Elas se caracterizam por:
- serem grandes corporações capitalistas, geralmente organizadas em conglomerados, as quais passaram, sobretudo, após a Segunda Guerra Mundial, a instalar matrizes e filiais em vários países, além do território onde se originaram;
- se expandir pelo mundo em busca de custos menores de produção e de novos mercados consumidores, instalando-se em países de industrialização retardatária ou tardia, como o Brasil com grande contingente populacional e incentivo fiscal;
- ter empresas com escala de produção ou montadora regional, que usam mão de obra mais qualificada pelos órgãos gestores da produção, recorrem à tecnologia de ponta e seus produtos são comercializados além dos territórios de origem;
- formar acordos ou combinações entre elas, geralmente ilegais, com a formação de trust, cartel holding e dumping, com o objetivo de restringir a concorrência e controlar os preços;
- serem aquelas empresas que se encarregaram de globalizar, gradativamente, não somente a produção, mas também o consumo e os consumidores, construindo matrizes e filiais em vários países pelo mundo.

Fonte: Símbolo da Nike, a marca conhecida em todo o mundo
Superada a indeterminação provocada pela segunda guerra mundial, a economia do mundo voltou a crescer em ritmo mais acelerado, inclusive nos países menos desenvolvidos. Nesse cenário de prosperidade, as empresas dos países mais desenvolvidos passaram a exercer maior relação de poder sobre as dos países menos desenvolvidos. Por outro lado, as funções agregadas pelos países receptores visando à atuação das grandes empresas envolveram:
- instalação de empresas estatais, ligadas principalmente ao setor de infraestrutura, saneamento básico e ambiental, como o siderúrgico e o petroquímico, nessas indústrias de base, produção, capital ou denominada de pesada;
- construção e manutenção de equipamentos de infraestrutura como as rodovias, ferrovias, viadutos, portos, aeroportos, usinas hidrelétricas e redes de distribuição de energia elétrica;
- incentivos fiscais, com a isenção de diversos tipos de impostos e tributos.
No final do século XX e início do XXI, as empresas multinacionais e transnacionais ancoradas em um novo patamar de produtividade, foram buscar mão de obra mais barata e qualificada, incentivos fiscais, grandes espaços para construir fábricas, logística de transportes, nos países com moedas menos valorizadas, na periferia da Ásia, África ou da América Latina.
Corporações norte-americanas iam fabricar um tênis na China, Índia, Indonésia, Taiwan etc. Com material de borracha importado da Malásia e tudo isso graças à automação das linhas fabris, às facilidades de transportes e ao preço decrescente das telecomunicações.
Hoje, as multinacionais e transnacionais produzem e fazem chegar a seus destinos, em no máximo um ano, a mesma quantidade de mercadorias que levaria um século inteiro de trabalho com as condições materiais e tecnológicas predominantes no início do século XX.
“A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas em jornais, revistas, livros, programas de rádio, emissões de televisão, videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de comunicação, informação e fabulação, dissolvendo fronteiras e agilizando os mercados, generaliza o consumismo. Provoca a desterritorialização e reterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos.”
Fonte: Octavio Ianni – Teorias da Globalização.
No contexto da economia mundial globalizada, a disputa econômica entre as empresas tem como palco o mercado mundial. Vivemos rodeados por produtos das mais diversas origens, fabricados por empresas multinacionais e transnacionais bastante conhecidas, com as suas logomarcas.
Elas ampliaram seus mercados, vendem produtos em praticamente todos os países do mundo, aumentaram o número de matrizes e filiais em todo o globo terrestre e compraram muitas empresas em várias nações, principalmente nas menos desenvolvidas. Um bom exemplo de fusão de empresas ocorreu com as chamadas sete irmãs do petróleo.
Esse grupo tinha o seu controle sobre a produção de petróleo, refino e distribuição, além de estar apto a tomar vantagem sobre a crescente demanda desse produto e obter altos lucros. Eram empresas muito organizadas e formavam um forte cartel, tendo imensa influência sobre os grandes países produtores de petróleo, principalmente no Oriente Médio.
Foi somente quando os países árabes começaram a tomar o controle sobre os preços e a produção, formando a OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, no começo dos anos 1960, que o poder das sete irmãs passou a declinar. Das sete companhias originais, restaram apenas quatro; ExxonMobil, Chevron, Shell e BP.
No Brasil, ocorreram dois exemplos significativos, com Sadia e Perdigão criaram a Brasil Foods e o Ponto Frio foi incorporado pelo grupo Pão de Açúcar, que a seguir assumiu o controle das Casas Bahia, tornando-se o líder do varejo no país, recentemente a indústria de bebidas AMBEV, adquiriu diversas marcas importantes de bebidas do mercado de consumo mundial, isso também vem ocorrendo com a educação no país.

Fonte: http://gestaoboechat.blogspot.com
Mas a tendência das multinacionais e transnacionais de dominar o setor onde atuam tem o seu exemplo mais emblemático na PEPSICO. Uma peça publicitária da empresa traz a seguinte narrativa.
“Tudo começou com uma das bebidas mais conhecidas do mundo, a Pepsi-Cola. A partir daí, com muito trabalho, aquisições bem-sucedidas, parcerias de qualidade e produtos inovadores, diversas marcas foram criadas e reunidas em torno de uma ainda maior: a PepsiCo, uma das maiores companhias de alimentos e bebidas do mundo. E por trás dessa marca existem diversas outras que certamente já fazem parte do seu dia a dia: Pepsi, Gatorade, Doritos, Toddy, Quaker, Toddynho, Ruffles, Lipton e H20H! Muito prazer.”
Fonte: Texto do Ceo da PepsiCo.
No contexto da economia mundial globalizada, a disputa econômica entre as diversas empresas multinacionais e transnacionais, tem como palco esse amplo mercado planetário. Vivemos rodeados de produtos e marcas das mais diversas origens, fabricados nas diversas partes do mundo, com uma intensa terceirização, sendo assim o produto deixou de ser genuinamente nacional, passou a ser global, está atualmente sendo produzido em várias regiões do mundo contemporâneo ao mesmo tempo.

Fonte: Blogspot.com – conexãobytes.
A GLOBALIZAÇÃO E O CRESCIMENTO DO COMÉRCIO MUNDIAL
Desde a década de 1960, a receita total gerada pelo comércio internacional cresceu mais de 100 vezes, de 61 bilhões para 6,5 trilhões de dólares em 2015. O cálculo é da Unctad, Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. O barateamento e a popularização das telecomunicações favorecem as pesquisas de mercado, a realização de negócios e a abertura de novos polos comerciais, enquanto a evolução dos sistemas de transportes facilita a circulação de mercadorias e produtos.
Nesse contexto, incluímos a formação dos blocos geoeconômicos de poder que permitem melhores condições de trocas comerciais e a queda de barreiras protecionistas e alfandegárias impostas pelas nações mais desenvolvidas aos países menos desenvolvidos. A OMC, Organização Mundial do Comércio, foi criada em 1994, em substituição ao antigo GATT, Acordo Geral de Tarifas e Comércio, com o propósito de universalizar as normas reguladoras do comércio a partir das novas condições geradas pelo processo de globalização da economia mundial. Atualmente, o comércio internacional está baseado na relação da produção, consumo, logística e na margem de lucro.
Um dos maiores entraves ao comércio internacional são os subsídios que os países mais desenvolvidos concedem aos seus agricultores e as indústrias, com as barreiras de proteção tarifárias que dificultam o acesso de produtos dos países menos desenvolvidos aos seus mercados. Até agora, o órgão que regula o comércio internacional, a OMC, Organização Mundial do Comércio, pouco tem feito para resolver o problema.
O principal problema da Rodada Doha, ou seja, do comércio mundial, é a preocupação de cada país nos efeitos de uma política liberalizante que supostamente traria desemprego em países que não estão aptos a concorrer de forma igual. Se as nações em desenvolvimento como Brasil, México e Índia querem que a União Europeia, e os Estados Unidos da América, diminuam os subsídios como os incentivos oferecidos pelo governo aos produtores, proporcionando a redução dos custos de produção, os países mais desenvolvidos querem, em troca, a abertura aos produtos industrializados europeus e americanos nesses países.
A rodada Doha das negociações da OMC visa diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento. As conversações centram-se na separação entre os países mais desenvolvidos, e os países menos desenvolvidos, representados pelo G-20. Os subsídios agrícolas, minério de ferro e aço são os principais tema de controvérsia nas negociações.