendo assim os rios são as ruas no deslocamento de pessoas, cargas e alimentos nessa macrorregião.

As maiores cidades, municípios situados na região amazônica são; Manaus no estado do Amazonas, onde está situada a Zona Franca, Belém e Ananindeua no estado do Pará e Porto velho, no estado de Rondônia, Macapá no estado do Amapá e Rio Branco no estado do Acre.

A macrorregião norte possui três regiões metropolitanas:

I. A Região Metropolitana de Manaus, criada em 2007 e com 2.106.866 habitantes, engloba Manaus e mais sete municípios, não possuindo, entretanto, conurbação com nenhum deles;

II. A Região Metropolitana de Belém, com 2.100.319 habitantes e abrangendo cinco municípios;

III. A Região Metropolitana de Macapá abrangendo Macapá e Santana, com uma população de 499.116 habitantes.

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