A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA (1823-1824)
A proclamação da Independência não foi bem recebida em todas as regiões brasileiras, as províncias que eram controladas por tropas fiéis a Portugal não concordaram com a libertação da colônia do jugo metropolitano, e por isso resistiram ao processo de independência brasileira.
Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí, Bahia e Cisplatina, as tropas fiéis a Portugal iniciaram movimentos de resistência contra essa libertação colonial, criando dificuldades para o processo de independência.
Sem um exército nacional preparado, D. Pedro I teve que contratar tropas mercenárias para combater os movimentos contrários a independência, contando com o apoio de grandes proprietários rurais do centro sul. Os mercenários mais famosos contratados foram Lorde Cochrane, John Grenfell, Pierre Labatut, James Norton, John Taylor e Thomas Crosbie. A entrada de mercenários no exército brasileiro teve papel fundamental para completar diversos buracos nos quadros de oficiais e praças no exército brasileiro, consolidando a construção do exército nacional brasileiro.
A vitória das forças brasileiras contra as ameaças portuguesas no Brasil no ano de 1824 foi fundamental para garantir a unificação do território brasileiro.
PROCESSO DE RECONHECIMENTO EXTERNO
Após a declaração de independência e o grito do Ipiranga, o Brasil precisava ser reconhecido como um país independente por outras nações, para consolidar sua autonomia e se relacionar economicamente com outras nações.
Os países que foram mais relevantes no reconhecimento do Brasil como uma nação independente, foram:
ESTADOS UNIDOS (26/05/1824)
O país norte-americano reconheceu o Brasil sob influência da Doutrina Monroe, criada pelo presidente americano James Monroe. Sob o lema “América para os americanos”, a doutrina defendia que os problemas do continente deveriam ser resolvidos exclusivamente pelos povos americanos, pregando que os europeus não deveriam intervir no continente.
MÉXICO (1825)
O país foi o primeiro estado latino-americano a expressar o reconhecimento da independência brasileira, numa realidade em que os países latino-americanos resistiram em reconhecer o Brasil, principalmente por conta de instalarem repúblicas em seus domínios e o Brasil ser a única monarquia da América.
Tal característica do estado brasileiro gerou desconfiança entre os vizinhos latinos ao longo de todo o século XIX.
GRÃ-BRETANHA E PORTUGAL (29/08/1825)
No caso de britânicos e portugueses, o reconhecimento do estado brasileiro por Portugal teve forte articulação britânica para convencer a diplomacia portuguesa.
A Inglaterra possuía forte interesse no mercado brasileiro, que poderia ampliar a venda de produtos manufaturados ingleses no continente americano. Entretanto, caso os britânicos reconhecessem o Brasil antes dos portugueses, poderia causar um mal estar com a diplomacia portuguesa.
Para evitar qualquer tipo de contenda, os ingleses fizeram um tremendo esforço para convencer Portugal de que o melhor caminho era o reconhecimento do Brasil. Os portugueses, convencidos, decidiram então exigir do Brasil uma indenização de dois milhões de libras esterlinas (2.000.000 £) e o título honorário de Imperador do Brasil a D. João VI. Desta forma, o Brasil é reconhecido por Portugal, dando fim a qualquer ameaça externa à independência brasileira.
No caso da Grã-Bretanha, os ingleses decidiram reafirmar todos os tratados comerciais assinados durante o governo Joanino, e que deveriam ter validade no novo estado brasileiro.
Por isso, foi reafirmado o Tratado de 1810, garantindo assim tarifas aduaneiras baixas aos produtos ingleses no mercado brasileiro. Esse tratado foi ratificado em 1827, e de certa forma inibiu o desenvolvimento manufatureiro da economia brasileira, enfraquecendo economicamente o primeiro reinado.
Outro acordo exigido pelos britânicos foi a promessa do governo brasileiro para dar um fim ao tráfico negreiro, formalizado pelo Brasil somente no ano de 1826. Esse tratado acabou sendo renovado no ano de 1831, mas acabou não surtindo efeito.