“… Com a globalização, o que temos é um território nacional da economia internacional, isto é, o território continua existindo, as normas públicas que regem são da alçada nacional, ainda que as forças mais ativas do seu dinamismo atual tenham origem externa…”.
(Milton Santos – Por uma nova globalização)
A formação do espaço geográfico mundial globalizado tem acompanhado a relação da infraestrutura de telecomunicações, o PIB, produto interno bruto, per capita e o barateamento das comunicações empresariais, sendo um elemento crucial nesse processo produtivo mundial.
Três fatores estão permitindo a redução dos custos das telecomunicações e dos sistemas de transportes intermodais, consequentemente, da interligação do mundo contemporâneo;
- Os avanços técnicos que reduzem o custo da logística e infraestrutura;
- O excesso de capacidade de transmissão internacional de dados que acaba transbordando para ligações de longa distância, na palma da mão de cada indivíduo no mundo, via internet;
- A desregulamentação e erosão das margens de lucro das empresas nacionais, se comparado com as multinacionais e transnacionais.
Após a segunda Guerra Mundial, com o fim da chamada guerra fria, começou a se configurar uma Nova Ordem Geopolítica Global. Com isso, o modo de produção capitalista contemporâneo passou a ser mundial e integrado. Daquela época aos dias de hoje, o momento econômico vive em simbiose com países que historicamente pareciam ter escapado da esfera capitalista, os do antigo bloco soviético além da China e Cuba, tende a fazer com que nenhuma atividade humana, nenhum setor de produção fique fora de seu controle. O capitalismo contemporâneo ao se tornar integrado e mundializado não respeita mais os modos de vida tradicional e passou a interferir na organização social dos conjuntos nacionais, que parecem estar mais bem estabelecidos.
Assim, a atual globalização ou mundialização da economia e dos mercados, independentemente de suas interpretações, vem causando grandes transformações na organização do espaço geográfico mundial, provocando mudanças, muitas vezes estruturais, na sociedade e na economia. Entre essas mudanças, reafirma-se, está o uso intensivo de tecnologias aliado a novos padrões de consumo padronizado.
O espaço geográfico mundializado teve que se adequar à era da informação cultural. Determinadas cidades passaram a ser conhecidas como cidades globais porque concentram as sedes das instituições que controlam as redes mundiais como:
- bolsas de valores;
- corporações bancárias e industriais;
- companhias de comércio exterior;
- empresas de serviços legais;
- financeiros e agências públicas internacionais e do capital.
As cidades globais funcionam como centro de tomadas de decisões capazes de afetar a organização de territórios em escala macrorregional, continental ou mundial.
Portanto, as funções e atividades desses centros urbanos estão associadas muito mais ao mercado mundial do que à economia nacional. Não é exagero afirmar que o espaço geográfico contemporâneo é o resultado das transformações introduzidas primeiramente pela Revolução Industrial inglesa clássica do século XVIII e o mundo após a segunda guerra mundial.
A ciência e a tecnologia, no estágio atual da globalização, estão estreitamente ligadas à indústria, agropecuária, informática, tecnologia, militar e às outras atividades econômicas. Na relação direta da prestação de serviços, componentes fundamentais para as empresas multinacionais e transnacionais, com o processo terceirização.
O desenvolvimento científico e tecnológico é revertido em novos produtos com custos reduzidos, permitindo maior capacidade de competição em um mercado cada vez mais disputado e globalizado. Porém, este avanço tecnológico no setor industrial provoca a substituição dos trabalhadores humanos por robôs ou máquinas inteligentes, desenvolvido pela inteligência artificial, sempre em busca de maior competitividade. Tal fato origina, entre outras consequências, o chamado desemprego estrutural, algo bem característico e presente na indústria e mais recentemente no comércio e a prestação de serviço contemporâneo, tendo como consequência a produção do lixo tecnológico.

Fonte: Angeli – Folha de São Paulo, 17/12/2013.
Outra tendência dentro do espaço geográfico mundializado foi à facilidade da movimentação de capitais, ou seja, aquele capital que circula diariamente por diferentes mercados financeiros nas bolsas de valores do mundo. Em muitos casos, esses capitais direcionam-se para investimentos produtivos, porém, em grande parte, essa movimentação tem caráter especulativo, que pode devastar economias mais frágeis. Entre os fatores que levaram à supremacia do capital financeiro especulativo sobre o capital produtivo, destacamos:
- um amplo movimento de abertura econômica e de redução do papel regulador do Estado Nacional sobre os capitais privados;
- a formação de megablocos econômicos de poder que tendem a promover uma ampla abertura comercial e financeira entre seus membros, países centrais ou mais desenvolvidos e periféricos ou menos desenvolvidos;
- a redução do papel do Estado nas economias nacionais, por meio da privatização de empresas e atividades econômicas anteriormente exercidas por empresas estatais.
As pessoas estão cada vez mais descobrindo na Internet uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países ou, até mesmo, de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta, consumindo diversos produtos sem sair de casa. Junto com a televisão, a rede mundial de computadores quebra barreiras e vai, cada vez mais, ligando as pessoas e espalhando as ideias, além de consumir diversos produtos e formando assim uma grande aldeia global. Saber ler, falar e entender a língua inglesa e atualmente o Chinês tradicional ou mandarim, torna-se fundamental dentro deste contexto, pois é o idioma universal e o instrumento pelo qual as pessoas podem se comunicar.

Fonte: Símbolo do Whats App
A disponibilidade de serviços como o Fotolog, Facebook, Twitter, Instagram e o antigo Orkut, tais quais outras ferramentas para mensagens instantâneas na Internet como o MSN, email, Whatsapp, Zoom, ICQ, Meet e o código QR, não devem ser lidas como sintomas de um mundo em que a velocidade da comunicação e as tecnologias digitais teriam tornado pequeno o espaço geográfico físico, mas sim o de informações, nem sempre corretas no mundo das Fakenews.
Nesse ambiente comunicacional, as fronteiras se relativizam e tem-se a possibilidade de adicionar, às noções de espaço e tempo tradicionais, uma nova noção de espaço; o ciberespaço, denominada pela infovia em tempo real, com um notebook, tablete ou smartphone, na palma da mão, desafiando todo o mundo ou no sofá da residência.

Fonte: Símbolo do Instagram