A atual situação destas áreas é a seguinte: Gaza e Cisjordânia foram territórios negociados na década de 1990. Pelos acordos de Olso e Camp David, Israel deveria devolver estes territórios, enquanto a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se comprometia a renunciar a violência e controlar os movimentos terroristas na região. A incapacidade da OLP em acabar com os ataques suicidas promovidos por grupos radicais islâmicos, tais como o Jihad, o Hezbollah e o Hamas, que não aceitam o diálogo com Israel, leva o Estado israelense a se recusar a cumprir sua parte no acordo. A Península do Sinai foi a única região devolvida aos árabes. Pelo acordo de Camp David de 1979, o presidente do Egito Anwar Al Sadat renunciava ao emprego da violência contra os judeus e reconhecia o direito de Israel de existir como Estado. Sadat, entretanto, seria assassinado por membros de sua própria guarda militar em 1981. As Colinas de Golã constituem as únicas regiões que Israel se mostra intransigente em negociar.
A política israelense de promover colonização nos territórios ocupados complicou ainda mais a situação, pois os colonos judeus que estabeleceram assentamentos em territórios árabes ocupados não aceitam negociar com os árabes a devolução destas regiões.
Em outubro de 1973, ocorreu a Guerra do Yom Kippur, na qual os países árabes tentaram mais uma vez destruir Israel através de uma ação militar coordenada. Novamente Israel repeliu o ataque. Após a guerra, os países árabes exportadores de petróleo alteraram a estratégia contra Israel. O petróleo passaria a ser empregado como arma de guerra. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduziu a oferta de petróleo em 10% no mercado mundial, o suficiente para o preço do barril saltar de cerca de US$ 4,00 para US$ 12,00. O objetivo dos países árabes era pressionar o maior aliado do colonialismo israelense na região: os Estados Unidos. O resultado deste primeiro choque do petróleo foi desastroso para as economias ocidentais, porém, pressionou de fato o governo americano a iniciar uma postura de árbitro nos conflitos do Oriente Médio.
Na Conferência de Rabat de 1974, no Marrocos, a OLP recebeu, por parte dos países árabes, o status de governo no exílio, procurando o exercício diplomático como meio de garantir a criação da República Árabe da Palestina. Israel alternou governos e primeiros-ministros durante estas cinco décadas, entretanto, a despeito da diferença nominal e ideológica de Ehud Barak, considerado um moderado ao lado de Benjamin Netanyahu, pouca distinção se faz presente quando a questão é o nevrálgico tratamento da questão da Palestina.
Em fevereiro de 1979, ocorreu a Revolução Islâmica do Irã, na qual a Monarquia do xá Reza Pahlevi foi destituída pelo clero muçulmano xiita, que empreendeu uma série de reformas sociais baseadas no estudo do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. O Aiatolá Komeini, líder espiritual dos xiitas, proclamou a República Islâmica do Irã e condenou os Estados Unidos como o “grande satã” do mundo. Nos oito anos seguintes, Komeini enfrentaria o Iraque de Saddam Hussein, então aliado dos norte-americanos, em uma guerra que seria consequência direta da Revolução Islâmica e do segundo choque do petróleo de 1979. Em 1990, finda a guerra entre Irã e Iraque, Saddam Hussein apresentaria as contas da guerra ao governo norte-americano, o qual se recusou a financiar qualquer projeto de reconstrução do país, levando o ditador iraquiano a invadir o pequeno Kwait como forma de tentar tornar Bagdá uma potência petrolífera regional. Os Estados Unidos, contudo, com o apoio da ONU, promoveria a Operação Tempestade no Deserto, expulsando o ditador iraquiano do pequeno país vizinho e mantendo Hussein sob vigilância até que seu regime foi derrubado e ele próprio preso em dezembro de 2003.
Em 1982, Israel promoveu ainda uma nova ocupação militar, desta vez contra o sul do Líbano, alegando que aquela região era utilizada por grupos terroristas para promover ataques militares contra seu próprio território. A intervenção israelense desestabilizou o equilíbrio de forças do Líbano, até então chamado de “Suíça do Oriente Médio”, e provocou uma sangrenta guerra civil entre grupos políticos e religiosos no país.
As propostas de paz de Oslo de 1993 estão longe de serem concretizadas: o regime de autonomia palestina limitada em parte da Faixa de Gaza e da Cisjordânia não tem garantido a diminuição das tensões entre árabes e israelenses. Isso não quer dizer que a diplomacia de trocar “terras por paz” seja um equívoco. Muito pelo contrário: são os radicais de ambos os lados, contrários aos processos de paz, que fomentam violentas ações terroristas e discursos inflamados. Não podemos esquecer que grupos terroristas islâmicos, tais como Hamas, Hezbollah e Jihad, e a direita de Israel, consubstanciada no Likud, são obstáculos quase que intransponíveis quanto os mais de 50 anos de hostilidades entre Israel e seus vizinhos. O assassinato de Yitzhak Rabin em novembro de 1995, por um extremista israelense, ilustra o quanto se aproxima do improvável uma paz duradoura.
Devido a este traumático processo histórico, o mais otimista observador das relações entre árabes e israelenses pode, quando muito, esperar uma tolerância hostil entre as duas nações.